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    Obama: Trump se preocupa com ego, Biden se preocupa em ‘manter famílias seguras’

    Ex-presidente falou em Flint ao lado de Biden; é a primeira vez que os dois aparecem juntos no mesmo palco desde 2012

    Dan Merica e Jeff Zeleny, da CNN, em Flint, Michigan

    Barack Obama assumiu o papel de testemunha do caráter de Joe Biden no sábado (31) em Michigan, contrastando a “decência e empatia” de seu ex-vice-presidente com o foco do presidente Donald Trump em “alimentar seu ego” em meio à pandemia de coronavírus.

    O evento em Flint, Michigan, foi o primeiro de dois comícios no sábado que têm o ex-presidente como a atração principal ao lado de Biden. O outro estava programado para Detroit. Foi a primeira vez que os dois apareceram juntos no mesmo palco desde 2012. Os eventos acontecem em cidades predominantemente negras que serão críticas para o sucesso de Biden em Michigan na terça-feira (3).

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    Os comentários de Obama incluíram repreensões violentas a Trump, incluindo zombar de seu foco no tamanho da multidão e menosprezar suas realizações econômicas. O primeiro comício de sábado, em Flint, se destacou das aparições anteriores de Obama por causa da maneira como o ex-presidente elogiou o caráter de Biden.

    “Joe Biden é meu irmão. Eu amo Joe Biden. E ele será um grande presidente”, disse Obama, observando que embora não conhecesse Biden bem quando o escolheu para ser seu companheiro de chapa, ele aprendeu rapidamente que Biden tratava a todos com “dignidade e respeito”.

    “Esse senso de decência e empatia, a crença no trabalho árduo, na família e na fé, a crença de que todos importam, esse é Joe, e esse é quem ele será como presidente”, discursou Obama, acrescentando que Biden “me tornou um melhor presidente”.

    “Ele tem o caráter e a experiência para nos tornar um país melhor”, acrescentou Obama. “E ele e Kamala [Harris] vão estar na luta, não por eles, mas por cada um de nós. E com certeza não podemos dizer isso sobre o presidente que temos agora”.

    Obama então voltou seu foco para Trump, criticando o presidente por alegar sem fundamento em um evento recente em que os médicos estão aumentando a contagem de mortes por coronavírus para ganhar dinheiro.

    “Agora ele está acusando os médicos de lucrar com esta pandemia. Pense nisso”, disse Obama de forma incrédula. “Ele não consegue entender, não entende a noção de que alguém arriscaria sua vida para salvar outras pessoas sem tentar ganhar dinheiro”.

    Obama então se tornou mais pessoal ao questionar por que Trump estava tão obcecado com o tamanho da multidão em seus eventos.

    “Ele não tem nada melhor para se preocupar? Ninguém foi à festa de aniversário dele quando ele era criança? Ele ficou traumatizado?”, perguntou Obama. “O que que é isso com as multidões?”

    As frases sarcásticas foram centrais para o argumento de Obama contra Trump e a favor de Biden.

    “Vocês sabem que quando um país está passando por uma pandemia não é com isso que você deveria se preocupar. E essa é a diferença entre Joe Biden e Trump aqui. Trump se preocupa em alimentar seu ego. Joe se preocupa em manter vocês e suas famílias seguros. Ele está menos interessado em alimentar seu ego com grandes multidões do que em se certificar de que não vai deixar cada vez mais pessoas doentes. Isso é o que se deve esperar de um presidente”.

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    O local da primeira aparição conjunta dos dois ressaltou a questão central que paira sobre os democratas: será que os eleitores que não saíram para votar em Hillary Clinton votarão em Biden?

    Multidões de pessoas acenaram com placas e aplaudiram ao longo da estrada quando Obama e Biden chegaram em seu comício drive-in em

    Flint, que fica no condado de Genesee, na tarde ensolarada de sábado. Quatro anos atrás, Hillary Clinton recebeu 26 mil votos a menos lá do que Obama e Biden em 2012.

    A segunda parada de Obama e Biden no sábado foi marcada para Detroit, que fica no condado de Wayne, onde a queda entre os eleitores foi ainda mais dramática. Hillary Clinton recebeu 75 mil votos a menos do que a chapa democrata em 2012.

    Juntos, os dois condados sozinhos representaram 100 mil votos a menos em 2016 para os democratas. Trump venceu Michigan por 10.704 votos.

    Barack Obama e Joe Biden
    Barack Obama e Joe Biden
    Foto: Reprodução/Twitter @JoeBiden (31.out.2020)

    “Não podemos ser complacentes”, afirmou Obama. “Não dessa vez. Não nesta eleição. Fomos um pouco complacentes na última eleição”.

    Buzinas soaram alto no estacionamento enquanto Obama implorava aos eleitores de Michigan que “comparecessem [às urnas] como nunca”. Ele disse: “imaginem se 60% de nós votassem, se 70% de nós votassem?”

    A pandemia de coronavírus mudou dramaticamente a corrida presidencial, com os democratas transformando sua campanha em virtual. As autoridades democratas não questionam a decisão, mas dizem que se preocupam se a falta de um programa de campo tradicional representará menos votos para Biden onde ele mais precisa.

    Quando Biden subiu ao palco, ele acenou com a cabeça para o fato de que apenas ouvir o ex-presidente falar poderia ser catártico para os democratas.

    “Isso lembra a vocês como pode ser bom ouvi-lo, não é?”, brincou Biden.

    O ex-vice-presidente continuou a ecoar os comentários de Obama, especialmente quando criticou Trump em termos duros por sugerir falsamente que os médicos ganham mais dinheiro quando os números do coronavírus são mais altos.

    “Ele sugeriu falsamente que eles estão aumentando o número de mortes de Covid para ganhar mais dinheiro”, falou Biden. “O que diabos há de errado com este homem? Desculpem-me pela minha linguagem, mas pensem nisso. É pervertido”.

    Biden acrescentou: “Ele pode acreditar porque não faz nada senão por dinheiro. O povo desta nação sofreu e se sacrificou por nove meses, ninguém mais do que os médicos na linha de frente e os trabalhadores da saúde, e este presidente está questionando o caráter deles? A integridade deles? Seu compromisso com seus compatriotas norte-americanos? É mais do que ofensivo, é uma vergonha”.

    Obama tem sido um dos defensores mais enérgicos de Biden em campanha, usando uma série de eventos neste mês para colocar Trump como mal preparado e desinteressado pela presidência. Obama também tem rotineiramente apontado Biden como o homem certo para a presidência neste momento de crise, quando o coronavírus continua a se espalhar e a economia está ameaçada.

    As críticas mais incisivas de Obama a Trump neste mês se concentraram no coronavírus, algo que se repetiu no sábado em Michigan.

    “E qual é a palavra final dele? Que as pessoas estão muito focadas na Covid-19. Ele disse isso em um de seus comícios. Covid, Covid, Covid, ele está reclamando”, disse Obama na Flórida esta semana. “Ele está com ciúmes da cobertura dada pela mídia à Covid. Se ele tivesse se concentrado na Covid desde o início, os casos não estariam atingindo novos recordes em todo o país esta semana”.

    No sábado, Obama classificou a eleição como crítica para o futuro do país. O ex-presidente observou que seu discurso estava acontecendo durante o jogo Michigan-Michigan State Football, uma rivalidade acirrada onde o Troféu Paul Bunyan estava “em jogo”.

    “Mas nesta terça-feira tudo está em jogo”.

    (Texto traduzido, leia o original em inglês)

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