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    Oligarcas russos buscam formas de dificultar rastreamento de iates; entenda

    Embarcações passaram a ser apreendidas por países da Europa e os EUA após a invasão da Ucrânia; uma das medidas adotadas pelos proprietários é desligar o sistema de rastreamento

    Anna Gabriela Costada CNN , em São Paulo

    Desde o início da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro deste ano, oligarcas russos passaram a sofrer sanções da União Europeia e os Estados Unidos. Entre os principais alvos estão os mega iates, que já foram apreendidos por governos de países como Alemanha e França. Desde então, bilionários passaram a buscar formas de “driblar” a fiscalização.

    Segundo reportagens veiculadas na imprensa europeia, alguns desses barcos ligados a oligarcas russos estão desligando o sistema de identificação automática (AIS), utilizado para rastrear embarcações.

    O professor Renato Giacomini, coordenador do departamento de Engenharia Elétrica da FEI, explica que esse sistema faz um rastreio dos navios em todo o mundo, visando garantir a segurança das embarcações.

    “Na maior parte dos casos, o que acontece é que, pelo GPS, o próprio navio recebe e calcula a posição dele a partir dos sinais de satélite e transmite isso para os outros navios e as estações em terra, de tal forma que esses dados fiquem disponíveis para localização do navio tanto para questões de segurança quanto para rastreabilidade”, explicou.

    O professor afirma que a ativação desse sistema é obrigatória, mas, dependendo do tamanho da embarcação e do país onde ocorre a navegação, a legislação pode mudar.

    “A possibilidade de desligar o sistema existe, mas, dependendo do tamanho do navio, isso é ilegal, dependendo de onde ele está. Um barco pequeno que faz só navegação costeira é diferente de um grande transatlântico”, disse Giacomini.

    O especialista acrescenta que essa maneira de burlar a fiscalização pode gerar riscos. “Se uma determinada pessoa, que tem uma embarcação própria, quisesse escondê-la, a primeira coisa a fazer seria desligar esses sistema. Mas fica em uma situação em que ele [barco] terá menos segurança, porque ninguém saberá onde ele está”, acrescenta o professor da FEI. Os prejuízos na segurança seriam pelo aumento da possibilidade de colisões e pela dificuldade em caso de haver necessidade de resgate.

    Questionado sobre a possibilidade de os iates serem localizados por serviços de inteligência –mesmo com o sistema de rastreamento desativado– o professor disse que, mesmo assim, seria possível serem achar os iates.

    “É sempre possível, a gente só não consegue garantir a localização de submarinos, porque o submarino tem justamente essa intenção. Como a água do mar é salgada, a propagação de onda eletromagnética é muito ruim, tem muita perda na água do mar, então o radar não funciona”, afirma.

    No caso de navio de superfície, explica o especialista, ele sempre pode ser localizado.

    “Porém, se você não está transmitindo sua posição regularmente, então vai precisar de um sistema ativo, um sistema de detecção ou de outra embarcação, ou até mesmo sistemas em terra que vão conseguir te localizar. Outra forma seria por triangulação dos sinais de rádio de comunicação do navio”, acrescenta.

    Veja imagens de alguns iates:

    Bilionários da Rússia movem iates para Maldivas

    Pelo menos cinco iates de propriedade de bilionários russos estavam ancorados ou navegando nas Maldivas, uma nação insular do Oceano Índico que não tem tratado de extradição com os Estados Unidos, mostraram dados de rastreamento de embarcações.

    A chegada das embarcações ao arquipélago na costa do Sri Lanka ocorreu após imposição de severas sanções ocidentais à Rússia.

    O iate Clio, de propriedade de Oleg Deripaska, fundador da gigante do alumínio Rusal, que foi sancionada pelos Estados Unidos em 2018, ancorou na capital Malé em março, de acordo com o banco de dados MarineTraffic.

    O Titan, de Alexander Abramov, cofundador da produtora de aço Evraz, chegou em 28 de fevereiro.

    Três outros iates pertencentes a bilionários russos foram vistos navegando nas águas das Maldivas, mostraram os dados, incluindo o Nirvana, de 88 metros, de propriedade do homem mais rico da Rússia, Vladimir Potanin.

    A maioria das embarcações foi vista pela última vez ancorada em portos do Oriente Médio no início do ano.

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