Putin diz que não há “nada incomum” em exercícios militares com armas nucleares
"Não há nada de incomum aqui, este é um trabalho planejado. É treinamento", disse o presidente russo, informou a agência de notícias estatal TASS
O presidente russo, Vladimir Putin, disse, nesta quinta-feira (9), que não há nada de incomum em um exercício militar planejado envolvendo armas nucleares táticas no sul da Rússia, em conjunto com a aliada Bielorrússia.
A Rússia disse na segunda-feira que praticaria o destacamento de armas nucleares táticas como parte de um exercício militar, depois do que Moscou disse serem ameaças da França, Reino Unido e Estados Unidos.
“Não há nada de incomum aqui, este é um trabalho planejado”, disse Putin, informou a agência de notícias estatal TASS. “É treinamento.”
O Ministério da Defesa da Rússia, no seu anúncio de segunda-feira, associou explicitamente o exercício nuclear a “declarações provocativas e ameaças de certos responsáveis ocidentais contra a Federação Russa”.
Putin disse no ano passado que Moscou transferiu algumas armas nucleares táticas para a Bielorrússia, o primeiro movimento russo de tais ogivas para fora da Rússia desde a queda da União Soviética em 1991.
Putin disse ter sugerido à Bielorrússia que participasse numa das partes do exercício nuclear anunciado na segunda-feira.
“Nós os realizamos regularmente”, disse Putin . “Desta vez serão realizadas em três fases. Na segunda fase, os colegas bielorrussos vão se juntar às nossas ações conjuntas.”
O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, falando ao lado de Putin, disse que este foi o terceiro exercício de treinamento desse tipo.
“Provavelmente havia dezenas na Rússia, então sincronizamos. E os estados-maiores, como o ministro da Defesa russo me disse, já começaram a executar essas instruções”, disse Lukashenko.
A Rússia e os Estados Unidos são de longe as maiores potências nucleares do mundo, detendo mais de 10.600 das 12.100 ogivas nucleares existentes no mundo.
A China possui o terceiro maior arsenal nuclear, seguida pela França e pelo Reino Unido.
A Rússia possui cerca de 1.558 ogivas nucleares não estratégicas, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos, embora haja incerteza sobre os números exatos para tais armas devido à falta de transparência.
Ainda há muita incerteza entre os especialistas em controlo de armas sobre as armas que a Rússia forneceu à Bielorrússia e a natureza do seu armazenamento.
Normalmente, levaria algum tempo para criar o armazenamento, a segurança e os quartéis para tal implantação – e as armas nucleares russas são controladas pela 12ª Direção Principal do Ministério da Defesa russo (conhecida como 12ª GUMO).
Não está claro se o 12º GUMO está na Bielorrússia, segundo especialistas ocidentais.
Nenhuma potência utilizou armas nucleares na guerra desde que os Estados Unidos desencadearam os primeiros ataques com bombas atómicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.
O Pentágono disse na segunda-feira que não viu uma mudança na disposição da Rússia em relação às suas forças nucleares estratégicas, apesar do que chamou de “retórica irresponsável” de Moscou detalhando planos para exercícios envolvendo a implantação de armas nucleares não estratégicas.