Polarização fará eleição nos EUA acabar em disputas judiciais, avalia professor
Rafael Ioris, professor de História e Política da Universidade de Denver, falou à CNN nesta quarta (4)
A disputa acirrada entre Donald Trump (Republicanos) e Joe Biden (Democratas) gera tensão e expectativas na população americana. Em entrevista exclusiva à CNN, nesta quarta-feira (4), Rafael Ioris, professor de história e política da Universidade de Denver, nos EUA, comenta os resultados e as expectativas dessa 59ª eleição nos EUA
“A disputa realmente segue acirrada e o resultado deve sair no voto a voto. Talvez aconteça um cenário diferente da última eleição, onde Biden venha a ganhar nos estados do meio oeste, como Michigan e Pennsylvania, por margens muito pequenas. Esperamos que o resultado saia ainda nesta semana, mas acredito que isso pode acabar em decisões judiciais. A disputa não se resume em apenas no eleitorado dividido, mas em disputas muito fortes que devem ocorrer nas próximas semanas”, comenta o professor.
Leia e veja também:
Acompanhe a contagem dos votos em tempo real
5 pontos para se prestar atenção antes do resultado final das eleições nos EUA
Trump diz que irá à Suprema Corte para interromper a contagem de votos nos EUA
Sobre a possibilidade de uma apuração mais demorada por causa dessa vantagem pequena entre os candidatos, o professor brasileiro, que leciona há mais de 10 anos no Colorado, comenta:
“Não parece que estamos muito longe de saber quem será o presidente eleito neste ano. Talvez a apuração seja finalizada até sexta, mas vai depender muito da apuração dos estados, principalmente dos votos que chegam por correio – apesar das células passarem por uma máquina, o processo leva tempo. Por isso, a apuração pode levar semanas, principalmente se for para a Suprema Corte.”
Quando questionado sobre as chances de Trump pedir a suspensão dos votos para a Justiça, o professor disse que isso é um direito democrático:
“Ir para a Justiça é um direito democrático de cada candidato, mas é uma maneira infeliz de finalizar um processo, porque deveria ser realizado se uma maneira clara por meio do voto, mas neste ano a eleição tende a se judicializar. O Trump sempre avisou que ele iria para a justiça, e aí vai ficar muito a cargo de juízes de primeira instância. O que vai acontecer é tentar impugnar certos votos.”
As pesquisas de intensão de voto de certa forma mostraram um resultado diferente do que estamos acompanhando. Sobre essa diferença, o professor ressaltou que Trump parece ter mantido seu eleitorado e até conquistado votos em estados pêndulos, como Michigan.
“O fato é que esse pessoal da pesquisa vai ter que aprimorar seus métodos para capturar um eleitorado que não é tão simples de prever. Por exemplo, nesses estados do meio oeste o Biden tinha vantagens muito melhores. Em Michigan ele estava com cerca de 9 pontos na frente e hoje acompanhamos um cenário muito apertado. Talvez ainda venha a ganhar, mas será por margens mínimas. Acho que o Trump ganhou muitos votos na última semana de um eleitorado profundamente dividido, que apesar de viverem em um momento de crise econômica e de saúde pública, ainda o apoiam e podem dar a vitória para ele. Lembramos que existe uma tendência muito forte nos EUA de reeleger presidentes.”