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    Protestos em Cuba têm relação direta com a pandemia, diz especialista

    Coordenador do curso de Relações Internacionais, Felipe Loureiro, afirma que postura confrontacionista dos EUA dificulta reformas democráticas na ilha

    Produzido por Thiago Felix, da CNN São Paulo

    Cuba vive a maior onda de protestos nas ruas, desde 1994. Em entrevista à CNN, o professor e coordenador do curso de Relações Internacionais da USP, Felipe Loureiro, avaliou que os atos têm ligação direta com a Covid-19

    Loureiro diz que, desde o fim da União Soviética e da Guerra Fria, a ilha ficou cada vez mais dependente do turismo. “E a pandemia, no ano passado, teve um efeito desastroso para o setor, o que afetou diversos outros setores da economia cubana”.

    A pandemia de Covid-19 é vista como a questão fundamental, mas o professor também destaca as sanções econômicas impostas pelo governo norte-americano à Cuba. “O ex-presidente Barack Obama tinha relaxado várias questões do embargo, e o ex-presidente Trump recolocou-as. Isso é outro fator importante para entender o contexto socioeconômico de Cuba.”

    Loureiro destaca que, diferentemente do que era esperado, Joe Biden, que foi vice de Obama, ao se tornar presidente em 2021, manteve as sanções do republicano. “Imaginava-se que o governo Biden fosse retornar a uma estratégia tal como foi feita pelo governo Obama, de iniciar um engajamento e uma normalização entre os dois países.”

    Na análise de Felipe Loureiro, o confrontacionismo dos Estados Unidos, hoje, continua prejudicando uma possível reforma democrática no sistema político cubano. Segundo ele, a gestão Obama, ao flexibilizar os embargos economicos e garantir mais acesso à população, apostava que, gradativamente, iria construir um espaço para a sociedade civil cubana pressionar o governo a ampliar as liberdades democráticas no país.

    No entanto, ao persistir em uma postura confrontacionista, os Estados Unidos “acabam fortalecendo um discurso anti-imperialista do regime cubano, endurecendo o regime e, evidentemente, dificultando reformas democráticas na Ilha”, conclui o professor.

    Manifestantes gritam slogans contra o governo cubano durante protesto em Havana
    Manifestantes gritam slogans contra o governo cubano durante protesto em Havana
    Foto: REUTERS/Alexandre Meneghini