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    Por que apenas mamíferos têm presas? Estudo revela origens surpreendentes

    A presa é uma característica antiga, que antecede os dinossauros, e se diferencia dos dentes por se projetar na lateral da mandíbula destes animais

    Katie Huntda CNN

    As presas são uma característica marcante de muitos animais – elefantes, hipopótamos, javalis, morsas – e, muitas vezes, são caçadas por humanos.

    Mas nenhum pássaro, peixe ou réptil ostenta essa parte extrema da anatomia. Apenas os mamíferos têm, embora não tenham sido as primeiras criaturas com presas.

    Segundo descobertas de um novo estudo, o desenvolvimento de presas é uma característica antiga, que antecede os dinossauros.

    “Fomos capazes de mostrar que as primeiras presas pertenciam a animais que vieram antes dos mamíferos modernos, chamados dicinodontes”, disse Ken Angielczyk, curador do Field Museum de Chicago e autor do novo estudo, em um comunicado à imprensa. “Eles são animais muito estranhos.”

    Os dicinodontes viveram de cerca de 270 milhões a 201 milhões de anos atrás. Embora seus parentes vivos mais próximos sejam mamíferos, eles pareciam mais reptilianos, com cabeças em formato de tartaruga.

    Os dicinodontes eram os vertebrados mais abundantes e diversos antes da ascensão dos dinossauros, e todos eles tinham um par de presas projetando-se para fora de suas mandíbulas superiores.

    Presas versus dentes: a diferença

    Antes de investigar como exatamente as presas evoluíram, os pesquisadores tiveram que definir exatamente o que é uma presa e como ela se difere de um dente – algo que era ambíguo.

    Eles determinaram que uma presa deve se estender da boca, consistir apenas em uma substância chamada dentina e continuar a crescer ao longo da vida do animal – mesmo se for danificada.

    Os dentes também são feitos de dentina. No entanto, eles são revestidos de esmalte. Isso, junto com sua forma, os torna duráveis, mas uma vez que os dentes adultos crescem, não há muito o que fazer se eles quebrarem. Eles não crescem novamente.

    Durante o estudo, equipes de campo encontraram fragmentos de presa isolados na Zâmbia em 2018 / Foto: Reprodução/Ken Angielczyk

    “Dentes revestidos de esmalte são uma estratégia evolutiva diferente das presas revestidas de dentina, é uma troca”, disse Megan Whitney, pós-doutoranda no departamento de biologia orgânica e evolutiva da Universidade de Harvard. Ela foi a principal autora do estudo.

    Os pesquisadores então analisaram seções de 19 presas fossilizadas de dicinodontes, representando 10 espécies diferentes encontradas na África do Sul, Antártica, Zâmbia e Tanzânia.

    Eles também usaram tomografias computadorizadas para examinar como os fósseis estavam presos ao crânio e se suas raízes mostravam evidências de crescimento contínuo.

    Durante o estudo, eles descobriram que enquanto alguns dos dicinodontes estudados tinham presas verdadeiras, sem esmalte, o resto tinha dentes grandes.

    Os cientistas também descobriram que não havia uma progressão estrita de não presas para presas.
    Diferentes membros da família dicinodontes desenvolveram presas independentemente em momentos diferentes, e alguns nunca desenvolveram presas verdadeiras.

    “Eu esperava que houvesse um único momento na história evolutiva do dicinodonte onde as presas evoluíram porque essa é a explicação mais simples. No entanto, encontramos uma evolução convergente das presas mais tarde na evolução do dicinodonte”, disse Whitney.

    A evolução convergente é quando características semelhantes evoluem independentemente em diferentes espécies ou em diferentes períodos no tempo.

    Para que as presas evoluíssem, eles descobriram que era necessário um ligamento flexível prendendo o dente à mandíbula, bem como taxas reduzidas de substituição de dentes – uma combinação de características que hoje é encontrada exclusivamente em mamíferos modernos.

    “Tudo leva a uma melhor compreensão das presas que vemos nos mamíferos hoje”, disse Angielczyk, falando sobre a pesquisa, publicada na revista Proceedings of the Royal Society B Biological Sciences.

    (Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

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