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    Porta-voz de governo russo acusa Otan de mentir sobre adesão de países do leste europeu

    "Em negociações na década de 1990 há registros na imprensa de que não havia intenções de aumentar para o leste, desde então aceitou 14 estados", disse Maria Zakharova

    Maria Zakharova, porta-voz da chancelaria russa, fala da invasão à Ucrânia
    Maria Zakharova, porta-voz da chancelaria russa, fala da invasão à Ucrânia Reprodução/CNN Brasil (25.fev.2022)

    Da CNN

    São Paulo

    A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, acusou nesta sexta-feira (25), Maria Zakharova, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de mentir sobre a inclusão de novos membros no tratado. Uma possível entrada da Ucrânia na Otan é considerada uma das principais causas do conflito com a Rússia, que tem uma posição forte contra a possibilidade de a país entrar na organização e, consequentemente, estreitar laços com países ocidentais.

    “Há uma amnésia imensa coletiva. Em negociações na década de 1990 há registros na imprensa de que não havia intenções de a Otan aumentar para o leste, para além do rio Elba, que não entrariam outros membros. Desde então aceitou 14 estados. Quando dizem que nós mentimos, eles é que mentem. Quando falam que não fazem promessas, sim, estão avançando no sentido oriental, no sentido leste. Vimos documentos, com reuniões, briefings. Membros da Otan se contradizem, tentam se esconder e achar justificativas”, afirmou a porta-voz.

    Desde as primeiras horas de quinta-feira (24) a Rússia ataca a Ucrânia – tropas seguem em direção a Kiev -, mas Zakharova se recusou a responder se o país vai negociar com o governo ucraniano. “Não é hora adequada para discutir isso, há temas mais importantes, como o comportamento irresponsável da Ucrânia, como as declarações do ministro de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, de que vai ao tribunal de Haia, para acusar a ação da Rússia. No momento ele deve fazer um trabalho responsável e coordenar seus esforços. Sua equipe deve evitar enviar sinais dúbios, nesse contexto isso é essencial”, disse a representante do governo russo.

    Zakharova declarou que durante semanas o país realizou encontros para resolver o conflito no leste ucraniano, mas “parece que foi construída pela Ucrânia uma parede, e não pela Rússia”.

    “Os parceiros [da Ucrânia] do Ocidente que ajudaram a construir essa parede. Ao invés de ajudarem a cumprir o acordo de Minsk, eles aumentaram essa estímulo à Ucrânia. Ao invés de jogar a culpa na nossa porta, podemos recomendar ao nossos amigos do Ocidente que sejam honestos dentro do interesse de ambos.”

    Entenda o conflito

    Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.

    Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).

    O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.

    De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.

    Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.

    Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.


    A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.

    Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.

    A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.

    (Com informações de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh, da CNN)