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    Primeiro-ministro da Holanda deixará a política após dissolução da coalizão do governo

    Mark Rutte anunciou o colapso do governo holandês na sexta-feira (10) após impasse sobre imigração

    Bart H. MeijerAnthony Deutschda Reuters , Amsterdã

    O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, anunciou nesta segunda-feira (10) que não tentará a reeleição e deixará a política assim que o próximo governo tomar posse no país. Essa reviravolta política era impensável há poucos dias.

    “Nos últimos dias, houve muita especulação sobre o que me motiva. E a única resposta para isso é a Holanda”, disse ele. “Quando um novo gabinete tomar posse após as eleições, deixarei a política.”

    Rutte supervisionará um governo provisório até que uma nova coalizão seja formada, um processo que no fragmentado cenário político holandês levará meses.

    Na sexta-feira (7), Rutte anunciou a dissolução de sua quarta coalizão de governo devido a um impasse sobre a política de migração, mas disse estar interessado em manter o cargo porque tinha “a energia e as ideias” necessárias .

    No fim de semana, vários partidos descartaram a possibilidade de formar uma coalizão de poder com ele, e Rutte disse ao parlamento nesta segunda-feira que decidiu não tentar a reeleição quando os holandeses forem às urnas em novembro.

    A administração interina não pode decidir sobre novas políticas, deixando uma série de questões importantes, desde metas climáticas e agricultura até imigração, no limbo até 2024.

    Críticas aumentaram

    Em agosto passado, Rutte, 56, tornou-se o primeiro-ministro mais antigo da história holandesa — uma prova de sua resistência política e habilidades de sobrevivência aprimoradas ao longo de um mandato de 13 anos.

    Ele liderou o conservador Partido Popular pela Liberdade e Democracia (VVD) por 17 anos, mediante inúmeras crises e endurecimento da política de imigração, estimulado por uma ascensão de partidos de direita exigindo o fechamento das fronteiras do país.

    “Ele tem muita energia. Não sei como ele faz isso”, disse certa vez Geert Wilders, um rival político de longa data e líder do Partido da Liberdade anti-islâmico, sobre o primeiro-ministro. “Então, eu o elogio por ser um trabalhador muito esforçado.”

    Rutte foi apelidado de “Teflon Mark” por sua capacidade de sobreviver a arranhões políticos. Mas, nos últimos anos, ele enfrentou críticas crescentes por sua maneira de lidar com a política agrícola e as mudanças climáticas, bem como um escândalo de bem-estar social e uma crise no campo de gás de Groningen.

    Ele atribuiu a última tempestade política a “um choque de valores” no governo de coalizão de quatro partidos sobre a imigração. Partidos de coalizão menores insistiram que crianças e pais que buscam asilo na Holanda têm o direito de se reunir, enquanto seu VVD buscava restrições.

    “Melhor trabalho no mundo”

    Um número crescente de eleitores disse estar cansado da liderança de Rutte, mas não havia alternativa óbvia.

    O principal rival político do VVD nas eleições de outono será um partido de protesto de agricultores que abalou o cenário político e conquistou a maioria das cadeiras no Senado holandês após as eleições provinciais em março.

    Apesar de seus altos e baixos em casa, Rutte tem sido uma presença incansável no cenário político europeu. Entre os atuais líderes nacionais europeus, apenas o húngaro Viktor Orban está no cargo há mais tempo.

    Rutte, que não é casado, mora na mesma casa em Haia que comprou com amigos estudantes décadas atrás e pode ser visto caminhando ou pedalando para reuniões de gabinete ou visitas de Estado mastigando uma maçã.

    Ao longo de sua carreira política, ele continuou a dar aulas de estudos sociais em uma escola secundária em Haia e disse que gostaria de fazê-lo em tempo integral após deixar a política.

    Embora seja frequentemente indicado para cargos internacionais de alto nível na UE ou na OTAN, Rutte chamou o cargo de primeiro-ministro de “o melhor emprego do mundo” e nunca deu a entender que desejava deixar a política holandesa.

    “Sinto que estou chegando ao meio do caminho”, brincou ele aos jornalistas no ano passado.

    Com reportagem de Toby Sterling e edição de Lincoln Feast e Mark Heinrich

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