Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Prefeito de Lisboa é acusado de “boicotar” memorial que relembra vítimas da escravidão

    Seis milhões de africanos foram sequestrados e transportados à força por navios portugueses e vendidos como escravos, principalmente para o Brasil

    Músicos angolanos vestidos com roupas tradicionais e "Batucadeiras" de Cabo Verde fazem música e dançam no Cais das Colunas no Terreiro do Paço em "Homenagem aos nossos ancestrais da passagem do meio" em 04 de junho de 2023 em Lisboa , Portugal. Vítimas do tráfico de escravos foram lembradas pela 4ª vez por africanos e portugueses de ascendência africana. Por mais de 400 anos, mais de 15 milhões de homens, mulheres e crianças foram vítimas do trágico comércio transatlântico de escravos, um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade.
    Músicos angolanos vestidos com roupas tradicionais e "Batucadeiras" de Cabo Verde fazem música e dançam no Cais das Colunas no Terreiro do Paço em "Homenagem aos nossos ancestrais da passagem do meio" em 04 de junho de 2023 em Lisboa , Portugal. Vítimas do tráfico de escravos foram lembradas pela 4ª vez por africanos e portugueses de ascendência africana. Por mais de 400 anos, mais de 15 milhões de homens, mulheres e crianças foram vítimas do trágico comércio transatlântico de escravos, um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade. Horacio Vaillalobos/Getty Images

    Catarina Demonyda Reuters

    O prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, foi acusado de “boicotar” o primeiro memorial de Portugal às vítimas da escravidão, um projeto há muito adiado em um país que ainda luta para enfrentar seu papel no comércio transatlântico de escravos.

    Proposto há mais de cinco anos pela Associação dos Afrodescendentes de Portugal (DJASS), o memorial – que consistiria em fileiras de cana-de-açúcar pintadas de preto – deveria ser erguido no Campo das Cebolas, uma praça central perto do rio Tejo, em Lisboa.

    Dos séculos 15 ao 19, 6 milhões de africanos foram sequestrados e transportados à força por navios portugueses e vendidos como escravos, principalmente para o Brasil.

    Mas pouco se ensina nas escolas sobre o envolvimento de Portugal na escravidão e seu passado colonial é amplamente visto como motivo de orgulho.

    O memorial, financiado pelo conselho da cidade, foi aprovado como parte do orçamento da cidade para 2017-2018, mas a construção foi adiada desde então.

    A DJASS disse em comunicado na sexta-feira (30) que os obstáculos foram criados, incluindo a solicitação de menos cana-de-açúcar e mudanças nos materiais de construção e no orçamento.

    O gabinete do prefeito não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

    Carlos Moedas, de centro-direita, foi eleito prefeito em 2021, mas o processo de erguer o memorial só foi retomado em setembro do ano passado.

    O gabinete de Moedas referiu ainda faltar o aval da Direção-Geral do Patrimônio Cultural (DGCP) e da Empresa de Estacionamentos de Lisboa (EMEL).

    De acordo com a DJASS, o gabinete do autarca disse em abril que a DGCP e a EMEL não tinham dado a sua aprovação, pelo que o memorial estava localizado noutro local.

    O gabinete do autarca propôs um novo local naquilo que a DJASS descreveu como uma estrada estreita que dá acesso a um cais e a um parque de estacionamento perto do terminal de cruzeiros de Lisboa.

    A DJASS acrescentou ainda que a prefeitura estava lidando com o memorial de “forma negligente e desrespeitosa” e a acusou de adotar uma estratégia de boicote ao projeto.

    Moedas disse em março que era “totalmente a favor do memorial”, mas esses projetos levam tempo.