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    Peru é exemplo perfeito de como intolerância política pode descambar para a violência extrema

    Mais de 40 pessoas já morreram no país desde a queda do ex-presidente Pedro Castillo, em dezembro

    Confronto com polícia em ato pró-Castillo no Peru deixa ao menos 17 mortos
    Confronto com polícia em ato pró-Castillo no Peru deixa ao menos 17 mortos Reuters

    Américo Martinsda CNN

    Em Londres

    A convulsão social no Peru é um exemplo perfeito de como a forte polarização e a intolerância política podem evoluir rapidamente para a violência extrema.

    Mais de 40 pessoas já morreram no país desde que o ex-presidente de esquerda Pedro Castillo foi destituído em dezembro de 2022, após tentar fechar o parlamento e dar um golpe de estado.

    A sua queda levou a protestos violentos em várias partes do país, com militantes aliados a ele fechando estradas e tentando tomar prédios e outros pontos estratégicos em diferentes cidades.

    A polícia teve ordens para reprimir duramente os protestos, levando a uma escalada ainda maior da violência.

    Acusação de genocídio

    No dia mais sangrento até aqui, 18 pessoas foram mortas na segunda-feira (9) em Juliaca, na região de Puno, no sudeste do país.

    Os manifestantes tentaram tomar o aeroporto local e foram parados pelos tiros da polícia.

    O Ministério Público reagiu e abriu uma investigação sobre a atuação de várias autoridades nos conflitos, inclusive a presidente Dina Boluarte, sucessora de Castillo, e o primeiro-ministro Alberto Otárola.

    Eles são acusados de genocídio e homicídio qualificado, por conta da repressão aos protestos.

    Seis presidentes em quatro anos

    A instabilidade política no Peru tomou tal proporção que o país já teve seis presidentes diferentes nos últimos quatro anos.

    Os diferentes grupos políticos, de esquerda e de direita, não conseguem mais dialogar e os dois lados sabotam as iniciativas dos oponentes.

    Num parlamento fragmentado e dividido, os pedidos de impeachment dos presidentes e primeiros-ministros são frequentes.

    Castillo, por exemplo, sobreviveu a três pedidos de impeachment em seus 16 meses de governo, até ser finalmente destituído e preso.

    Na terça-feira (10), Boluarte e seu primeiro-ministro sobreviveram a um novo voto de desconfiança no governo. Mas o primeiro-ministro foi ofendido e viu parlamentares da oposição colocarem em frente à sua cara cartazes o chamando de assassino.

    A única saída para o Peru, assim como para outros países da região, incluindo o Brasil, também abalado pelas violentas invasões do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, é a volta de um diálogo civilizado entre as diferentes forças políticas e a rejeição de qualquer tipo de extremismo.

    No caso peruano, no entanto, as tentativas de diálogo parecem não existir neste momento. O que pode levar a ainda mais violência.