Por que ataques cibernéticos da Rússia não tiveram grandes impactos na guerra
Estimada capacidade de hackers de Moscou tem desempenhado um papel periférico nos esforços do Kremlin para desmantelar a infraestrutura crítica ucraniana
A Rússia atacou cidades ucranianas com mísseis e drones durante grande parte do mês passado, visando civis e grandes áreas da infraestrutura do país, fazendo com que 40% dos moradores de Kiev ficassem sem água e gerando cortes de energia generalizados em todo o país na segunda-feira (31).
Na quinta-feira (3), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de “terrorismo energético” e disse que cerca de 4,5 milhões de consumidores ucranianos foram temporariamente desconectados do fornecimento de energia.
A destruição exemplifica como o bombardeio indiscriminado continua sendo a tática do Kremlin oito meses depois de sua guerra contra a Ucrânia. A estimada capacidade de hackers de Moscou, enquanto isso, desempenha um papel periférico, e não central, nos esforços do Kremlin para desmantelar a infraestrutura crítica ucraniana.
“Por que queimar seus recursos cibernéticos, se você é capaz de atingir os mesmos objetivos por meio de ataques cinéticos?”, afirmou um alto funcionário dos EUA à CNN.
No entanto, especialistas que conversaram com a CNN sugerem que, provavelmente, há mais razões de por que os ataques cibernéticos da Rússia não tiveram um impacto mais visível no campo de batalha.
A combinação eficaz de operações cibernéticas e cinéticas “requer um alto grau de planejamento e execução integrados”, argumentou um oficial militar dos EUA que se concentra em defesa cibernética. “Os russos não conseguem nem fazer isso entre suas forças de aviação, artilharia e assalto terrestre”, acrescentou.
A falta de informações verificáveis sobre ciberataques bem-sucedidos durante a guerra complica o quadro. Uma autoridade ocidental focada em segurança cibernética disse que os ucranianos provavelmente não estão revelando toda a extensão dos hackers russos e sua correlação com os ataques com mísseis russos.
Isso pode privar a Rússia de feedbacks sobre a eficácia de suas operações cibernéticas e, por sua vez, afetar o planejamento de guerra da Rússia, disse o funcionário.
Para ter certeza, supostos ataques cibernéticos russos atingiram várias indústrias ucranianas, e alguns dos hackers se correlacionaram com os objetivos militares da Rússia. Mas o tipo de hacker de alto impacto que tira energia ou redes de transporte está em grande parte ausente.
Isso é um forte contraste com 2015 e 2016, quando, após a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia, foram hackers militares russos, não bombas, que mergulharam mais de um quarto de milhão de ucranianos na escuridão.
*Publicado por Daniel Reis