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    Papa encerra viagem à Mongólia e diz que Igreja não está empenhada em conversão

    Visita do líder do Vaticano também foi marcada por falas possivelmente dirigidas à China; pontífice afirmou que os governos não têm nada a temer da Igreja Católica pois ela não tem agenda política

    Philip PullellaJoseph Campbellda Reuters , em Ulã Bator

    O papa Francisco encerrou nesta segunda-feira (04) uma viagem histórica à Mongólia – país da Ásia Oriental – que assumiu conotações internacionais por causa dos acenos do pontífice à vizinha China sobre liberdade de religião.

    No final de uma missa no domingo (3), o papa enviou saudações à China, chamando seus cidadãos de um povo “nobre” e pedindo aos católicos da China que sejam “bons cristãos e bons cidadãos”.

    Na segunda-feira (4), o Ministério das Relações Exteriores da China disse que tem adotado uma atitude positiva para melhorar as relações com o Vaticano.

    Pequim mantém comunicação com o Vaticano, afirmou a porta-voz do ministério, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa, quando perguntada sobre os comentários do papa na Mongólia.

    O principal objetivo da viagem de Francisco era visitar a pequena comunidade católica do país. Ele encerrou sua missão de cinco dias nesta segunda-feira com uma parada para inaugurar a Casa da Misericórdia, que oferece assistência médica aos mais necessitados na capital da Mongólia, bem como aos sem-teto, vítimas de abuso doméstico e imigrantes.

    Situada em uma escola reformada e idealizada pelo principal clérigo católico da Mongólia, o cardeal italiano Giorgio Marengo, a Casa da Misericórdia coordenará o trabalho de instituições missionárias católicas e voluntários locais.

    “O verdadeiro progresso de uma nação não é medido pela riqueza econômica, muito menos pelo investimento no poder ilusório dos armamentos, mas por sua capacidade de prover a saúde, a educação e o desenvolvimento integral de seu povo”, disse Francisco na casa.

    Ele também afirmou que queria “dissipar rumores” de que o objetivo das instituições católicas era converter as pessoas à religião, “como se cuidar dos outros fosse uma forma de seduzir as pessoas a ‘se juntarem'”.

    A Mongólia, majoritariamente budista, tem apenas 1.450 católicos em uma população de 3,3 milhões de habitantes e, no domingo, praticamente toda a comunidade católica estava sob o mesmo teto que o papa.

    Na segunda-feira, cerca de duas dezenas de católicos chineses cercaram a comitiva do papa tentando receber suas bênçãos.

    Os devotos, que se identificavam como católicos da China continental e usavam uniformes com a frase “Love Jesus”, se aglomeraram do lado de fora da Casa da Misericórdia.

    Veja também: Ucrânia chama discurso de papa Francisco a jovens russos de “propaganda imperialista”

    Quando a comitiva de Francisco saiu do centro, eles cantaram um hino cristão dedicado ao papa em mandarim e tentaram driblar a segurança e alcançar seu carro. Uma mulher conseguiu passar pela segurança e recebeu uma bênção.

    “Estou muito feliz, não consigo nem controlar minhas emoções agora”, disse a mulher.

    A Mongólia fez parte da China até 1921 e a viagem do papa foi marcada por apelos à superpotência, em meio à difícil relação entre o Vaticano e o Partido Comunista.

    No sábado, em palavras que pareciam ser dirigidas à China e não à Mongólia, Francisco disse que os governos não têm nada a temer da Igreja Católica porque ela não tem agenda política.

    Pequim tem seguido uma política de “sinicização” da religião, tentando eliminar as influências estrangeiras e impor a obediência ao Partido Comunista.

    A Constituição da China garante a liberdade religiosa, mas nos últimos anos o governo aumentou as restrições às religiões vistas como um desafio à autoridade do partido.

     

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