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    Por que a Rússia quer conquistar Kharkiv e qual sua importância para a Ucrânia?

    Presidente Volodymyr Zelensky cancelou agenda internacional após ataques do Exército russo

    Soldado ucraniano dispara com um canhão antiaéreo ZU-23-2 em posição perto de uma linha de frente na região de Kharkiv
    Soldado ucraniano dispara com um canhão antiaéreo ZU-23-2 em posição perto de uma linha de frente na região de Kharkiv Vyacheslav Madiyevskyy/Reuters

    Tiago Tortellada CNN

    em São Paulo

    A Rússia iniciou uma das maiores ofensivas contra a Ucrânia desde o início da guerra, com um ataque surpresa no nordeste do país.

    O Exército de Vladimir Putin invadiu Vovchansk, município próximo à fronteira entre os dois países, e intensificou os ataques aéreos contra Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana.

    Segundo o Instituto de Estudo da Guerra, a Rússia reuniu mais de 50 mil tropas nas regiões de Belgorod, Kursk e Bryansk, próximas à fronteira ucraniana. A maior parte dessas forças não está sendo utilizada nesta ofensiva, mas pode ser enviada para a batalha nos próximos meses.

    Por que Kharkiv é importante?

    A cidade de Kharkiv tinha uma população estimada em 1,4 milhão de pessoas antes da guerra, sendo a segunda maior cidade do país e uma das mais desenvolvidas.

    Entretanto, esse número pode ter sido reduzido pela metade, segundo Américo Martins, correspondente da CNN, após centenas de milhares de pessoas terem fugido.

    Ela fica a menos de 40 quilômetros da fronteira com a Rússia e foi a capital da Ucrânia de 1919 a 1933, quando o território fazia parte da União Soviética.

    O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse em março de 2022 que a conquista de Kharkiv seria o segundo principal objetivo do Exército russo, ficando atrás apenas da capital Kiev.

    Foram registrados combates intensos nas ruas de Kharkiv no início da guerra, em 2022. Mais tarde naquele ano, tropas ucranianas conseguiram impedir que os russos tomassem a cidade, algo que se tornou um dos símbolos da resiliência da Ucrânia durante a invasão russa.

    Ainda assim, Kharkiv tem sido alvo de constantes ataques com mísseis e artilharia russa.

    O interesse da Rússia na cidade se deve a alguns motivos: Kharkiv abrigava fábricas de tanques e tratores, além de produtos eletrônicos, se mostrando um importante polo industrial para a região, com entroncamento ferroviário.

    Outros itens produzidos por lá eram trens, máquinas industriais, utensílios agrícolas e geradores.

    Kharkiv também é um centro cultural, de pesquisas e estudos. Ela tinha 60 universidades com mais de 150 mil estudantes nacionais e internacionais antes da guerra, de acordo com o governo da Ucrânia.

    Além disso, havia uma instalação de pesquisa nuclear na cidade, que abrigava um reator nuclear experimental usado para pesquisa e produção de isótopos para uso médico e industrial, segundo a Agência de Energia Nuclear da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

    Ainda segundo o órgão, essa instalação foi colocada em “desligamento de longo prazo” em 24 de fevereiro de 2022, dia que a guerra começou.

    Objetivo militar

    A conquista de Kharkiv também seria simbólica para o Exército russo, visto que é um importante centro industrial e habitacional.

    Os ucranianos também temem que a cidade fique inabitável devido aos combates, como aconteceu em outras regiões do país, por exemplo, em Avdiivka, conforme destacou Cedric Leighton, coronel aposentado e analista militar da CNN Internacional.

    Analistas também avaliam que a intensificação dos ataques no nordeste da Ucrânia dividirá a atenção do Exército ucraniano, que já está desgastado e sofre com falta de recursos e tropas.

    Os principais combates nos últimos meses acontecem no leste do país, a centenas de quilômetros de Kharkiv. Após capturar Avdiivka, considerada uma das principais conquistas do Exército russo na guerra, as tropas de Putin focam em Chasiv Yar, outra cidade também no leste ucraniano.

    Assim, essa situação poderia exigir realocação de contingente militar ucraniano e dificultar sua operação, tendo que lutar em mais frentes.