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    Por que a batalha por Mossul é fundamental na luta contra o Estado Islâmico

    De todas as batalhas na luta contra o Estado Islâmico, a operação para retomar Mossul pode ser a mais significativa

    Ruínas de Mossul, Iraque
    Ruínas de Mossul, Iraque Foto: REUTERS

    Holly Yan e Nadeem Muaddi,

    da CNN

    As forças lideradas pelo Iraque iniciaram o que provavelmente será uma ofensiva complicada e prolongada para tomar a segunda maior cidade do país. 

    Tendo já perdido cidades importantes — como Ticrite e Ramadi — Mossul é o último bastião de poder do Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês) no país. Simplificando: libertar Mossul seria o começo do fim do ISIS no Iraque.

    Entenda o que torna Mossul tão importante para o ISIS e para a região:

    Mossul é enorme

    Mossul é a maior metrópole do Iraque depois de Bagdá. Conquistar o controle da cidade foi uma das vitórias mais significativas do ISIS. Quando o ISIS tomou Mossul, em junho de 2014, o grupo também assumiu o controle de mais de 2,5 milhões de pessoas, que o grupo sujeitou a horrores, entre eles, decapitações públicas, assassinato de gays jogando-os para a morte de topos de edifícios e fazendo prisioneiros homens que não tinham barba e mulheres que não usavam roupas islâmicas, como burcas. Houve um êxodo em massa nos últimos dois anos e hoje cerca de 1 milhão de pessoas permanecem na cidade.

    Universidade de Mossul
    Ruínas da Universidade de Mossul, no Iraque
    Foto: REUTERS

    É perto de campos de petróleo 

    A localização de Mossul é extremamente importante. É uma cidade comercial relevante e próxima das fronteiras da Síria e da Turquia. Tirar Mossul do ISIS limitaria significativamente o movimento de militantes, armas e suprimentos do grupo.

    A cidade está localizada perto de alguns dos campos de petróleo mais importantes do Iraque, bem como de um oleoduto que atende a Turquia. Proteger esses campos pode impulsionar a economia iraquiana. Isso também pode afetar as finanças do ISIS, já que o grupo é conhecido por vender petróleo ilegalmente para financiar suas operações.

    A cidade é a ”capital cultural” do ISIS

    Líder do Estado Islâmico
    Abu Bakr al-Baghdadi, chefe do Estado Islâmico
    Foto: AL-FURQAN MEDIA / AL-FURQAN MEDIA

    Mossul é o lugar onde o líder do ISIS, Abu Bakr al-Baghdadi, declarou a sede do califado do ISIS – uma área governada por um governo islâmico sob um califa, considerado o sucessor do profeta Maomé.

    De acordo com Fawaz Gerges, autor do livro ISIS: A History (sem tradução em português), Mossul é a joia da coroa no chamado califado e tem sido considerada a “capital cultural” desde a nomeação de Baghdadi.

    Mossul é o local de uma grande crise humanitária

    O controle do ISIS sobre Mossul contribuiu enormemente para a crise de refugiados, pois centenas de milhares de pessoas já fugiram da cidade e agora estão deslocadas internamente ou vivendo em terras estrangeiras.

    Ao garantir a segurança da cidade, o governo iraquiano poderia começar a enfrentar a crise humanitária e facilitar o fluxo de refugiados para os países vizinhos e outros.

    Mossul, Iraque
    Cidadãos de Mossul, Iraque
    Foto: REUTERS

    Não está claro como seria uma Mossul livre

    Mas derrotar o ISIS em Mossul é apenas metade da batalha. Se as forças lideradas pelo Iraque tiverem sucesso em sua ofensiva, Bagdá terá que manter a cidade, reconstruir sua infraestrutura e provar que pode governá-la com eficiência. Caso contrário, ela poderá ficar novamente em disputa. 

    Levando em consideração os esforços necessários para reconstruir Ticrite e Ramadi, pode haver poucos motivos para otimismo, disse Gerges à CNN. Mas ele apontou que um investimento significativo dos EUA nesta operação em particular aumentou as chances de que a reconstrução de Mossul seja bem-sucedida. 

    O que acontecerá com as minorias religiosas e étnicas se a operação for bem-sucedida é uma das maiores incógnitas dessa batalha. 

    O ISIS tem como alvo assírios, armênios, turcomanos, curdos, yazidis, shabaki e muitos outros, e a libertação de Mossul permitiria que essas comunidades minoritárias retornassem à cidade. Muitos desses povos existem há séculos e são vitais para o tecido social do estado iraquiano.

    Mas distribuir poder e território a diferentes grupos será, sem dúvida, complicado.

    Até 2014, quando o ISIS assumiu o controle de Mossul, a cidade era considerada o centro da Igreja Assíria do Oriente por abrigar os túmulos de vários profetas do antigo testamento, incluindo Jonas. Muitos desses locais históricos foram destruídos e os cristãos foram mortos ou expulsos.

    Ben Wedeman e Angela Dewan, da CNN, contribuíram para esta reportagem. 

    (Texto traduzido. Leia o original em inglês).