Oferecer vacinas é uma forma de fortalecer relação entre países, diz analista
Thiago de Aragão, diretor de estratégia da Arko Advice, traça um paralelo entre o fornecimento de vacina e os acordos de infraestrutura 5G
Um levantamento feito pelo jornal britânico The Financial Times sobre a compra antecipada de doses das vacinas contra o novo coronavírus mostrou que dos 12 países que estão à frente na corrida pela imunização, apenas o Brasil e a Indonésia já adquiriram doses da vacina chinesa da Sinovac, o que pode ser reflexo das tensões entre os EUA e países aliados com a China.
Para Thiago de Aragão, diretor de estratégia da Arko Advice e pesquisador sênior do CSIS (Center for Strategic and International Studies) de Washington, o desenvolvimento de vacinas é um fator para que países fortaleçam relações geopolíticas.
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“À medida que um país desenvolve a vacina e vê países estratégicos sem possibilidade de comprar o medicamento em grandes volumes, oferecer o produto para estes locais se torna uma oportunidade para fortalecer relações estratégicas,” diz Aragão.
“Veja o caso do mar do sul da China, onde o direito marítimo diz que o país viola o território de nove países. Ao oferecer vacina para as nações da região, a China pretende tirar o peso dessas violações.”
Aragão também entende que o país que entregar primeiro a vacina irá ganhar vantagens interna e externamente.
“Ao entregar a vacina primeiro, você fortalece a credibilidade doméstica e as alianças internacionais mais críticas.”
Comparação com o 5G
O consultor traçou uma relação entre a disputa por vacinas no mundo com a disputa para quem irá fornecer a infraestrutura 5G ao redor do planeta.
Segundo Aragão, tanto no caso da vacina quanto do 5G, um acordo abre caminho para novos negócios entre os países
“Quando sua empresa fornece uma rede 5G em determinado país, ela ganha atenção e credibilidade, além de um controle de fornecimento que abre portas para outros acordos.”
