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    Punições aos atos do 8 de janeiro reforçam paralelo com a invasão do Capitólio

    Assim como no Brasil, autoridades americanas continuam prendendo responsáveis e organizadores da invasão do Congresso americano, ocorrida dois anos antes dos atos antidemocráticos e criminosos em Brasília

    Américo Martinsda CNN , Em Londres

    As investigações, prisões e punições aos responsáveis pelos atos antidemocráticos e criminosos do dia 8 de janeiro de 2023 reforçam os inevitáveis paralelos com a vergonhosa invasão do Capitólio ocorrida dois anos antes, no dia 6 de janeiro de 2021, em Washington.

    Assim como as autoridades brasileiras, a Procuradoria dos Estados Unidos e o FBI (Federal Bureau of Investigations) continuam procurando e prendendo extremistas e radicais responsáveis pela invasão do Congresso do país, o pior ataque já registrado contra a democracia americana.

    Na última sexta-feira (5), o procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, fez um balanço das operações contra os extremistas apoiadores do ex-presidente Donald Trump, que não aceitaram a sua derrota nas urnas e apelaram para a violência.

    Segundo o procurador, as autoridades americanas ainda estão tentando identificar mais de 80 pessoas procuradas por atos de violência no Capitólio e querem descobrir quem colocou bombas caseiras na frente dos comitês dos partidos Republicano e Democrata um dia antes dos ataques.

    Também como no Brasil, as autoridades americanas prometem punir com a força da lei os financiadores e autoridades responsáveis, através de seus atos ou omissões, por encorajar a violência em Washington.

    “O Departamento de Justiça vai punir todos os responsáveis (pelos ataques) do dia 6 de janeiro, em qualquer nível, perante a lei, quer estivessem presentes naquele dia ou sejam criminalmente responsáveis pelo ataque à nossa democracia”, disse Garland.

    O próprio Trump será julgado também pelo seu papel na conspiração contra a democracia do país.

    O ex-presidente foi acusado de obstrução de um processo oficial e de três outras acusações decorrentes da sua resistência à transferência pacífica do poder após perder as eleições de 2020. Ele nega acusações e alega que tinha imunidade presidencial na época dos incidentes. Um tribunal federal de apelações vai analisar esse argumento na terça-feira (9).

    Trump promete vingança contra as autoridades que estão processando seus apoiadores e tenta minimizar o absurdo ataque contra a democracia americana, num outro paralelo com a posição juridicamente insustentável de vários políticos conservadores brasileiros.

    Duras penas

    Outra semelhança entre os casos do Capitólio e o 8 de janeiro é o alto número de pessoas responsabilizadas pelos crimes e também as duras penas aplicadas.

    Segundo a procuradoria americana, mais de 1.230 pessoas foram acusadas de crimes federais, que vão desde contravenções, como invasão de propriedade, até crimes como agressão a policiais e conspiração contra a democracia.

    Cerca de 750 pessoas foram condenadas a penas de prisão que variam de alguns dias de detenção a até 22 anos de prisão. Entre os condenados estão membros de grupos de extrema direita, ex-policiais e pelo menos um fuzileiro naval americano em serviço ativo.

    O ex-presidente nacional do grupo fascista e misógino Proud Boys, Enrique Tarrio, levou a maior sentença: foi condenado a 22 anos de cadeia por conspiração contra a democracia.

    O exemplo de Tarrio mostra a maior simetria entre os dois países: tanto as autoridades judiciais americanas como as brasileiras entendem, corretamente, que a adoção de penas duras é absolutamente fundamental para a preservação da democracia.

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