Possível candidatura de Michelle Bachelet à Presidência é dilema na política do Chile
Ex-presidente poderia concorrer pela terceira vez, mas levantou debate sobre renovação política
A possibilidade de Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, concorrer novamente à Presidência nas eleições de 2025 levantou debates nos diferentes espectros da política do país sul-americano.
A Pesquisa Painel de Cidadãos da Universidad del Desarrollo, publicada na quinta-feira (21) pelo jornal El Mercurio, apontou Bachelet com 10% das intenções de voto, dois pontos percentuais a mais que em novembro.
Enquanto isso, duas ministras do governo chileno, Camila Vallejo e Carolina Tohá, tiveram queda de um e dois pontos percentuais, respectivamente.
A centro-esquerda chilena espera que outros nomes apareçam na disputa após as eleições municipais de 2024, mas o Partido Republicano, de extrema-direita, e a coalizão Chile Vamos, com partidos de centro e direita, reconhecem a possibilidade de nova candidatura de Bachelet.
Caso isso aconteça, garantem que procurariam Bachelet para dar explicações sobre a gestão que realizou durante seu segundo governo.
Bachelet nega buscar reeleição
Apesar das especulações, a ex-presidente disse em diversas ocasiões que não pretende concorrer nas eleições presidenciais de 2025.
“Espero não enfrentar esse dilema, porque acredito que é bom para a democracia se renovar”, avaliou Bachelet à CNN Chile.
Ela ressaltou que “todas as vezes que me perguntaram se quero voltar a ser candidata, respondi que não, porque cheguei à conclusão de que a minha vida nas últimas décadas tem sido bastante intensa”.
Enquanto isso, José Antonio Kast, fundador do Partido Republicano, manifestou intenção de concorrer à Presidência pela terceira vez. Ele esteve no pleito de 2021, quando perdeu para Gabriel Boric, atual presidente.
Em entrevista à TVN, o líder republicano afirmou que se Bachelet se candidatasse novamente, ela não representaria um obstáculo significativo.
Entretanto, o fracasso no plebiscito para aprovação de uma nova Constituição no Chile pode jogar a favor da ex-presidente, pois a maioria do Conselho Constituinte era republicano.
À CNN Chile, o analista político Marco Moreno explicou que “quando há um vazio de liderança, alguém o preenche. Provavelmente é isso que está acontecendo com a [ex]-presidente Bachelet, ela está ocupando aquela liderança esvaziada de rostos do setor”.
Políticos se posicionam
Entre os políticos que se manifestaram em relação à possível candidatura de Michelle Bachelet, alguns destacaram o valor da candidatura para a centro-esquerda, e outros ressaltaram a fala da própria ex-presidente.
“Candidaturas como as de Carolina Tohá, Álvaro Elizalde, Claudio Orrego ou Camila Vallejo são interessantes para a centro-esquerda ou a esquerda, mas nenhuma delas está à altura do que significaria uma nova candidatura de Michelle Bachelet”, indicou o chefe da bancada do Partido Democrata Cristão, deputado Eric Aedo.
O deputado do Partido Socialista (PS) Juan Santana, por sua vez, sustentou que “[Bachelet] disse que não vai ser candidata presidencial e essa é uma opção que deve ser respeitada”.
A senadora e presidente do PS, Paulina Vodanovic, argumentou que “a ex-presidente não teve qualquer tipo de impossibilidade de se candidatar pela terceira vez nas últimas eleições presidenciais e não o fez, porque acreditou que era hora de uma nova liderança”.
Vodanovic afirmou que “ela tem interesse em ajudar o país, mas estamos a dois anos de uma eventual candidatura presidencial e me parece que hoje as necessidades e preocupações dos chilenos estão em outro lugar”.
No entanto, a oposição questiona as intenções da ex-presidente de voltar a ser candidato, embora saúde um possível confronto entre Bachelet e Evelyn Matthei.
“Acho difícil acreditar que a ex-presidente Bachelet tenha coragem de concorrer novamente ao cargo. Repetindo constantemente o prato, acho que não adianta a alternância que os nomes têm que ter para enfrentar as candidaturas presidenciais”, criticou o deputado da Renovação Nacional (RN), Andrés Longton.
Por enquanto, a incerteza e a expectativa política permanecem enquanto os setores políticos delineiam os possíveis candidatos às próximas disputas eleitorais.
*com informações da CNN Chile