Os principais nomes envolvidos na guerra Israel-Hamas
Disputa por terra considerada sagrada é um dos pontos do conflito, iniciado em 7 de outubro
A disputa pela Palestina, terra considerada sagrada pelos árabes, coloca Israel e o grupo radical islâmico Hamas em luta há várias décadas.
Com milhares de mortos e feridos dos dois lados, os principais nomes envolvidos na guerra conseguiram escapar quase ilesos, e mantêm a troca de acusações e farpas com o passar do tempo.
O Hamas foi criado em 1987 por palestinos que não reconhecem Israel como Estado, e que consideram que a Palestina é como deveria se chamar o território, com Jerusalém como capital.
As tensões passaram a ser ainda maiores desde a independência de Israel, em 1948. O fato é contestado pelos grupos palestinos, que acusam a comunidade israelense e internacional de racismo, antissemitismo e de crimes contra a humanidade por causa da chamada “auto-ocupação da terra sagrada”.
Nomes fortes do Hamas
Juntou-se ao grupo logo após a “fundação”, em 1987. Especialista em armas, criou um grupo separado do Hamas com o objetivo de capturar soldados israelenses, chamado de brigadas Izz al-Din al-Qassam. Ele é considerado o engenheiro responsável por construir os túneis por onde os combatentes do Hamas se infiltraram em Israel a partir de Gaza, além de promover a estratégia de lançar um maior número de foguetes contra o território israelense nos ataques em 2023. Sobreviveu a, pelo menos, cinco tentativas de assassinato por parte dos israelenses, o que lhe rendeu um apelido curioso: “gato de 9 vidas”. Ele também é conhecido como “o hóspede”, pois não fica mais de um dia no mesmo endereço.
Marwan Issa
Braço direito de Mohammed Deif, é o vice-comandante-chefe das brigadas al-Qassam. Considerado “a cabeça pensante” do grupo, é uma espécie de mentor intelectual do grupo, e um dos responsáveis pelo desenvolvimento dos sistemas militares das brigadas. Se juntou ao Hamas no início do grupo, quando foi preso por Israel. A Autoridade Palestina, comandada pelo grupo rival do Hamas, o Fatah, também o prendeu em 1997, mas Issa conseguiu escapar em 2000.
VÍDEO – Hamas treinou para guerra ao lado de fronteira com Israel
Yahya Sinwar
Líder do Hamas e chefe do gabinete político do grupo. Fundou o serviço de segurança interno chamado “Majd”, que evoluiu para rastrear serviços de inteligência e segurança israelenses. Ele foi preso três vezes, duas antes da fundação do grupo. Em 1988, foi condenado a quatro penas de prisão perpétua. Em 2011, ele foi solto após uma negociação entre Israel e Hamas para a libertação de mais de mil prisioneiros em troca do soldado israelense Gilad Shalit, capturado em 2006 pelo grupo extremista na fronteira com a Faixa de Gaza.
Abdullah Al-Barghouti
Nascido no Kuwait e cidadão da Jordânia, Al-Barghouti estudou engenharia eletrônica e aprendeu a fabricar explosivos. As habilidades impressionaram os líderes do Hamas, que o convidaram para integrar as brigadas al-Qassam. Criou uma fábrica especial para produção militar em um armazém. Foi preso por acaso em 2003 pelas forças especiais israelenses e interrogado durante três meses consecutivos. Foi condenado a 67 penas de prisão perpétua e mais 5.200 anos de prisão. Al-Barghouti fez uma greve de fome na cadeia, pedindo para não ficar mais isolado. Escreveu um livro, chamado “O príncipe das Sombras”, em que contava detalhes da própria vida e como contrabandeou explosivos, realizando operações à distância com detalhes precisos.
Ismail Haniyeh
Nasceu em um campo de refugiados palestinos, é o chefe do gabinete político do Hamas e foi primeiro-ministro do 10º mandato do governo palestino, entre 2006 e 2007. Um ano depois, Haniyeh foi destituído do cargo pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, após as brigadas al-Qassam tomarem controle da Faixa de Gaza, expulsando membros do grupo Fatah durante uma semana de violência. Haniyeh classificou a destituição como “inconstitucional” e proclamou que o governo dele continuaria “cumprindo as suas responsabilidades nacionais para com o povo palestino”. Ele defendeu a reconciliação com o Fatah em várias oportunidades.
