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    PT rechaça vínculo com Hamas e acusa ‘oportunismo’, mas vive dilema sobre conflito

    Parlamentares petistas e de outros partidos de esquerda estão entre os signatários de um manifesto de 2021, contrário à classificação do grupo como terrorista

    Clarissa OliveiraPedro Venceslauda CNN , em São Paulo

    O alto comando do PT e alguns dos principais líderes da legenda passaram a manhã desta terça-feira empenhados em rechaçar a associação da sigla com os ataques do Hamas contra Israel, que deflagraram a escalada do conflito no último fim de semana. O estopim da crise foi um manifesto, datado de 2021, no qual diversos integrantes da legenda e de outros setores da esquerda se posicionaram contra a classificação do Hamas como organização terrorista.

    O documento marcava posição contra a proposta feita à época pela ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel. Uma versão do documento, disseminada nesta terça-feira, citava apenas deputados petistas que endossaram o texto, entre eles os hoje ministros de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e da Secom, Paulo Pimenta, e o líder da legenda, Zeca Dirceu. Outra versão contemplava dezenas de políticos de esquerda, acadêmicos e entidades. Entre os políticos, havia também diversos parlamentares do PSOL e do PCdoB.

    O texto, intitulado “Resistência não é terrorismo!” condena a classificação do Hamas como terrorista. “A resistência é um legítimo direito dos palestinos contra a ocupação e as reiteradas violações dos direitos humanos, bem como os crimes de guerra”, afirma o documento.

    Pela manhã, gabinetes de petistas citados foram inclusive mobilizados, para recuperar o manifesto, verificar a veracidade e conferir as condições em que o texto foi assinado. Procurados, petistas como Paulo Pimenta e Zeca Dirceu não responderam aos apedidos da CNN. O ministro Alexandre Padilha foi às redes sociais, onde classificou a informação como “fake news”. De acordo com ele, o texto, atribuído à Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade Aos Povos e Luta Pela Paz), veio no contexto da pandemia, em que havia grande vulnerabilidade de populações em zonas de conflito.

    “Naquele momento, estávamos em uma fase aguda da pandemia, que era ainda mais letal para populações mais vulneráveis, como as que vivem em áreas de conflito no Oriente Médio. Assinei esse documento, naquele contexto, porque aumentar o tensionamento com organizações da região tornaria ainda mais difícil garantir ações de cuidado pelos governos locais ou obter ajuda internacional para àquelas localidades, de modo a assegurar cuidados de saúde e água a milhões de inocentes que ali vivem”, escreveu Padilha, reiterando o repúdio aos “atos terroristas praticados nessa semana”.

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    Divergências internas

    Apesar das manifestações, líderes petistas ouvidos sob reserva pela CNN admitem que o assunto acirrou as tensões dentro da legenda. Setores da sigla mais à esquerda cobram do governo brasileiro uma posição mais incisiva em defesa do povo palestino. Há consenso de que o partido deve condenar os ataques violentos contra civis praticados desde o fim de semana. Mas alguns setores condenam, inclusive, o fato de a nota assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim de semana falar em terrorismo ao se referir aos ataques.

    Muitos líderes do PT preferiram silenciar diante da polêmica provocada pelo manifesto. Em reservado, fontes ouvidas pela CNN se queixaram de “oportunismo” de adversários e da tentativa “criminalizar” o PT. Em mensagem à CNN, o secretário de Relações Internacionais da legenda, Romênio Pereira, apenas afirmou: “Não tem nenhuma articulação do PT com eles (Hamas)!”.

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