Presidente eleito do Irã diz que política externa não se limita a acordo nuclear
Ebrahim Raisi disse que não pretende se encontrar com presidente dos EUA, Joe Biden
O presidente eleito do Irã, Ebrahim Raisi, disse nesta segunda-feira (21) que a política externa do país não se limitará ao acordo nuclear com potências mundiais, na primeira coletiva de imprensa desde que venceu a eleição, realizada na última sexta-feira (18).
Raisi, de 60 anos, linha-dura e crítico estridente do Ocidente, assumirá o lugar do pragmático Hassan Rouhani em agosto, no momento em que o Irã tenta preservar o acordo nuclear fragilizado e se livrar das sanções impostas pelos Estados Unidos, que induzem uma retração econômica acentuada.
“Nossa política externa não será limitada ao acordo nuclear”, disse Raisi em Teerã. “Teremos interação com o mundo. Não ataremos os interesses do povo iraniano ao acordo nuclear.”
Tanto autoridades iranianas quanto ocidentais dizem que a ascensão de Raisi dificilmente alterará a postura de seu país nas conversas para ressuscitar o pacto – o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, tem a palavra final em todas as principais políticas.
Raisi também disse que os EUA violaram o acordo e que a União Europeia não cumpriu seus compromissos.
“Minha proposta séria ao governo dos EUA é que eles retornem ao acordo rapidamente. Ao fazer isso, eles provarão a sinceridade deles”, disse. “O povo iraniano não tem boas memórias do acordo nuclear”.
“Os americanos atropelaram o acordo nuclear e os europeus falharam ao cumprir o compromisso deles. Eu reitero aos EUA que, se estavam comprometidos a suspender as sanções, voltem e cumpram o compromisso”, declarou.
Negociações ocorrem em Viena desde abril para determinar como Irã e EUA podem voltar a obedecer o pacto. Raisi afirmou também que não pretende se encontrar com o presidente dos EUA, Joe Biden, e que o programa de mísseis balísticos do país “não está sob negociação”.
No acordo nuclear firmado em 2015, o Irã concordou em interromper o enriquecimento de urânio em troca da suspensão das sanções norte-americanas.
O ex-presidente Donald Trump abandonou o acordo em 2018 e reimpôs sanções duras ao regime. Em resposta, Teerã retomou algumas das atividades nucleares. Em abril, o país anunciou a intenção de enriquecer urânio em 60%, o que aproxima o país aos 90% necessários para uso em armamentos.
(*Com informações da Reuters e da CNN Internacional)