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    Oligarca russo elogia assassinato de ex-combatente que passou para lado ucraniano

    Empresário Yevgeny Prigozhin fundou Grupo Wagner, que está fortemente envolvido nos combates na Ucrânia

    Katharine KrebsTim ListerJosh Penningtonda CNN

    O oligarca russo Yevgeny Prigozhin, responsável pela criação do Grupo Wagner, que está fortemente envolvido nos combates na Ucrânia, elogiou um vídeo que exibe o assassinato brutal de um ex-membro do grupo.

    O vídeo foi publicado no final de semana no canal Grey Zone, no Telegram, que frequentemente mostra as atividades dos mercenários do Grupo Wagner.

    Nas imagens, um membro do grupo que desertou e passou para o lado ucraniano é morto com golpes de marreta. O nome do homem, como ele próprio revela no vídeo, é Yevgeny Nuzhin.

    No vídeo, Nuzhin diz: “No dia 4 de setembro eu executei meu plano de passar a lutar com as tropas ucranianas. Em 11 de novembro, estava em uma rua em Kiev quando alguém me bateu na cabeça e eu perdi a consciência”.

    Ele acrescenta: “Acordei em porão, onde me disseram que eu seria  julgado”.

    Em questão de segundos após a fala, ele é assassinado com pelo menos um golpe de marreta.

    Prigozhin foi questionado sobre o crime em seu canal no Telegram. Sem admitir diretamente que os mercenários do Grupo Wagner eram os autores do homicídio, o oligarca disse: “Nuzhin traiu seu povo, traiu seus companheiros, traiu a todos conscientemente. Ele não foi preso ou se rendeu. No lugar disso, ele planejou sua fuga. Nuzhin é um traidor”.

    “O povo russo consegue sentir o cheiro de traição: é genético. Daí os comentários nas redes sociais”, completou Prigozhin, referindo-se a algumas reações positivas ao assassinato.

    Em outra mensagem de Telegram, Prigozhin chamou o vídeo “um excelente trabalho de diretor”.

    “Prefiro ver essa história no cinema. Quanto ao homem executado, fica claro nesse espetáculo que ele não encontrou felicidade na Ucrânia, e sim que encontrou pessoas pouco amáveis, ainda que justas. Acho que o nome desse filme é ‘O cão recebe a morte do cão’”.

    O texto no canal Grey Zone que acompanha o vídeo diz que “a marreta e os traidores têm uma relação próxima de acordo com a ‘orquestra’ [um apelido do Grupo Wagner]. E, agora, ao desaparecer subitamente da investigação em Kiev, o traidor recebeu o castigo wagneriano tradicional e primordial”.

    No início de setembro, Nuzhin foi entrevistado pelo jornalista ucraniano Yuriy Butusov e falou da sua rendição às forças ucranianas e da sua vontade de lutar do lado de Kiev.

    O ex-combatente também falou sobre como o Grupo Wagner recruta prisioneiros para lutar na Ucrânia em troca da promessa de perdão total na Rússia.

    No início de outubro, Nuzhin deu outra entrevista, esta à jornalista ucraniana Ramina Eskhakzai, expressando o seu apoio à Ucrânia e revelando mais detalhes sobre o funcionamento do Grupo Wagner.

    Na conversa, o russo confirmou que havia passado 23 anos na prisão de Nizhny Novgorod por assassinato. Ele deveria ser solto em 2027, mas escolheu aderir ao Grupo Wagner para lutar na Ucrânia e conquista a liberdade mais cedo.

    Além disso, Nuzhin contou: “Meus pais vivem no oeste da Ucrânia. Como você pode fazer guerra com sua própria família?”

    Ainda não está claro como Nuzhin terminou em cativeiro.

    A CNN contatou as autoridades ucranianas para perguntar se Nuzhin havia sido enviado para território controlado pela Rússia em troca da libertação de prisioneiros de guerra ucranianos, ou se fora raptado sem o conhecimento das autoridades.

    Na sexta-feira (11), o chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, Andriy Yermak, disse numa declaração que 45 soldados ucranianos tinham regressado do cativeiro em uma outra rodada de troca de prisioneiros.

    Anastasia Kashevarova, ex-conselheira do chefe da Duma (o parlamento russo) Viacheslav Volodin, disse que a troca incluía mercenários do Grupo Wagner, mas não os identificou.

    Perguntado sobre o vídeo nesta segunda-feira (14), o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov disse: “Não faremos comentários. Não sabemos o que é ou a sua veracidade. Não é o nosso negócio”.

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