Pesquisa: dois em cada três israelenses querem eleições assim que guerra acabar
Números também mostram descrença da população com a possibilidade de reféns serem resgatados com vida
Dois em cada três israelenses (69%) querem ver o país realizar novas eleições assim que a guerra contra o Hamas terminar, de acordo com uma nova pesquisa divulgada nesta terça-feira (19), com o número se aproximando de 100% (98,5%) na esquerda política e uma maioria tímida (51,5%) sobre a direita política – onde está o governo de Netanyahu.
A maioria dos eleitores (57%) diz que vai ficar com o mesmo bloco político como na última eleição, mas pode mudar de partidos, de acordo com a pesquisa Israel Democracy Institute (IDI); 28% estão indecisos.
O IDI entrevistou 604 pessoas em Israel por telefone e on-line em hebraico e árabe de 11 a 13 de dezembro. A margem de erro na amostra completa é de quatro pontos.
Quando se trata dos objetivos de guerra de Israel, as coisas são menos claras. Uma clara maioria dos judeus israelenses (71,5%) acredita que o objetivo central do país de destruir o Hamas é alcançável. No caso dos árabes do país, que compõem cerca de um quinto da população, o número cai para 65%.
Mas apenas cerca de um terço (35,5%) acredita que o objetivo de levar os 129 reféns israelenses para casa é alcançável. Vale a pena notar que esta pesquisa foi feita antes que os soldados das FDI matassem por engano três reféns israelenses na sexta-feira (15). É improvável que isso tenha aumentado as esperanças de sucesso dos israelenses.
Futuro incerto
À medida que a guerra avança, o que acontece ao lado de Gaza tornou-se uma questão mais urgente para o governo israelense e a comunidade internacional. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeitou os apelos para que a Autoridade Palestina (AP), que administra partes da Cisjordânia, retome o controle de Gaza. “Gaza não será nem Hamastan nem Fatahstan [uma referência à maior facção palestina, a Fatah]”, disse Netanyahu na semana passada. A pesquisa do IDI mostrou que dois terços dos israelenses não acham que Netanyahu tenha um plano.
Uma preocupação mais imediata, especialmente para a comunidade internacional, é o sofrimento dos palestinos na Faixa de Gaza. O Ministério da Saúde do Hamas diz que quase 20 mil pessoas foram mortas. Os números não distinguem entre combatentes e civis, mas o grupo militante diz que a maioria eram mulheres e crianças.
Os números fazem uma leitura sombria para os inimigos e aliados de Israel; até mesmo o presidente dos EUA, Joe Biden, criticou Israel por seu “bombardeio indiscriminado”. Os israelenses não parecem muito preocupados: perguntados se o sofrimento dos palestinos deve ser levado em consideração no planejamento da guerra, 81% dos israelenses judeus dizem que deve ser levado em conta em uma extensão “bastante pequena” ou “muito pequena”.
A pesquisa foi realizada pelo Viterbi Family Center for Public Opinion and Policy Research no Israel Democracy Institute. A coleta de dados foi realizada entre 11 e 13 de dezembro de 2023, com 503 homens e mulheres entrevistados via internet e por telefone em hebraico e 101 em árabe. O erro máximo de amostragem foi de 4,06% em um nível de confiança de 95%, disse a IDI. É a sétima pesquisa rápida desde que a guerra começou em 7 de outubro.