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    Pessoas que perderam tudo no furacão Ian se preparam para o Idalia; veja relatos

    Fenômeno deve provocar forte tempestade na maior ilha do golfo da Flórida, aponta previsão

    Christina ZdanowiczKara Nelsonda CNN

    Menos de um ano depois de o furacão Ian ter atingido a costa do Golfo da Flórida, nos Estados Unidos, os residentes de Pine Island [maior ilha da região] ainda estão reconstruindo suas casas. No entanto, já esperam e observam o próximo furacão, o Idalia.

    Para alguns dos sobreviventes de Ian, a ansiedade, o pânico e o medo estão a se instalar enquanto rezam para que o Idalia não apareça no caminho. A previsão é que Pine Island, perto de Fort Myers, receba um pico de tempestade. Confira relatos abaixo:

    ‘Não posso ficar sem teto de novo’

    Alice Rivera, 62, chegou ao seu trailer, em Bokeelia, depois do furacão Ian e viu uma pilha de paredes e janelas de metal retorcidas. Ela ficou aliviada por não ter ficado durante a passagem do furacão.

    “Nunca passei por um furacão” até Ian, disse ela. “Não havia um único lugar naquela casa onde eu e (meus) cães estaríamos seguros”.

    Durante meses, ela ficou vivendo entre casas de amigos até que voltou para Austin, Texas, onde mora parte de sua família.

    Mais tarde, ela usou o dinheiro que a FEMA [Agência Federal de Gestão de Emergências] lhe deu para comprar sua nova casa-trailer em Bokeelia, mesmo com os pneus furados e precisando de reformas.

    Restos da casa de Alice Rivera após o furacão Ian no ano passado
    Restos da casa de Alice Rivera após o furacão Ian no ano passado / Cortesia/Alice Rivera

    Rivera estava no Texas esta semana quando o Idalia se transformou em uma tempestade tropical, então ela voltou correndo para a Flórida, na noite da segunda-feira (28), para pegar seus cachorros.

    Tutu, seu shih-poo de 10 anos, e Cash, uma mistura de chihuahua e dachshund de 7 anos, não se dão bem com tempestades. “Desde o Ian, eles morrem de medo até da chuva”, disse ela.

    Desta vez, no entanto, Rivera diz que não vai deixar sua casa. Ela pretende pregar qualquer coisa que puder em seu trailer para ajudar a segurá-lo, diz.

    “Só espero que tudo o que tenhamos seja muita chuva”, disse ela. “Eu só quero manter um teto sobre minha cabeça. Não posso ficar sem teto de novo”.

    ‘Estamos em pânico’

    Na casa de Bobby Mann, 53, em St. James City, uma lona ainda serve de telhado dez meses depois que o furacão Ian destruiu sua casa. Ele e sua esposa, Jodi, moram em um trailer estacionado no quintal do terreno da casa enquanto esperam que a casa seja restaurada.

    Com os empreiteiros locais contratados com meses de antecedência, os dois decidiram começar a reconstruir a casa eles mesmos, com a ajuda da FEMA e de outros residentes.

    Lona azul funciona como telhado temporário para a casa dos Manns em St. James City após passagem do furacão Ian
    Lona azul funciona como telhado temporário para a casa dos Manns em St. James City após passagem do furacão Ian / Cortesia/Bobby Mann

    Embora o casal tenha feito progressos, Bobby teme que seus esforços sejam em vão. “Estamos preocupados com a possibilidade de a tempestade arrancar a lona e arruinar tudo em que estamos trabalhando”, disse Bobby à CNN.

    O furacão Ian nos deixou sem nada, diz ele. “Havia mais de um metro e meio de água em toda a nossa casa, agitando-se como uma máquina de lavar”, lembrou Bobby.

    Ele descreve a temporada de furacões do ano passado como uma “zona de guerra” saída de um filme.

    O furacão Ian mudou de curso em relação às previsões, dando um pouco de tempo a mais para eles deixarem a casa com segurança. Desta vez, o casal diz que está reunindo suprimentos e que estará preparado para abandonar o local caso o furacão Idalia se aproxime.

    “Enlouquecer” não é suficiente para descrever o sentimento que Bobby tem. “Isso não é justo. Estamos em pânico”, disse ele.

    Embora as notícias locais apontem que os residentes são fortes e resilientes, e isso é verdade, disse Bobby, a ajuda externa ainda é muito necessária. “Ainda estamos sofrendo. Ainda não estamos recuperados”.

    Construção ainda em andamento da casa dos Mann, que eles mesmos estão tocando, depois da cas aem que moravam ter sido danificada pelo furacão Ian no ano passado
    Construção ainda em andamento da casa dos Mann, que eles mesmos estão tocando, depois da cas aem que moravam ter sido danificada pelo furacão Ian no ano passado / Cortesia/Bobby Mann

    ‘Todo mundo está realmente no limite’

    Todas as pontes para Pine Island quebraram durante a passagem do furacão Ian, deixando Maureen Hawes, 51, presa na ilha, sem casa, energia e água, disse ela. “Era algo que você vê na TV, como ‘Survivor’”, disse a aposentado.

    Hawes e seu marido enchiam sacolas de água em um poço na ilha e tomavam banho n jardim da casa, explicou ela. Todos pareciam estar vivendo de acordo com suas próprias regras.

    “Foi como um vale-tudo”, disse ela. “Não havia polícia, não havia ajuda. Nada por dias. Estávamos sozinhos. Foi meio assustador”.

    Um ano depois, o casal está morando em um trailer de sete metros ao lado da casa da filha e do noivo. “Meu nível de ansiedade está nas alturas”, disse Hawes enquanto se prepara para o furacão Idalia. “Temos um pouco de transtorno de estresse pós-traumático desde o ano passado”.

    Veja também: Furacão Idalia ganha força ao se aproximar dos EUA

    Tracking Idalia

    Quando foram ao supermercado se preparar para a tempestade, ela e o marido perceberam que os clientes começaram a desabafar uns com os outros.

    “Descobrimos que os supermercados eram como uma sessão de terapia e, mesmo ontem, todo mundo estava falando: ‘O que você vai fazer?'”, Disse Hawes. “Todo mundo está realmente no limite”.

    Hawes acabou de obter uma licença para começar a construir uma nova casa na propriedade que comprou após o furacão Ian. “Espero que meu trailer não seja afetado esta noite”, disse. “Espero que, nesta mesma época do próximo ano, eu esteja em minha casa”.

    *Publicado por Pedro Jordão, da CNN, em São Paulo

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