Polícia da Nicarágua proíbe procissão católica em repressão à igreja no país
Relações entre entidade e governo têm sido tensas desde a tentativa de servir como mediadora em 2018, durante protesto contra Daniel Ortega
A polícia da Nicarágua proibiu uma procissão católica na capital Manágua no sábado (6), citando motivos de segurança interna, segundo informou a arquidiocese local nesta sexta-feira (12), à medida que a pressão sobre a igreja no país é intensificada.
Em resposta, a arquidiocese pediu que os fiéis passem o dia em oração e jejum, e que compareçam à missa na catedral de Manágua, neste sábado (13), pulando a procissão que deveria ser uma cerimônia de encerramento para o Congresso Mariano do país e a despedida da imagem portuguesa da santa Nossa Senhora de Fátima.
As relações entre a igreja católica e o governo da Nicarágua têm sido tensas desde que a igreja tentou servir como mediadora em 2018, após uma proposta de seguridade social apoiada pelo presidente Daniel Ortega provocar protestos em todo o país.
O país centro-americano acusou vários padres e bispos de conspirar desde que a igreja exigiu justiça para os mais de 360 mortos durante as manifestações, de acordo com números compilados por organizações de direitos humanos.
A medida acontece pouco depois de uma semana após o governo Ortega retirar do ar sete estações de rádio católicas.
As estações eram lideradas pelo bispo Rolando Álvarez, que dirige a Diocese de Matagalpa e Esteli, e é crítico ao presidente.
Álvarez é alvo de investigações por suposta conspiração, e está aprisionado no palácio episcopal da diocese, cercado pela polícia, há duas semanas.
A polícia não respondeu imediatamente a um pedido da Reuters de comentários.