Precisamos evitar uma terceira guerra mundial, diz presidente do Conselho Europeu
Em entrevista à CNN, Charles Michel pregou cautela e reforçou que ajuda da União Europeia deve ser na frente da diplomacia
Em entrevista à CNN, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, demonstrou cautela ao falar do alcance da atuação da União Europeia na guerra na Ucrânia e defendeu que atuação seja na frente da diplomacia e das sanções.
“A Ucrânia não é um membro da Otan. Por isso, precisamos ser muito cautelosos. Precisamos fazer tudo que está a nosso alcance, mas temos que considerar que a Rússia detém armas nucleares e é muito importante que nós evitemos um terceiro conflito internacional”, disse Michel.
O Conselho Europeu é a instituição que define a agenda política e as prioridades da União Europeia.
Miche disse que impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia é uma decisão da Otan, mas que seria “um passo longe demais” com um “risco real de escalada e um risco real de uma possível terceira guerra internacional”.
“É por isso que estamos tentando advogar em diferentes campos no nível diplomático. Estamos tentando fornecer mais apoio à Ucrânia para ter um cessar-fogo o mais rápido possível e para garantir que possamos negociar o mais rápido possível”, acrescentou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à Otan e aos aliados ocidentais que imponham uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia em meio à invasão e bombardeio aéreo da Rússia em suas cidades. Até agora, esse pedido não foi atendido.
Michel disse que, embora a Otan seja uma “espinha dorsal para a segurança comum na Europa”, os países europeus precisam assumir mais responsabilidades para poder fornecer mais recursos por conta própria no campo militar.
Zelensky também fez um pedido oficial de adesão à União Europeia. Desde então, o parlamento da UE adotou uma resolução na terça-feira pedindo às instituições da União Europeia “que trabalhem para conceder” à Ucrânia o status de país candidato à UE.
O presidente do Conselho Europeu disse a Anderson que o pedido de Zelensky era “muito legítimo” e que a UE trabalharia para avaliar o pedido o mais rápido possível, “para permanecer extremamente unido neste campo”, aludindo a algumas opiniões divergentes entre os estados membros.
Ele disse que, nesse meio tempo e no curto prazo, decidiu convidar Zelensky para as reuniões do Conselho Europeu “regularmente” para “cooperar e coordenar politicamente com a Ucrânia”.
Michel também enfatizou que a força do Ocidente está em sua unidade.
“Putin tentou dividir a UE e os Estados Unidos. Ele falhou. Putin também tentou demonstrar que não somos capazes de agir. Ele falhou. Conseguimos tomar decisões extremamente importantes que visam diretamente os setores econômicos da Rússia. Isso é extremamente doloroso e sinto que Putin está realmente surpreso com nossa capacidade de agir e ser extremamente unidos e firmes”, disse ele.
Em resposta sobre se a unidade ocidental está de fato mudando o cálculo de Putin no terreno, Michel disse que dá a impressão ao líder da Rússia que esta não será uma batalha entre a Rússia contra a OTAN e a UE, porque há um apoio muito amplo do comunidade internacional contra as ações de Moscou.
“Não temos certeza de que funcionará, mas temos certeza de que devemos tentar e devemos usar as ferramentas que temos em nossa posse”, disse Michel.
“Meu ponto é o seguinte, para todos no mundo. A Rússia tem a bomba nuclear, então, é uma situação extremamente séria e perigosa. Nossa prioridade é ajudar a Ucrânia a resistir e ficar firme no conflito. Decidimos fornecer equipamentos letais para a Ucrânia. Para membros da Otan, [ir além] seria ir longe demais e nos aproximar de uma Terceira Guerra Mundial. Queremos optar pelas sanções, para afetar a economia russa e ir pela opção da pressão política.”
*Com informações de Zeena Saifi da CNN em Abu Dhabi