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    Presidente de Belarus diz que pediu duas vezes para chefe do Grupo Wagner tomar cuidado

    Comentários do líder belarusso ocorreram poucos dias depois de um avião que transportava Yevgeny Prigozhin ter sofrido um acidente

    Alex StambaughKatharina KrebsHeather Chenda CNN

    O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, disse que alertou duas vezes o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, para tomar cuidado com ameaças à sua vida.

    “A primeira vez foi quando telefonei para ele e as negociações [estavam ocorrendo] enquanto eles marchavam para Moscou”, explicou Lukashenko em entrevista coletiva divulgada pela agência de notícias estatal belarussa Belta na última sexta-feira (25).

    “Eu disse a ele: “Yevgeny, você entende que condenará seu povo e morrerá?” Ele tinha acabado de voltar da linha de frente. Num impulso ele disse: “Eu vou morrer então, droga!”

    Os comentários do líder belarusso ocorreram poucos dias depois de um avião que transportava Prigozhin ter caído num campo a noroeste de Moscou, a caminho de São Petersburgo.

    O acidente ocorreu dois meses depois do líder mercenário ter lançado um motim de curta duração contra a liderança militar da Rússia, representando um desafio sem precedentes à autoridade do presidente Vladimir Putin.

    Ainda não está claro o que causou o acidente, mas as autoridades de inteligência dos Estados Unidos e ocidentais com quem a CNN conversou acreditam que foi deliberado. As autoridades russas iniciaram uma investigação criminal.

    VÍDEO – Análise: Os efeitos do acidente de avião com Prigozhin para a política da Rússia

    O Kremlin negou na sexta-feira qualquer envolvimento na queda do avião e não foram apresentadas quaisquer provas que apontem para o envolvimento de Putin ou dos serviços de segurança russos.

    O presidente de Belarus disse que durante a segunda vez que conversou com Prigozhin, ele o advertiu “em termos inequívocos para assistir”.

    Lukashenko não informou quando a reunião ocorreu. Ele acrescentou que Dmitriy Utkin, outro líder do Grupo Wagner, acompanhou Prigozhin.

    Ainda segundo o líder de Belarus, foi sugerido a Prigozhin que pudesse conversar com Putin e “garantir segurança total” em seu país se estivesse preocupado com a sua integridade, informou Belta.

    “Eu disse: ‘Se você tem medo de alguma coisa, falarei com o presidente [Vladimir] Putin e iremos levá-lo para Belarus. Iremos lhe dar total segurança em Belarus.’ E crédito onde o crédito é devido, Yevgeny Prigozhin nunca me pediu para prestar atenção separadamente às questões de segurança”, expôs Lukashenko, segundo a agência.

    As autoridades russas ainda não confirmaram oficialmente a morte de Prigozhin, embora Putin tenha falado publicamente sobre ele no passado na quinta-feira (24).

    Prigozhin e Utkin estavam na lista de passageiros divulgada pela Agência Federal Russa de Transporte Aéreo. Tanto o Pentágono quanto o Ministério da Defesa do Reino Unido disseram que é provável que o líder do Grupo Wagner tenha sido morto na ocasião.

    O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citou que analises estão em andamento para determinar quem estava a bordo.

    VÍDEO – Quem é Prigozhin, apontado como um dos mortos em acidente de avião

    “Não consigo imaginar que seja Putin”

    Lukashenko expôs anteriormente que “não conseguia imaginar” que Putin estivesse por trás da aparente morte de Prigozhin.

    “Não posso dizer quem fez isso. Não vou nem me tornar advogado do meu irmão mais velho. Mas eu conheço Putin – ele é uma pessoa prudente, muito calma e lenta na tomada de decisões sobre outras questões menos complexas. Portanto, não posso imaginar que Putin tenha feito isso, que a culpa seja dele”, declarou. “Foi um trabalho muito difícil e pouco profissional, aliás”, acrescentou.

    De acordo com Belta, Lukashenko expressou que Prigozhin nunca lhe pediu garantias de segurança após a tentativa de motim há dois meses.

    “Não preciso garantir a segurança de Prigozhin. Isto é antes de tudo. Em segundo lugar, a conversa [entre Prigozhin e Lukashenko] nunca se centrou nisso”.

    Ele também manifestou que o Grupo Wagner “morará em Belarus”, acrescentando que “dentro de alguns dias todos estarão aqui”, referindo-se aos combatentes mercenários e ao acordo que ele fechou para hospedar a organização após o levante fracassado.

    “Até 10 mil pessoas”, informou. “Enquanto precisarmos desta unidade, eles viverão e trabalharão conosco.”

    Referindo-se a imagens de satélite que supostamente mostravam acampamentos para combatentes do Grupo Wagner sendo desmontados recentemente, Lukashenko disse: “Por que estamos removendo tendas extras, não precisamos de tantas delas. A base central continua aqui, alguém saiu de férias, alguém decidiu viver à margem, mas todos os telefones, endereços, senhas e aparências são conhecidos.”

    A morte de Prigozhin, no entanto, colocou em dúvida o futuro da entidade – tanto em Belarus como em outros lugares.

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