Putin criou crise alimentar global com guerra, diz vice-secretária de Estado dos EUA
Cerca de 30% do trigo do mundo, 20% do milho e 75% das exportações de óleo de girassol vêm da região do Mar Negro, disse Wendy Sherman
![Refugiados e voluntários locais descarregando ajuda vinda da Romênia Refugiados e voluntários locais descarregando ajuda vinda da Romênia](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2022/03/220313104836-01-solotvyno-refugees-hruby-exlarge-169.jpg?w=780&h=438&crop=1)
A vice-secretária de Estado Wendy Sherman acusou, nesta terça-feira (29), que a guerra da Rússia na Ucrânia criou uma escassez crítica de alimentos na Ucrânia, com os efeitos de uma “crise alimentar global” sentida em todo o mundo.
Em uma reunião das Nações Unidas realizada na terça-feira sobre o impacto da guerra da Rússia na segurança alimentar global, Sherman disse que a Rússia bombardeou pelo menos três navios civis que transportavam mercadorias para fora do Mar Negro.
Ela acrescentou que a Marinha Russa está bloqueando o acesso aos portos da Ucrânia, cortando a capacidade do país de exportar grãos e impedindo que cerca de 94 navios com alimentos cheguem ao Mar Mediterrâneo.
Sherman argumentou que as alegações da Rússia de que as sanções dos EUA e seus aliados estão elevando os custos dos alimentos em todo o mundo ignoram o fato de que a Rússia impediu que as exportações de grãos da Ucrânia chegassem ao resto do mundo.
“Enquanto Putin continuar sua guerra, enquanto as forças russas continuarem a bombardear cidades ucranianas e bloquear comboios de ajuda, enquanto civis sitiados não conseguirem chegar em segurança, esta crise humanitária só vai piorar”, disse Sherman. “Vladimir Putin começou esta guerra. Ele criou esta crise alimentar global. E é ele quem pode pará-la.”
As alegações do Departamento de Estado na reunião da ONU de terça-feira ocorrem quando os EUA acusam formalmente as forças russas de cometer crimes de guerra na Ucrânia, incluindo o ataque a civis.
- 1 de 10
Após o presidente Vladimir Putin fazer um pronunciamento autorizando uma "operação militar especial" na Ucrânia, primeiras explosões foram registradas na capital Kiev na quinta-feira, 24 de fevereiro
Crédito: Gabinete do Presidente da Ucrânia - 2 de 10
Um comboio de tropas russas com quilômetros de extensão se desloca na Ucrânia, em direção à Kiev. Na última semana, autoridades britânicas afirmaram que a longa fila de veículos militares estaria parada
Crédito: Maxar - 3 de 10
Desde o início da guerra, pelo menos 3,3 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, segundo dados da ONU. Cerca de 6,5 milhões se deslocaram dentro do território ucraniano
Crédito: Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images - 4 de 10
Milhares de pessoas foram presas em protestos antiguerra na Rússia ao longo dos dias de guerra na Ucrânia
Crédito: Anadolu Agency via Getty Images (27.fev.2022) - 5 de 10
Um fluxo de pessoas que passava por um posto de controle tentando deixar a cidade de Irpin, no dia 6 de março, foi atingido por um ataque de projéteis. Três pessoas foram mortas, disseram autoridades ucranianas, incluindo duas crianças.
Crédito: Carlo Allegri/Reuters (07.mar.2022) - 6 de 10
Em 4 de março, um tiroteio entre forças russas e ucranianas causaram um incêndio no complexo onde fica localizada a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior desse tipo em toda a Europa. Os confrontos não chegaram a atingir os prédios de atividade nuclear
Crédito: Reprodução - 7 de 10
No dia 9 de março, a Ucrânia acusou a Rússia de bombardear um hospital infantil e maternidade na cidade de Mariupol. Pelo menos uma gestante e seu bebê não resistiram aos ferimentos causados pelo ataque
Crédito: Reuters - 8 de 10
Marina Ovsyannikova, editora de TV russa, chamou a atenção de todo o mundo após um protesto antiguerra ao vivo em um canal estatal. Depois da manifestação, Marina foi levada pela polícia e teria sido submetida à 14 horas de interrogatório
Crédito: Russia Channel 1/Reprodução (14.mar.2022) - 9 de 10
Na quarta-feira, 16 de março, um teatro usado como abrigo em Mariupol foi atingido por um suposto ataque aéreo russo, segundo a Ucrânia. Imagens de satélite mostraram a palavra "crianças" escrita nos dois lados de edifício
Crédito: Maxar Technologies - 10 de 10
Ataque a shopping center no distrito de Podilsky, em Kiev, deixou ao menos oito mortos. Destroços e escombros foram capturados do lado de fora
Crédito: Ceng Shou Yi/NurPhoto via Getty Images (20.mar.2022)
Sherman disse que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação estimou que cerca de 13 milhões de pessoas em todo o mundo “podem ser empurradas para a insegurança alimentar como resultado da invasão da Ucrânia pela Rússia”.
Observando que tanto a Ucrânia quanto a Rússia são grandes produtores agrícolas, Sherman disse que cerca de 30% do trigo do mundo, 20% do milho e 75% das exportações de óleo de girassol vêm da região do Mar Negro.
O Programa Mundial de Alimentos alertou que 45% das pessoas na Ucrânia estão preocupadas em ter o suficiente para comer, disse Sherman. Ela apontou especificamente para os ataques à cidade portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia, dizendo que a população de lá ficou sem comida, água, calor e eletricidade, e as pessoas “recorreram ao derretimento da neve para beber água”.
“Uma mãe disse aos repórteres que ela poderia alimentar suas três filhas com apenas uma colher de mel por dia enquanto elas se escondiam das bombas russas. Agora, as autoridades da cidade dizem que as pessoas estão começando a morrer de fome”, disse Sherman.
“Cinco semanas atrás, Mariupol estava em paz. Era, de fato, uma movimentada cidade portuária, exportadora de grãos que ajudava a alimentar o mundo. Hoje, seus moradores estão morrendo por causa da guerra de escolha do presidente Putin.”