Príncipe William possui capacidade de renovar a monarquia, diz especialista
Mais jovem e com popularidade maior, filho de Charles III deverá enfrentar desafios diferentes dos do pai, que chega ao poder em meio a crises econômicas e políticas
Atual herdeiro do trono britânico, o príncipe William é a figura da família real com capacidade de renovar a monarquia, com chances de que seu pai, o rei Charles III, fique pouco tempo no poder, segundo a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faap Fernanda Magnotta.
Em entrevista à CNN neste sábado (10), ela lembrou que chegou a ser cogitado que Charles nem assumiria o trono com a morte de Elizabeth II, com ele renunciando em prol do filho.
Ela caracteriza William como “mais popular, jovem, e promete uma capacidade de renovação da monarquia britânica. Muita gente entendia que seria mais interessante do ponto de vista da longevidade desse modelo político, mas não foi o que aconteceu”.
Magnotta acredita, porém, que, “do ponto de vista do longo prazo, vai acabar sendo inevitável que William seja o rei daqui a alguns anos, e vai enfrentar um desafio diferente dos de Charles. A função do William vai ser então de reconstrução, com uma questão geracional para enfrentar”.
A professora afirma que o reinado de Charles III deve ser de transição, não apenas pela idade mais avançada com que ele chega ao trono, mas também “pela própria característica de popularidade, desafios que ele vai enfrentar”. A popularidade do novo rei é inferior à de Elizabeth II e de William, por exemplo.
“Eu agregaria a esse cenário de gestão de imagem, credibilidade, uma série de problemas reais”, diz Magnotta. Ela cita em especial os problemas econômicos no Reino Unido, ligados à saída da União Europeia, à pandemia e à guerra na Ucrânia. Atualmente, o país tem a maior inflação em 40 anos, de dois dígitos.
Há, ainda, uma instabilidade política, com quatro trocas de primeiros-ministros em seis anos, e desafios internacionais, em especial ligados à Comunidade de Nações, ex-colônias britânicas.
“A rainha era considerada uma força fundamental para manter a aliança internacional desses vários países em torno do seu legado, então agora muita gente discute se não vai haver uma grande debandada”, explica a professora.
“O rei Charles III poderia renunciar ao seu mandato, e na linha de sucessão o William seria o próximo. Ele não deu a entender isso em seu discurso, prometeu não só servir ao país mas fazer isso até o fim da sua vida, o que indica que ele não pretende renunciar”, destaca Magnotta.
Mesmo assim, ela afirma ser um exagero a hipótese de que a monarquia acabaria com a morte de Elizabeth II.
“Ela é uma força que gera coesão social no país, uma referência, liderança que aglutina uma série de lideranças políticas. Mas esse tipo de modelo repousa sobre uma série de tradições, aspectos identitários que vão além de personalismos. É importante considerar o perfil de quem está à frente no poder, mas a monarquia está muito enraizada nessa sociedade”.