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    Principais cidades do mundo têm redução de até 60% na poluição do ar

    Reduções inéditas foram registradas em Nova Déli, na Índia, e em Seul, na Coreia do Sul, durante três semanas de isolamento; em São Paulo, poluição reduziu 32%

    Poluição do ar em Nova Déli, na Índia, reduziu 60% entre 23 de março e 13 de abril, durante isolamento contra o novo coronavírus
    Poluição do ar em Nova Déli, na Índia, reduziu 60% entre 23 de março e 13 de abril, durante isolamento contra o novo coronavírus Foto: Awar Nazir/ Getty Images, Sajjad Hussain/ AFP via Getty Images

    Helen Regan, da CNN

    Os bloqueios que restringem as viagens e o funcionamento da indústria, determinados para conter a pandemia novo coronavírus, resultaram em reduções, sem precedentes, na poluição do ar em todo o mundo, de acordo com uma nova análise.

    As principais cidades com altos índices de poluição do ar registraram reduções de material poluente em até 60% em relação ao ano anterior, durante um período de três semanas de paralisações.

    Pesquisadores da IQAir, multinacional de informações e tecnologia da qualidade do ar, estudaram dez grandes cidades do mundo que têm números relativamente altos de casos do novo coronavírus e medidas de bloqueio à COVID-19.

    O estudo comparou níveis de material particulado microscópico nocivo conhecido como MP 2,5. O poluente, com menos de 2,5 micrômetros (milionésimos de milímetro) de diâmetro, é considerado particularmente perigoso, pois pode se alojar de forma profunda nos pulmões e passar para outros órgãos e para a corrente sanguínea, causando sérios riscos à saúde.

    Sete das dez cidades estudadas, incluindo Nova Déli, Seul, Wuhan e Mumbai, observaram melhorias significativas na qualidade do ar. Aquelas com níveis, historicamente, mais altos de poluição por MP 2,5 testemunharam as quedas mais substanciais na poluição.

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    Os analistas escolheram o período de três semanas em que foram adotados os bloqueios mais estritos em cada cidade, ou os bloqueios mais longos, como em Wuhan, para coincidir com o número máximo de casos diários de coronavírus relatados. O anúncio do relatório foi propositalmente retardado para coincidir com o 50º aniversário do Dia da Terra, nesta quarta-feira (22), que este ano está focado na ação climática.

    A poluição do ar já é uma crise global de saúde pública, pois mata sete milhões de pessoas a cada ano, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). De acordo com os cientistas, reduzir as emissões globais de captura de calor é a melhor maneira de limpar nossos céus e evitar mortes relacionadas à poluição.

    Os autores do relatório afirmam, no entanto, esperar que a poluição do ar aumente novamente quando as economias retomarem o ritmo após o novo coronavírus. “Nessas circunstâncias extraordinárias podemos ver como as mudanças nas atividades de nossa sociedade têm um impacto importante no ambiente e no ar que respiramos”, disse Kelsey Duska, especialista em marketing da IQAir.

    Ar mais limpo em todo o mundo

    Nova Déli, a capital da Índia (que frequentemente encabeça as listas de cidades mais poluídas do mundo) teve uma redução de 60% nos níveis de MP 2,5 – de 23 de março a 13 de abril – em relação ao mesmo período de 2019.

    Tanto Nova Déli quanto o centro comercial do país, Mumbai, experimentaram a melhor qualidade do ar de 2020 no mês de março. Durante o período inicial de bloqueio de três semanas, o número de horas classificadas como “não saudáveis” em Nova Déli caiu de 68% em 2019 para 17% em 2020.

    Em 25 de março, a Índia colocou sua população inteira de 1,3 bilhão em confinamento, fechando fábricas, mercados, lojas e espaços religiosos, além de suspender a maioria dos serviços de transporte público. O maior bloqueio do mundo foi estendido até 3 de maio.

    A Índia é um dos países mais poluídos do planeta – seus habitantes são expostos a um nível de poluição do ar que excede em mais de 500%, em média, a meta da OMS para exposição anual a MP 2,5.

    Enquanto isso, a capital sul-coreana Seul registrou uma queda de 54% nos níveis de MP 2,5 de 26 de fevereiro a 18 de março em relação ao ano anterior.

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    A qualidade do ar da Coreia do Sul está entre as piores dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com alguns dos níveis mais altos de poluição por partículas. No ano passado, em março, o governo declarou a poluição do ar um “desastre social”.

    Em fevereiro, a Coreia do Sul teve um dos maiores surtos de coronavírus fora da China continental, mas testes agressivos e métodos de rastreamento de contatos colocaram os casos sob controle.

    Já a cidade chinesa de Wuhan, onde o vírus mortal foi identificado pela primeira vez, teve uma redução de 44% nos níveis de poluição do ar de 26 de fevereiro a 18 de março em relação ao mesmo período do ano passado.

    A cidade de 11 milhões de pessoas na província de Hubei, no centro da China, foi a primeira a impor um fechamento completo depois que as autoridades chinesas se esforçaram para conter a disseminação do coronavírus – um movimento então inédito à época.

    Após 76 dias, essas restrições começaram a ser suspensas em 8 de abril – um marco na luta da China contra a COVID-19, quando o país registrou quase zero novas infecções locais.

    Ao longo do bloqueio de dez semanas de Wuhan, a cidade experimentou sua qualidade de ar mais limpa já registrada nos meses de fevereiro e março. A concentração média de MP 2,5 caiu de 63,2 e 43,9 microgramas por metro cúbico em fevereiro e março de 2019, respectivamente, para 36,8 e 32,9 nos mesmos meses deste ano. A OMS classifica como inseguro qualquer índice acima de 25.

    Em outros lugares, grandes cidades tiveram ar mais limpo. Los Angeles viu sua maior extensão de dias de ar limpo já registrada, totalizando 18 dias de 7 a 28 de março. Os níveis de concentração de MP 2,5 caíram 31% em relação ao mesmo período do ano passado e 51% em relação à média dos quatro anos anteriores.

    Na Europa, Londres, Madri e Roma sofreram reduções em seu MP 2,5 em comparação com 2019 durante seus períodos de bloqueio.

    Chamado para acordos verdes

    Embora fechar de repente todas as fábricas e banir carros das ruas não seja uma solução sustentável para combater as mudanças climáticas, os pesquisadores do IQAir disseram que existem maneiras de preservar as condições do ar mais saudáveis.

    De acordo com Duska, entre elas, estão apoiar acordos ecológicos em pacotes de estímulo do governo, mudar para fontes sustentáveis de energia para geração de energia, limitar as compras de indivíduos para bens essenciais, optar por modos de transporte mais limpos – incluindo caminhadas e ciclismo – e incentivar uma economia compartilhada de bens.

    “Em nossa recuperação da pandemia, é importante nos esforçarmos para preservar o ambiente mais limpo, que protege nossa saúde de outro assassino invisível, a poluição do ar”, opinou. “Esperamos que a urgência em enfrentar essa pandemia global possa ser comparada ao tratamento da poluição do ar.”

    Com colaboração de Rebecca Wright, da CNN