Presidente da Argentina pede mudanças no sistema financeiro global e critica FMI
Na ONU, Alberto Fernández disse que a reconstrução econômica e social deve andar "de mãos dadas" com o cuidado do planeta
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse nesta terça-feira (21) em um discurso gravado na 76ª Assembleia-Geral da ONU que é necessário reconfigurar o sistema financeiro global.
Segundo o líder do país vizinho ao Brasil, a medida seria para evitar “o risco de um colapso generalizado da dívida externa” nos países mais pobres.
“A América Latina e o Caribe destinam 57% de suas exportações para o pagamento da dívida externa. Devemos abordar o risco latente de um colapso generalizado da dívida externa nos países em desenvolvimento. Para isso, é fundamental reconfigurar a arquitetura financeira internacional”, afirmou o presidente.
Em sua fala, o argentino criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI) devido ao empréstimo concedido à Argentina durante o governo de Mauricio Macri.
Segundo Fernández, a dívida do país é equivalente ao dinheiro que o fundo destinou a 85 países na pandemia.
“A Argentina estava sujeita a uma dívida irresponsável de US$ 57 bilhões com o FMI. É equivalente a tudo o que o fundo alocou a 85 países em pandemia. Um deudicídio. Apoio a criação de um quadro multilateral para a reestruturação da dívida dos países de rendimento médio”.
Reconstrução econômica e clima “de mãos dadas”
O líder argentino disse que a reconstrução econômica e social deve andar “de mãos dadas” com o cuidado do planeta, diante de uma crise mundial do clima.
“Estamos trabalhando na transição para energia renovável, reduzindo as emissões de metano e erradicando o desmatamento ilegal. Nosso compromisso com o Acordo de Paris é total”, afirmou.
“A pandemia exacerbou a violência contra as mulheres e diversidades, migrantes, afrodescendentes, idosos, pessoas com deficiência e povos indígenas. Devemos construir sociedades mais justas, inclusivas e igualitárias”.
Soberania sobre Ilhas Malvinas
Em um trecho do discurso, Fernández ressaltou que a Argentina detém direitos sobre as Ilhas Malvinas, ocupadas pelo Reino Unido há mais de 188 anos, e solicitou que seja retomado o “diálogo bilateral sobre o assunto”.
“Da mesma forma, quero reafirmar nossos direitos de soberania legítimos e imprescritíveis sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul, Ilhas Sandwich do Sul e as áreas marítimas circunvizinhas. Fazem parte do território nacional e estão ilegalmente ocupadas pelo Reino Unido há mais de 188 anos”.