VÍDEO – Saiba como o Hamas adquiriu armas e mísseis para guerra contra Israel
Khaled Meshaal
Um dos fundadores do Hamas e membro do gabinete político desde a criação. Ele assumiu a presidência do gabinete entre 1996 e 2017, e foi nomeado líder após a morte do xeque Ahmed Yassin, em 2004. Em 1997 sofreu uma tentativa de assassinato por parte da agência de inteligência de Israel, comandada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, quando foi envenenado enquanto andava por uma rua de Amã, capital da Jordânia. O caso ganhou repercussão internacional e Netanyahu foi convencido a fornecer o antídoto.
Mahmoud Al-Zahar
Considerado um dos líderes de maior destaque no Hamas e membro da liderança política do movimento. Médico, chegou a trabalhar em hospitais israelenses até ser demitido por causa das posições políticas envolvendo a Palestina. Foi preso seis meses após a criação do Hamas, foi deportado em 1992, e voltou após o grupo extremista vencer as eleições legislativas de 2005, quando foi ministro de Relações Exteriores.
Quem é quem em Israel
Benjamin Netanyahu
Primeiro-ministro israelense, lutou na Guerra do Yom Kippur, em 1973, uma das várias incursões para o controle da Palestina. Quando assumiu a cadeira principal do governo de Israel em 1996, era contra algumas propostas do Acordo de Oslo (em que foi criada a Autoridade Nacional Palestina), e dizia que os palestinos era quem deviam procurar Israel se quisessem um acordo de paz duradouro. A visão política fez ele ser conhecido pelos “três nãos”: nenhuma retirada das Colinas de Golã, nenhuma negociação sobre o status de Jerusalém, nenhuma negociação com pré-condições. Em 2021, após a Operação Guardião das Muralhas, outra onda de ataques mútuos entre o país e o Hamas, deixou o cargo após um acordo assinado pelos líderes da oposição israelenses. Porém, no ano passado, o partido dele (Likud, de direita) venceu as eleições parlamentares, e ele foi reconduzido ao cargo.
Isaac Herzog
Presidente de Israel, tem uma visão de que a ideia de dois Estados (como proposto pela Organização das Nações Unidas no Acordo de Oslo, em 1993) pode ser a solução para o conflito entre o país e a Palestina, além de ‘congelar’ os assentamentos judeus na Cisjordânia. Dedicado à advocacia e política, tem um perfil considerado “baixo”, é líder da centro-esquerda israelense.
Shimon Peres
Presidente de Israel entre 2007 e 2014, e primeiro-ministro quando recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1994, compartilhou a informação de que havia uma negociação secreta com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) para Yitzhak Rabin, e conseguiu levar o acordo adiante. Na época, aconteciam conversas em Madrid (Espanha), que não avançaram. Morreu em 28 de setembro de 2016, aos 93 anos, após complicações causadas por um derrame cerebral.
Yitzhak Rabin
Ex-primeiro-ministro de Israel, atuou também no Exército antes de seguir na carreira política. Em 1992, foi reeleito como primeiro-ministro, em uma plataforma que abraçava o processo de paz entre Israel e Palestina. Isso, claro, passou pelos acordos com a liderança palestina em Oslo e o Prêmio Nobel da Paz. Em novembro de 1995, ele foi assassinado por um extremista chamado Yigal Amir, que se opôs aos termos dos Acordos de Oslo. Shimon Peres assumiu o cargo.
Os nomes da Palestina
Mahmoud Abbas
Presidente da Autoridade Nacional Palestina desde 2005, é um dos fundadores do grupo Fatah. Palestino, foi refugiado e morou com a família na Síria. Apoiou a decisão de Yasser Arafat (outro fundador do Fatah) em integrar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que se considera a única representante legítima do povo palestino. Em 1980, foi eleito membro do Comitê Executivo da OLP e em 1984 se tornou chefe do Departamento de Relações Externas.
Yasser Arafat
Foi contrário à independência de Israel, em 1948, e é outro dos criadores do Fatah, organização paramilitar que queria a substituição de Israel por um estado palestino. Em 1988, ele reconheceu o direito de existência de Israel e buscou uma solução de dois Estados. Em 1993, reconheceu de fato o Estado de Israel numa carta ao primeiro-ministro Yitzhak Rabin. Em resposta, Israel reconheceu a OLP como representante legítima do povo palestino. Em 1994, Arafat recebeu o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com Yitzhak Rabin e Shimon Peres, pelas negociações em Oslo para acabar com o conflito. Na época, o apoio do Fatah entre os palestinos diminuiu com o crescimento do Hamas e de outros rivais. Arafat foi presidente do Comitê Executivo da OLP de 1969 até a morte em 2004.