Principal suspeito dos ataques terroristas a Paris, em 2015, vai a julgamento
Salah Abdeslam ajudou com aluguel de apartamentos e compra de armas para grupo que conduziu os ataques; outras 19 pessoas também serão julgadas
Salah Abdeslam, o único membro do grupo que atacou Paris, em 2015, a ser capturado vivo pela polícia, começa a ser julgado nesta quarta-feira (8) pelos ataques que mataram mais de uma centena e feriram mais de 1 mil pessoas na capital da França.
Vinte pessoas ao todo serão julgadas em Paris, suspeitas de envolvimento em um ataque terrorista em 13 de novembro de 2015, o ataque mais mortal já visto em tempos de paz na França, no qual 130 foram mortos.
Naquela noite, Paris foi atingida por vários ataques com armas e bombas: contra a casa de shows Bataclan, a seis bares e restaurantes e no perímetro do Stade de France , os arredores da capital francesa. O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelos ataques.
Abdeslam, de 31 anos, é o único sobrevivente do grupo suspeito de realizar os ataques. Preso desde que foi detido na Bélgica em 2016, o franco-marroquino pode ser condenado à prisão perpétua.
“Se ele recuou no último minuto, recusando-se a se detonar [sua bomba], não diminui seu papel nos ataques, que foi absolutamente crucial e decisivo para a organização do Estado Islâmico”, disse Etty Mansour, autor de “Convoyeur de la Mort” (“Transportador da Morte”, em tradução livre), livro que traça o perfil de Abdeslam através de testemunhos recolhidos da sua família e de sua ex-noiva.
Abdeslam serviu como membro crucial da logística do ataque, ajudando com o aluguel de apartamentos e a compra de armas para o grupo que conduziu os ataques. Ele também transportou os agressores que causaram as mortes no Stade de France, disse Mansour, que se recusou a mostrar o rosto por medo de ser identificado e visado pelos simpatizantes de Abdeslam.
Ao contrário de seu irmão Brahim, que detonou seu colete explosivo durante os ataques e é definido por sua força física, Abdeslam era conhecido por ser rápido e falante nas ruas de Molenbeek, onde morava e era dono de um bar antes dos ataques, disse Mansour.
Em 2018, Abdeslam também foi considerado culpado por um tribunal de Bruxelas de “tentativa de homicídio terrorista” por tentar matar um policial durante um tiroteio na capital belga em março de 2016. Ele foi condenado a 20 anos de prisão, juntamente com um co-acusado.
“A crueldade pode ter um rosto humano e, sem dúvida, esta foi sua forma mais diabólica”, disse Mansour sobre Abdeslam, acrescentando esperar que ele seja condenado durante o julgamento dos ataques de Paris.
Além de Abdeslam, 13 outros suspeitos, 10 dos quais também estão na prisão, estarão no tribunal, acusados de crimes que vão desde ajudar a fornecer armas ou carros aos agressores até a planejar, ou participar do ataque.
Outros seis, a maioria membros do Estado Islâmico, serão julgados in absentia por ajudar a organizar os ataques. Acredita-se que vários morreram desde 2015.