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    Primeiro-ministro de Israel diz que Irã cruzou “todos os limites” nucleares

    Naftali Bennett pediu esforços internacionais para “impedir atividades nucleares”; Irã nega que esteja fazendo uma bomba

    Michelle NicholsMatt SpetalnickStephen Farrellda Reuters

    O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, afirmou nesta segunda-feira (27), durante discurso na Assembleia-Geral da ONU, que o Irã cruzou “todos os limites” em seu programa nuclear e prometeu que o governo israelense não permitiria que o Teerã, capital e principal cidade do país, adquira uma arma nuclear.

    Segundo Bennett, o Irã buscava dominar o Oriente Médio sob um “guarda-chuva nuclear” e pediu um esforço internacional mais coordenado para interromper as atividades nucleares iranianas.

    O Irã, no entanto, já negou por diversas vezes que esteja fazendo uma bomba. No discurso, o primeiro-ministro voltou a sugerir a possibilidade de Israel agir por conta própria contra o Irã, como dito em diversas ocasiões no passado.

    “O programa nuclear do Irã atingiu um divisor de águas, e também nossa tolerância. Palavras não impedem que as máquinas girem”, disse Bennett. “Israel não permitirá que o Irã adquira uma arma nuclear”.

    Bennett, que encerrou o mandato de 12 anos do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em junho deste ano, quer que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, endureça sua posição contra o Irã, considerado um inimigo regional de Israel.

    Ele se opõe aos esforços dos EUA para reviver o acordo nuclear com o Irã de 2015 que o antecessor de Biden, Donald Trump, abandonou em 2018. As negociações indiretas entre o Irã e os norte-americanos em Viena foram paralisadas enquanto Washington aguarda o próximo passo do novo presidente do Irã, Ebrahim Raisi.

    O discurso desta segunda-feira não causou uma resposta imediata do Irã, mas a fala do político de extrema-direita, no entanto, provocou uma reação furiosa dos palestinos após não mencionar o conflito de décadas entre Israel e Palestina. O primeiro-ministro israelense se opõe à criação de um Estado palestino.

    Conflito israelo-palestino

    Bennett não fez uma única menção direta aos palestinos em seus comentários, exceto para acusar o Irã de apoiar grupos militantes anti-Israel como o Hamas e a Jihad Islâmica.

    O primeiro-ministro, que está no topo de uma coalizão ideologicamente diversa, foi anteriormente o líder do principal movimento de colonos na Cisjordânia ocupada.

    “A omissão deliberada de uma referência à Palestina reflete seu medo dela e mais uma vez prova à comunidade internacional que ele não é e não será um parceiro dos palestinos no processo de paz e negociação”, disse o ministro das Relações Exteriores da Palestina, Riyad al-Maliki, à Reuters.

    Biden, em seu discurso na ONU na semana passada, declarou renovado apoio dos EUA a uma solução de dois Estados, depois que Trump se distanciou desse antigo princípio da política norte-americana, mas disse que Israel e os palestinos estavam muito longe de alcançá-lo.

    Os assessores de Biden estão cientes que a pressão dos EUA para a retomada das negociações de paz há muito adormecidas pode desestabilizar a frágil coalizão israelense.

    Dirigindo-se à Assembleia-Geral na sexta-feira (24), o presidente palestino Mahmoud Abbas acusou Israel de destruir a solução de dois estados com ações que ele disse que poderiam levar os palestinos a exigir direitos iguais dentro de um estado binacional compreendendo Israel, Cisjordânia e Gaza.

    Bennett se concentrou, em vez disso, nos acordos de normalização marcantes de Israel intermediados pela administração Trump no ano passado com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos. “Mais está por vir”, disse ele.

    Israel alardeava que suas novas relações diplomáticas ajudassem a forjar um ambiente seguro contra seu inimigo comum, o Irã. Autoridades palestinas disseram que se sentiram traídas por seus irmãos árabes por chegarem a acordos com Israel sem primeiro exigir progresso na criação de um Estado palestino.

    Discurso menos combativo na ONU

    Bennett adotou um tom menos combativo na ONU do que Netanyahu, que confiou muitas vezes em adereços para dramatizar suas acusações contra o Irã, uma abordagem que os críticos ridicularizaram como estratégias políticas.

    O primeiro-ministro, porém, foi tão inflexível quanto Netanyahu ao prometer fazer o que for necessário para evitar que o Irã construa uma arma nuclear.

    “O programa de armas nucleares do Irã está em um ponto crítico. Todos os limites foram cruzados, as inspeções ignoradas”, disse Bennett. “Eles estão escapando impunes. Se nos empenharmos nisso, se formos sérios sobre como pará-los, se usarmos nossa desenvoltura, podemos prevalecer”, concluiu.

    Em agosto, Biden disse a Bennett em conversas na Casa Branca que estava colocando a “diplomacia em primeiro lugar” com o Irã, mas se as negociações fracassassem, ele estaria preparado para recorrer a outras opções que não foram detalhadas.

    Bennett também mirou no presidente do Irã, Ebrahim Raisi, referindo-se a ele como o “açougueiro do Teerã” e acusando-o de abusos dos direitos humanos contra seu próprio povo ao longo dos anos. Raisi está sob sanções dos EUA por acusações de abusos aos direitos humanos quando era juiz.

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