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    Protestos contra morte de adolescentes se espalham por toda a França

    Em Paris, confrontos entre manifestantes e a polícia voltou a ocorrer; mais de 40 mil policiais serão destacados para conter as ações 

    Da Reuters , Paris

    As manifestações contra o assassinato de um adolescente por um policial se estenderam para todo o país, com protestos violentos em várias cidades, sobretudo na capital Paris.

    Jovens entraram em confronto com a tropa de choque à margem de uma marcha realizada nesta quinta-feira (29) em homenagem a um jovem de 17 anos morto a tiros pela polícia no início desta semana no subúrbio parisiense de Nanterre.

    A tropa de choque disparou gás lacrimogêneo contra os jovens que se reuniram para a marcha, realizada em memória do adolescente identificado por seu primeiro nome, Nahel.

    Nahel foi morto a tiros durante uma parada de trânsito, e a raiva do público pelo incidente levou a tumultos em toda a França nesta semana.

    O incidente desencadeou protestos violentos em vários subúrbios de Paris na noite de terça-feira, durante os quais 24 policiais ficaram feridos e 40 carros foram incendiados, disseram autoridades francesas.

    Separadamente, a chefe da região de Ile-de-France, Valerie Pecresse, disse no Twitter que não haverá transporte de ônibus ou bonde depois das 20h do horário local (15h em Brasília) na região de Paris.

    A polícia fez 180 prisões durante a segunda noite de agitação, disse o ministro do Interior, Gerald Darmanin, enquanto a raiva do público se espalhava pelas ruas de vilas e cidades de todo o país.

    Reunião de governo

    O presidente Emmanuel Macron realizou uma reunião de crise com ministros seniores sobre o tiroteio, após a qual a primeira-ministra Elisabeth Borne rejeitou os apelos de alguns oponentes políticos para que o estado de emergência fosse declarado.

    Darmanin disse que 40 mil policiais seriam mobilizados na quinta-feira em todo o país – quase quatro vezes o número mobilizado no dia anterior – incluindo 5 mil na região de Paris em uma tentativa de conter os distúrbios.

    “A resposta do Estado deve ser extremamente firme”, disse Darmanin, falando da cidade de Mons-en-Baroeul, no norte, onde vários prédios municipais foram incendiados.

    O incidente alimentou queixas de longa data de violência policial e racismo sistêmico dentro das agências de aplicação da lei nos subúrbios de baixa renda e racialmente mistos que circundam as principais cidades da França. O tiroteio contra o jovem de 17 anos, identificado como Nahel, ocorreu em Nanterre, na periferia oeste de Paris. O promotor local disse que o policial envolvido foi colocado sob investigação formal por homicídio voluntário.

    De acordo com o sistema legal da França, ser colocado sob investigação formal é o mesmo que ser acusado nas jurisdições anglo-saxônicas. “O promotor público considera que as condições legais para o uso da arma não foram atendidas”, disse Pascal Prache, o promotor, em entrevista coletiva.

    Em uma marcha em Nanterre em memória de Nahel, os participantes protestaram contra o que consideravam uma cultura de impunidade policial e uma falha na reforma da aplicação da lei em um país que experimentou ondas de tumultos e protestos contra a conduta policial.

    Bombeiros trabalham em meio a carros incendiados durante confrontos entre manifestantes e policiais, em Paris, França / 28/06/2023 REUTERS/Stephanie Lecocq

    “Exigimos que o judiciário faça seu trabalho, caso contrário, faremos do nosso jeito”, disse um vizinho da família de Nahel à Reuters durante a marcha.

    Milhares lotaram as ruas. Em cima de um caminhão-plataforma, a mãe do adolescente acenou para a multidão vestindo uma camiseta branca onde se lia “Justiça para Nahel” com a data de sua morte abaixo.

    Um vídeo compartilhado nas redes sociais, verificado pela Reuters, mostra dois policiais ao lado de um carro Mercedes AMG, com um deles atirando no motorista adolescente à queima-roupa enquanto ele se afastava. Ele morreu pouco depois de seus ferimentos.

    O promotor de Nanterre disse que o policial que disparou o tiro disse aos investigadores que o fez para evitar que o adolescente fugisse após cometer várias infrações de trânsito e porque estava preocupado com sua segurança e a do público.

    O promotor de Nanterre disse que ele era conhecido da polícia por não cumprir ordens de parada de trânsito.

    Macron na quarta-feira disse que o tiroteio era imperdoável. Ao convocar sua reunião de emergência, ele também condenou a agitação.

    (Publicado por Fábio Mendes)

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