Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Putin busca acalmar Azerbaijão e Armênia após 50 mortes em confrontos

    "O presidente está naturalmente fazendo todos os esforços para ajudar a diminuir as tensões na fronteira", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov

    Soldado armênio dispara contra forças do Azerbaijão durante confronto.
    Soldado armênio dispara contra forças do Azerbaijão durante confronto. Ministério da Defesa da Armênia/Reuters

    Gabrielle Tetrault-Farberda Reuters

    Tiblissi

    Pelo menos 50 soldados armênios e um número não revelado de azeris (azerbaijanos) foram mortos nesta terça-feira (13) no confronto mais mortífero entre o Azerbaijão e a Armênia desde a guerra de 2020, levando o presidente russo, Vladimir Putin, a pedir calma.

    Armênia e Azerbaijão culparam um ao outro pelos novos combates que começaram durante a noite em vários pontos ao longo de sua fronteira, levantando temores de outro grande conflito na ex-União Soviética enquanto os militares da Rússia estão presos na Ucrânia.

    A Rússia tem tropas de paz na zona de conflito azeri-armênia como garantia de um acordo que encerrou uma guerra de seis semanas pelo disputado enclave de Nagorno-Karabakh, o Alto Carabaque, há dois anos.

    Yerevan, capital da Armênia, disse que o Azerbaijão bombardeou cidades perto da fronteira, incluindo Jermuk, Goris e Kapan, forçando-o a responder. Baku, capital do Azerbaijão, disse que unidades de sabotagem armênias tentaram minar posições azeris e começaram o tiroteio.

    A Reuters não conseguiu verificar imediatamente as contas do campo de batalha de nenhum dos lados.

    “É difícil superestimar o papel da Federação Russa, o papel de Putin pessoalmente”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres. “O presidente está naturalmente fazendo todos os esforços para ajudar a diminuir as tensões na fronteira.”

    Ucrânia e Cáucaso

    A guerra da Rússia na Ucrânia minou seu status como garantidor de segurança na região, deixando espaço para o Azerbaijão fazer mais reivindicações, de acordo com Laurence Broers, membro associado do programa Rússia e Eurásia da Chatham House.

    O Azerbaijão, que está ligado política e culturalmente à Turquia, obteve ganhos territoriais significativos em 2020, recuperando terras que havia perdido para armênios étnicos em uma guerra anterior em Nagorno-Karabakh 30 anos antes.

    “Desde fevereiro, também vimos o colapso da reputação da Rússia como patrono da segurança e provedor de segurança na região”, disse Broers. “Isso criou uma janela de oportunidade para o Azerbaijão, lembrando que o resultado da segunda guerra em 2020 deixou negócios inacabados.”

    A Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês), uma aliança militar liderada pela Rússia de ex-estados soviéticos que inclui a Armênia, mas não o Azerbaijão, se reuniu na terça-feira (13) para discutir a situação.

    A Turquia reiterou seu apoio ao seu aliado, com o ministro da Defesa Hulusi Akar citado por seu ministério dizendo que a Turquia “continuará a apoiá-lo (Azerbaijão) em suas causas justas”.

    “A responsabilidade pela provocação, confrontos e perdas é da liderança político-militar da Armênia”, disse o Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão. “Quaisquer ações contra a integridade territorial e a soberania da República do Azerbaijão serão fortemente impedidas.”

    Combate de fronteira

    O primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan acusou o Azerbaijão de atacar cidades armênias porque não queria negociar o status de Nagorno-Karabakh, um enclave que fica dentro do Azerbaijão, mas habitado principalmente por armênios étnicos.

    Ele disse que a intensidade das hostilidades diminuiu, mas os ataques do Azerbaijão continuaram.

    O Azerbaijão, que acusou a Armênia de realizar atividades de inteligência ao longo da fronteira e transportar armas, disse que suas posições militares foram atacadas pela Armênia. Ele disse que sofreu perdas, mas não divulgou o número de vítimas.

    A mídia do Azerbaijão informou que um acordo de cessar-fogo foi quebrado quase imediatamente após ser aplicado na terça-feira (13).

    Tanto a Rússia quanto os Estados Unidos, em desacordo sobre a guerra na Ucrânia, pediram a Baku e Yerevan que observassem moderação.

    “Como deixamos claro há muito tempo, não pode haver solução militar para o conflito”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em comunicado. “Pedimos o fim de qualquer hostilidade militar imediatamente.”

    O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse em comunicado que o conflito entre a Armênia e o Azerbaijão “deve ser resolvido exclusivamente por meios políticos e diplomáticos”.

    Os ministros da Defesa da Armênia e da Rússia falaram na manhã de terça-feira (13) e concordaram em tomar medidas para estabilizar a situação na fronteira. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, conversou com seu colega azeri Jeyhun Bayramov e pediu que a Armênia “cesse suas provocações”.

    Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, também instou os lados a diminuir a escalada. Michel se encontrou com Pashinyan e o presidente do Azerbaijão Ilham Aliyev no mês passado em Bruxelas para conversas sobre a normalização dos laços entre os países, questões humanitárias e a perspectiva de um tratado de paz sobre Nagorno-Karabakh.

    O representante especial da UE, Toivo Klaar, deve viajar para os dois países para apoiar os esforços para conter a violência.

    A França vai trazer à tona os confrontos entre Armênia e Azerbaijão no Conselho de Segurança da ONU, disse o gabinete do presidente Emmanuel Macron, acrescentando que Macron continua pedindo que ambos os lados mantenham um cessar-fogo.