Países iniciam retirada de cidadãos do Sudão
Agências da ONU informam que o número de mortos desde o início do conflito chegou a 427; dezenas de milhares de pessoas fugiram para os países vizinhos, incluindo o Sudão do Sul
Europa, China e Japão correram para retirar seus cidadãos de Cartum nesta segunda-feira e milhares de pessoas aproveitaram uma aparente calmaria nos combates entre o Exército e uma força paramilitar nos últimos dois dias para escapar do Sudão.
A súbita violência entre os militares e o bem armado grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) em 15 de abril desencadeou uma crise humanitária e matou 427 pessoas, disseram agências da ONU. Outros têm manifestado medo à medida que os confrontos se espalham por áreas residenciais.
Países, incluindo Estados do Golfo e a Rússia, estavam tentando retirar os cidadãos na segunda-feira, e houve um êxodo crescente para os vizinhos do Sudão, incluindo 10 mil pessoas que fugiram para o Sudão do Sul, apesar da instabilidade crônica do país.
O Brasil também iniciou a retirada de seus cidadãos do país africano. O Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, informou que 16 brasileiros, entre eles, jogadores do clube de futebol Al-Merreikh, estavam em Cartum quando o conflito armado despontou. Segundo a pasta, 15 dos brasileiros deixaram a capital sudanesa em diferentes “operações de evacuação”.
Junto com milhões de sudaneses sem acesso a serviços básicos, diplomatas estrangeiros, trabalhadores humanitários, estudantes e suas famílias se viram em uma zona de guerra na semana passada. A conectividade com a internet foi cortada na segunda-feira, informou o site Netblocks.
Jatos de combate têm bombardeado a capital, o principal aeroporto está no centro dos combates e as barragens de artilharia tornaram inseguro o movimento dentro e fora de uma das maiores cidades da África. Diplomatas foram alvo de ataques e pelo menos cinco trabalhadores de grupos humanitários foram mortos.
Apesar da pressão contínua de países preocupados com as repercussões mais amplas do conflito, além da segurança de seus cidadãos, os dois lados não aceitaram uma trégua temporária.
No entanto, os combates diminuíram o suficiente no fim de semana para que os Estados Unidos retirassem autoridades da embaixada em um helicóptero militar, provocando uma onda de retiradas de outros países.
Famílias com crianças se amontoaram em aviões de transporte militar espanhóis e franceses e um grupo de freiras estava entre as pessoas retiradas por um avião italiano, mostraram fotografias. Alguns dos voos partiram da base aérea de Wadi Seyidna, ao norte de Cartum, informou o Exército.
Pelo menos dois comboios envolvidos em retiradas foram atacados no fim de semana, incluindo um que transportava funcionários da embaixada do Catar e outro que transportava cidadãos franceses, um dos quais ficou ferido.
França e Alemanha disseram nesta segunda-feira que retiraram cerca de 700 pessoas, sem detalhar suas nacionalidades. Um avião da força aérea alemã transportando os retirados pousou em Berlim na manhã desta segunda-feira.
Vários países enviaram aviões militares de Djibuti para retirar as pessoas da capital, enquanto outras operações levaram pessoas em comboio para Porto Sudão, no Mar Vermelho, que fica a cerca de 800 quilômetros por estrada de Cartum. De lá, alguns embarcaram em navios para a Arábia Saudita.
A Indonésia afirmou que até agora mais de 500 de seus cidadãos foram retirados para o porto e aguardavam transporte para Jeddah, do outro lado do Mar Vermelho.
China, Dinamarca, Líbano, Holanda, Suíça e Suécia também disseram que retiraram cidadãos, enquanto o Japão declarou que estava se preparando para enviar uma equipe de retirada a partir de Djibuti.
Um comboio de cerca de 65 veículos transportando cerca de 700 funcionários internacionais das Nações Unidas, ONGs e embaixadas e seus dependentes viajou de Cartum para Porto Sudão no domingo como parte das operações de retirada, disse uma fonte diplomática.
(Com informações da CNN)