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    Por que balões incendiários são o mais novo ponto de tensão entre Israel e Hamas

    Exército israelense lançou ataques aéreos em Gaza nesta quarta-feira (16) após militantes enviarem balões presos a explosivos e dispositivos em chamas

    Homem palestino segura balão preso a explosivo nas proximidades do campo de refugiados de Jabalya
    Homem palestino segura balão preso a explosivo nas proximidades do campo de refugiados de Jabalya Foto: Nidal Alwaheidi/SOPA Images/LightRocket via Getty Images (25.out.2020)

    Hadas Gold, da CNN

    O exército israelense lançou ataques aéreos contra alvos do Hamas em Gaza nesta quarta-feira (16), após militantes enviarem dezenas dos chamados “balões incendiários” sobre a cerca da fronteira com Israel. 

    Autoridades disseram que ao menos 20 incêndios foram causados pelos balões na terça-feira (15). A mídia palestina relatou que os ataques retaliatórios de Israel causaram danos materiais, mas nenhuma morte.

    Mais balões foram lançados nesta quarta, causando ao menos mais quatro incêndios, de acordo com o Corpo de Bombeiros e Resgate de Israel.

    Enquanto os militantes têm enviado balões à Israel por anos, a resposta militar israelense com ataques aéreos é uma nova escalada. As autoridades israelenses disseram que isso é parte de uma mensagem para o Hamas que qualquer provocação será respondida com o uso de força.

    O ex-ministro das finanças Israel Katz, que exercia o cargo durante o conflito mais recente com Gaza, no mês passado, disse que depois daquela operação, “decidimos mudar as regras”. 

    “Para cada ataque em Israel, assassinatos planejados e ataques amplos a alvos do Hamas acontecerão”, publicou ele no Twitter.

     

    O que são balões incendiários? 

    Eles são invenções relativamente simples — balões de gás hélio que parecem decorações de festas infantis, amarrados a explosivos ou aparelhos que estão pegando fogo.

    Militantes lançam os balões de Gaza e os ventos do Mar Mediterrâneo ajudam a levá-los para o território israelense.

    Para que eles servem?

    Os balões são para assustar, causar dano e incêndios. Grande parte do território imediato ao redor de Gaza é composto por campos e terras agricultáveis. Além dos explosivos que são colocados nos balões poderem cair em áreas residenciais e causar danos ou ferimentos, as chamas dos balões queimam colheitas e reservas naturais.

    De acordo com a Autoridade Israelense de Parques e Reservas Naturais, incêndios como esses queimaram mais de 3.657 acres da área ao redor de Gaza desde 2018 até maio deste ano. As autoridades do país dizem que o fogo também destruiu milhares de acres de colheitas. 

    Desde 2018, mais de 10.400 acres pegaram fogo em Israel por causa de aparelhos incendiários, sem contar os incêndios de terça-feira, disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel.

    Até o momento, não foi reportada nenhuma morte causada por esses dispositivos.

    Por que balões em vez de foguetes, dessa vez? 

    Os balões são um jeito barato para os militantes em Gaza enviarem uma mensagem a Israel, sem provocar a retaliação completa do exército israelense que normalmente ocorre quando foguetes saem do enclave costeiro.

    Os balões são facilmente construídos e requerem pouca preparação para serem lançados, se comparados aos foguetes, que são caros e precisam de tempo para serem produzidos. Até o momento, os balões raramente ou nunca causaram ferimentos. 

    Árvore em chamas após palestinos em Gaza lançaram balões incendiários
    Árvore em chamas após palestinos em Gaza lançaram balões incendiários sobre a fronteira entre Gaza e Israel, perto de Nir Am
    Foto: Amir Cohen/Reuters (15.jun.2021)

    Os balões de terça-feira provavelmente foram lançados em resposta à decisão do governo israelense de permitir uma marcha da bandeira organizada por partidos de direita em Jerusalém.

    A marcha da bandeira é uma parada anual em que principalmente judeus nacionalistas caminham pela Cidade Velha de Jerusalém carregando bandeiras israelenses para celebrar o controle de Israel sobre o Muro das Lamentações durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. A marcha frequentemente causa tensões com os residentes palestinos do local. 

    Na terça-feira, 33 manifestantes palestinos foram feridos, inclusive por granadas de atordoamento, valas de borracha e fogo real — seis deles, levados ao hospital — após conflitos com as forças de segurança israelense ao redor da parte leste de Jerusalém, disse a Sociedade da Crescente Vermelha Palestina.

    Em um comunicado na terça-feira, o Hamas disse ter sido vitorioso, dizendo que as táticas e as manifestações palestinas em Jerusalém forçaram as autoridades israelenses a mudar o caminho da marcha da bandeira e tomar outras medidas de precaução. 

    Qual é o posicionamento do novo premiê israelense sobre os balões? 

    No passado, o novo premiê, Naftali Bennett, pressionou Benjamin Netanyahu a adotar uma postura mais severa contra o Hamas e o envio de balões incendiários, dizendo que o exército israelense deveria responder a eles da mesma maneira que responde a foguetes direcionados à comunidades israelenses. 

    Depois do conflito de 11 dias no mês passado, as autoridades do país indicaram que os balões seriam respondidos com mais força, algo que parece estar acontecendo agora. 

    Em 2018, quando era ministro da Educação, Bennett disse que o exército deveria “atirar para matar” qualquer um que enviasse esses aparelhos incendiários sobre a cerca da fronteira. 

    (Texto traduzido, leia o original em inglês)