“Posicionamento da Rússia nos conflitos no Oriente Médio é uma incógnita”, diz professor
Professor Roberto Uebel analisa o papel de potências como Rússia e China na atual tensão entre Irã e Israel, destacando as complexidades geopolíticas
O professor de Relações Internacionais da ESPM, Roberto Uebel, em entrevista à CNN Brasil, ofereceu uma análise aprofundada sobre o papel das potências mundiais na escalada de tensões no Oriente Médio, após os recentes ataques iranianos a Israel.
Uebel destacou que, enquanto a posição da China tende a ser mais pragmática e calculada, o posicionamento da Rússia permanece uma incógnita no cenário atual. “A China seria muito mais comedida nas posições”, afirmou o especialista, referindo-se a um possível conflito de maior escala na região.
O enigma russo no tabuleiro geopolítico
Quanto à Rússia, Uebel apontou para um cenário mais complexo. “Já a Rússia, acho que nós temos um grande ponto de interrogação”, disse ele, destacando as relações ambíguas que o país mantém tanto com Israel quanto com o Irã.
O professor explicou que, por um lado, existem laços entre o governo russo e Israel. Por outro, a Rússia mantém relações estratégicas com o Irã, incluindo cooperação tecnológica e militar. “A Rússia teria essa escolha”, observou Uebel, referindo-se à difícil posição em que o país se encontra.
O fator Ucrânia na equação
Um elemento adicional que complica a situação, segundo o especialista, é o conflito em curso na Ucrânia. Uebel levantou uma questão crucial: “Quanto custaria para Vladimir Putin ingressar em um eventual conflito ao lado do Irã considerando já os próprios desafios que hoje enfrenta na Ucrânia?”
Esta pergunta sublinha as múltiplas frentes que a Rússia precisa considerar em sua política externa, equilibrando seus interesses no Oriente Médio com seu envolvimento no leste europeu.
A análise de Uebel ressalta a complexidade das relações internacionais no contexto atual, onde alianças históricas e interesses estratégicos se entrelaçam, tornando o posicionamento de potências como a Rússia um fator crítico e imprevisível na dinâmica dos conflitos no Oriente Médio.