Por erro em hotel de quarentena, Austrália pede que hóspedes façam teste de HIV
Após admitir que hotéis de isolamento utilizaram mesmos aparelhos para testar sangue de diferentes pessoas, autoridades citam 'risco baixo' de contaminação
Mais de 200 pessoas que ficaram hospedadas em um hotel de quarentena na Austrália deverão realizar testes para doenças transmissíveis pelo sangue, incluindo HIV, a pedido de autoridades locais. O governo do estado de Victoria admitiu que diferentes pessoas utilizaram os mesmos dispositivos de teste de sangue durante o período de isolamento requisitado ao chegar no país.
Esse é o mais recente de uma série de problemas relacionados ao combate à Covid-19 que atingiram o país e o estado de Victoria em particular.
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Anteriormente, no mesmo estado, violações em hotéis de quarentena provocaram um surto em Melbourne, levando a segunda maior cidade do país a passar meses sob um rígido bloqueio.
Em um comunicado neta segunda-feira (19), a agência de saúde do estado, a Safer Care Victoria, disse que entrará em contato com 243 pessoas que fizeram um teste de glicose no sangue antes de 20 de agosto em um hotel de quarentena, pois havia risco de contaminação cruzada e vírus transmitidos pelo sangue, incluindo HIV.
“O risco clínico de infecção é baixo. No entanto, para garantia, o acesso a testes confidenciais será providenciado”, disse a Safer Care Victoria em um comunicado.
Victoria relatou mais de 20 mil casos de coronavírus, incluindo mais de 800 mortes, tornando-se o epicentro do novo coronavírus na Austrália. O país relatou mais de 27.400 casos e pelo menos 905 mortes no total, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
O que deu errado com os testes
A Austrália fechou suas fronteiras para todos os não-cidadãos e residentes em março, e todos os viajantes que retornavam ao país deveriam, então, pagar 3.000 dólares australianos (cerca de R$ 11.800) para passar duas semanas em uma instalação de quarentena estadual.
Nos meses seguintes, milhares de viajantes passaram pelos hotéis de quarentena da Austrália – mas nem todos eles exigiram um teste de glicose no sangue.
Esse teste é feito com um aparelho que dá uma picada no dedo para obter uma gota de sangue. O dispositivo é usado ??para testar os níveis de glicose no sangue em pessoas com diabetes, mas também pode ser utilizado por mulheres grávidas e pessoas que desmaiaram, entre outros usos médicos.
Os dispositivos sejam projetados para vários usos por uma pessoa, mas, no caso, eles foram usados por vários residentes, disse a Safer Care.
As agulhas podem ser trocadas entre cada utilização, mas os dispositivos podem reter quantidades microscópicas de sangue que tornam não recomendado o uso por diferentes pacientes.
De acordo com a Safer Care, não há risco de que os dispositivos possam ter transmitido o novo coronavírus, pois ele não é transmitido pelo sangue. Mas há um risco “clínico baixo” de propagação de doenças como as hepatites B e C e o HIV.
“O risco clínico é baixo”, disse a vice-presidente executiva da Safer Care, Ann Maree Keenan. “No momento, não seremos capazes de responder às muitas perguntas que as pessoas terão sobre como isso aconteceu. Esteja certo de que a Safer Care Victoria está conduzindo uma análise completa sobre como e por que esse dispositivo começou a ser usado.”
Especialistas disseram à afiliada local da CNN, a 9News que a situação é preocupante, apesar do risco baixo de contaminação.
O presidente da Associação Médica Australiana, Dr. Omar Khorshid, disse à 9News que o incidente foi outro erro grave no programa de quarentena e, hotéis no país. Uma investigação que apurar problemas nos hotéis do estado ainda está em andamento.
“É mais uma evidência do fracasso desse sistema”, disse ele.