Polarizados, Milei e Massa têm propostas completamente diferentes para a Argentina; confira
Eleição tem questão econômica como central, com inflação do país em 142,7% ao ano
À medida que a campanha presidencial na Argentina avançou até chegar ao segundo turno, neste domingo (19), os candidatos Sergio Massa e Javier Milei apresentaram suas propostas para conduzir o país pelos próximos quatro anos. Confira abaixo as principais propostas de cada um.
Deputado da Cidade de Buenos Aires pelo La Libertad Avanza, Milei baseou quase inteiramente sua campanha com proposições econômicas, que advêm de sua formação profissional nessa área.
Muitos analistas sustentaram que Massa esteve em desvantagem na campanha. Isso porque o advogado do Unión por la Patria tem um duplo papel, como ministro e como candidato presidencial.
As propostas econômicas de Massa para o futuro chocam com a exigência de que sejam aplicadas durante a sua atual gestão à frente do Palácio do Tesouro.
Após as primárias, o ministro-candidato tomou uma série de medidas para amenizar os efeitos da desvalorização econômica de 14 de agosto, buscando conter a deterioração dos salários.
Conseguiu que o Congresso eliminasse a quarta categoria do imposto de renda, que favorece os setores que estão no topo da pirâmide salarial, mas também fez anúncios direcionados aos aposentados e aos trabalhadores informais.
Ele garante que as medidas econômicas que tomou até agora são “transitórias, mas têm a ver com a realidade do momento”, o que sugere que as suas decisões no futuro podem ser diferentes.
As propostas foram divulgadas em uma eleição que coloca a questão econômica como central, já que a inflação do país está em 142,7% ao ano, e vem crescendo aceleradamente nos últimos anos.
Sergio Massa
- Equilíbrio fiscal;
- superávit comercial;
- taxa de câmbio competitiva; e
- desenvolvimento com inclusão
- inauguração do gasoduto Néstor Kirchner; e
- continuação das obras de um segundo trecho.
- Incorporar formação em tecnologia e ferramentas relacionadas com o “novo mercado de trabalho”;
- simplificação tributária para pequenas e médias empresas;
- combater insegurança e tráfico de drogas;
- criação do “FBI argentino” para combater drogas, corrupção e tráfico de pessoas.
Javier Milei
- Transformar o país em um plano de três etapas, totalizando 35 anos;
- corte significativo das despesas públicas;
- reforma para reduzir impostos, com flexibilidade nos locais de trabalho, comerciais e financeiro;
- reforma para cortar fundos atribuídos às reformas e pensões;
- redução de ministérios para oito;
- redução gradual de planos sociais;
- acabar com o Banco Central (visando resolver o problema da inflação);
- acabar com reformas na saúde, educação e segurança;
- dolarização da economia (reforma monetária de US$ 30 bilhões);
- resgate da dívida pública em pesos a 25% do valor nominal;
- defesa do direito à vida desde a concepção (contra aborto);
- redução de despesas do Estado;
- privatização de empresas públicas;
- fim da remuneração e sua substituição por seguro-desemprego;
- “acabar com informalidade”;
- eliminação da obrigatoriedade da educação sexual integral;
- militarização de penitenciárias;
- desregulamentação da posse de armas (no plano, mas desmentido por ele);
- redução da idade penal;
- proibição à entrada de estrangeiros com antecedentes criminais;
- deportação imediata de imigrantes que cometerem crimes.
Veja também:
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Em vez de ter uma única cotação para o dólar norte-americano, a Argentina tem criado variações da moeda para diferentes finalidades, com o objetivo de evitar a saída de divisas e fortalecer as reservas internacionais. São 16 cotações diferentes; veja quais são: • Tomas Cuesta/Getty Images
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Dólar do atacado, ou "mayorista"
Voltado para bancos e importadores, é a cotação pela qual o Banco Central argentino libera dólares para operações no exterior. Também chamado de “dólar interbancário”, é a moeda negociada no Mercado Único de Câmbio Livre (MULC). • 27/03/2010REUTERS/Jessica Rinaldi
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Dólar de varejo, ou “minorista”
É a taxa pela qual bancos vendem dólares ao público geral, limitada a U$ 200 por mês. Os clientes precisam apresentar um comprovante que justifique a necessidade de obtenção da moeda norte-americana, como viagens ao exterior. • 23/07/2015REUTERS/Thomas Mukoya
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Dólar Catar
Assim nomeado por causa da Copa do Mundo e da expectativa de maiores gastos de viajantes argentinos no exterior, é a cotação que incide sobre compras com cartão de crédito e débito que ultrapassem US$ 300 por mês, a uma taxa de câmbio de 300 pesos por dólar. • Hamad I Mohammed/Reuters
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Dólar Coldplay
Batizado em homenagem à banda britânica que fez 10 shows em território argentino, representa um acordo com o setor cultural -- em especial empresários do entretenimento internacional -- que podem ter acesso à moeda estrangeira a um preço menor. Cotado ao redor de 200 pesos, o “dólar Coldplay” tem um valor mais acessível que o “blue”, a versão clandestina. • Buda Mendes/Getty Images
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Dólar Blue
É a moeda que corre no mercado paralelo argentino, que, por ser mais acessível, costuma reger os preços do câmbio. Embora seja ilegal, circula amplamente no país e é vendido em lojas especializadas, à força da vista grossa de autoridades argentinas. Costuma rondar 300 pesos, quase o dobro da cotação oficial, do atacado e varejo • 17/07/2022REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração
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Dólar Luxo
Usado para compra de artigos de luxo importados, como jetskis, aviões particulares e relógios, tem a mesma cotação do dólar Catar. • Divulgação
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Dólar Bolsa
Aplicado em transações no mercado acionário, é obtido na compra de títulos públicos em pesos e, depois, na venda deles em dólares. • 06/07/2023REUTERS/Amanda Perobelli
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Dólar "contado com liquidação" (CCL)
É parecido com o dólar Bolsa, mas quando os dólares resultantes das transações são depositados no exterior. • 28/10/2021REUTERS/Amanda Perobelli
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Dólar Senebi
Acrônimo para Segmento de Negociação Bilateral, foi criado em meados de 2021 para incidir sobre as negociações de bônus decorrentes da compra e venda de títulos públicos. Atua de forma parecida com o dólar Bolsa. • REUTERS/Dado Ruvic
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Dólar ADR
Utilizado apenas por empresas que operam no exterior, incide sobre ações cotadas em pesos e dólares, simultaneamente. Também atua de forma parecida com o dólar Bolsa. • 17/10/2022REUTERS/Agustin Marcarian
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Dólar Cedear
Acrônimo para Certificado de Depósito Argentino, é usado por empresas em operações de títulos comprados em pesos, mas que podem ser convertidos em moeda estrangeira. • 03/11/2009REUTERS/Rick Wilking
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Dólar Netflix
É aplicado sobre serviços de streaming pagos com cartão de crédito, como Netflix, Spotify, entre outros. Aqui, o dólar varejo incide com mais uma taxa de 45% para o Imposto de Renda antecipado, além de outra de 8%, chamada “imposto país”, e mais uma de 21% de EVA. Assim, a sobretaxa total é de 74% em relação ao dólar de varejo. • Foto: Mollie Sivaram/Unsplash
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Dólar Tecno
Embora tenha esse nome, não é uma taxa de câmbio, mas um incentivo a empresas que exportam serviços ou atuam na indústria da economia do conhecimento. Para aquelas que fazem mais de US$ 3 milhões em investimentos, o governo argentino anunciou isenção do pagamento de 20% sobre a moeda estrangeira no mercado oficial. Além disso, as empresas que aumentarem suas exportações neste ano terão disponibilidade de 30% de moeda estrangeira para utilizar na remuneração. • Pexels
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Dólar Cripto
Incide sobre transações de criptomoedas cujos valores estão atrelados ao dólar. • 14/02/2018REUTERS/Dado Ruvic
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Dólar Soja ou de Exportação
Em vigor apenas durante temporada de soja, faz parte do Programa de Incentivo às Exportações, onde os exportadores da commodity recebem o resultado de suas vendas ao preço de 230 pesos por dólar exportado. • 17/02/2020REUTERS/Jorge Adorno
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Dólar Malbec
É uma nova taxa de câmbio paralela para estimular a indústria do vinho e recuperar a competitividade do setor, que vem perdendo espaço no mercado por condições climáticas extremas. Deve ficar em vigor pelo menos até o fim deste ano. • Getty Images/EyeEm
*Publicado por Pedro Jordão, da CNN em São Paulo, com informações da CNN Español