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    O que você precisa saber sobre as eleições em Israel

    Israelenses vão às urnas pela terceira vez em menos de um ano para tentar resolver um impasse político no país

    Os israelenses vão às urnas nesta segunda-feira, 2, pela terceira vez em menos de um ano, e tentam encontrar uma forma de acabar com o impasse político no país. Assim como nas outras duas votações realizadas em 2019, a eleição desta segunda coloca o líder há mais tempo no poder em Israel, Binyamin Netanyahu, contra o ex-chefe das Forças Armadas Benny Gantz.

    As pesquisas de opinião não mostraram muitas mudanças nesta terceira rodada de campanha. Nem Gantz, do Partido Azul e Branco, nem Netanyahu, do Likud, devem conseguir obter o apoio que precisam para construir uma coalizão de sucesso.

    O Likud parece sair da campanha como o partido mais forte, mas provavelmente não o bastante para acabar com o impasse político. Com isso, os pessimistas dizem que o país segue rumo a uma quarta votação. Veja abaixo o que você precisa saber sobre as eleições em Israel.

    Como funciona essa eleição e quais são as peças-chave?

    Trinta partidos participam do pleito, mas Netanyahu e Gantz definitivamente lideram com folga a batalha pelos 120 assentos do Parlamento, conhecido como Knesset. Likud é um partido de direita, enquanto o Azul e Branco tem se posicionado como de centro.

    Três das principais pesquisas eleitorais mostram o Likud ligeiramente à frente do Azul e Branco, mas nenhum dos dois está perto de conseguir os 61 assentos necessários para obter a maioria. Isso não surpreende, visto que Israel está acostumado a ser governado por coalizões compostas por várias legendas.

    Normalmente, dois ou três partidos menores encontram uma forma de chegar a um consenso com uma legenda maior para formar governo. Contudo, essa lógica foi quebrada, e desde abril, nem Netanyahu, que tentou duas vezes formar um governo, nem Gantz, que tentou apenas uma, conseguiram reunir apoio suficiente.

    O personagem principal dessa disputa tem sido o ex-ministro da Defesa Avigdor Liberman, que comanda o partido Yisrael Beitenu. Ele surpreendeu Netanyahu após a disputa de abril, quando falhou em concordar com os termos do premiê, apesar de os dois manterem uma relação que dura décadas. Em setembro, ele decidiu que não poderia se unir à coalizão liderada por Gantz.

    O que muda nessa eleição?

    Apesar de estar há anos sob investigação, foi só no fim de janeiro que Netanyahu foi formalmente indiciado, sob acusações de corrupção, fraude e quebra de confiança, em três casos diferentes. O julgamento dele deve começar 15 dias após as eleições.

    Procuradores dizem que no caso mais sério, conhecido como Caso 4000, o premiê concedeu benefícios regulatórios avaliados em mais de 1 bilhão de shekels (cerca de US$ 280 milhões) a um amigo, o milionário Shaul Elovitch, em troca de uma cobertura favorável ao líder no site de notícias Walla!, de propriedade de Elovitch.

    Netanyahu já afirmou diversas vezes que é inocente, e classifica as investigações como uma “tentativa de golpe” conduzida pela esquerda e a imprensa local – uma visão compartilhada por seus apoiadores. Elovitch também nega as acusações.

    Sob a lei de Israel, Netanyahu não precisa renunciar ao cargo de primeiro-ministro até que uma possível condenação seja determinada ao longo do processo de apelação – o que pode durar meses, ou até mesmo anos.

    Trump ajudou Netanyahu na eleição?

    O presidente americano, Donald Trump, revelou seu plano para o Oriente Médio no mesmo dia em que Netanyahu foi indiciado. O projeto, amplamente rejeitado pelos líderes palestinos, prevê Jerusalém como capital indivisível de Israel e dá ao país permissão para anexar todos os assentamentos da Cisjordânia, assim como os do Vale do Jordão.

    A medida foi vista como uma tábua de salvação política e pessoal para Netanyahu na época, marcando uma grande mudança dos Estados Unidos em direção a uma posição que favorece a direita de Israel. Mas o movimento potencialmente revolucionário parece ter feito pouco para mudar a situação eleitoral.

    Por sua parte, Gantz ofereceu seu apoio ao plano de Trump, mas ressaltou que apenas seguirá com a anexação em coordenação com a comunidade internacional.

    Em um esforço para jogar mais lenha na fogueira para seus apoiadores nos últimos dez dias de campanha, Netanyahu anunciou planos para construir milhares de unidades residenciais nos assentamentos próximos a Jerusalém.

    O novo coronavírus vai afetar a votação?

    Casos confirmados do novo coronavírus em Israel não chegam a dez, por enquanto Mesmo assim, as autoridades anunciaram o primeiro caso de transmissão local, e uma pesquisa divulgada uma semana antes da votação sugeriu que mais de 1 em 20 eleitores estavam em dúvida sobre ficar em casa por medo de contrair a doença.

    Autoridades estão construindo postos de votação especiais em cerca de 10 locais pelo país para dar aos eleitores que estão sob auto-quarentena a chance de votar.

    Como é realizada a votação?

    Os israelenses ainda votam em cédulas de papel. Eles escolhem os partidos, e não os candidatos. Nos postos de votação, cada eleitor seleciona uma folha correspondente à lista do partido o qual deseja apoiar. Os cidadãos colocam essa cédula em um envelope e depositam na urna.

    Mesmo com 30 partidos participando da eleição, apenas 8 (possivelmente 9) devem obter o mínimo de 3,25% necessário para entrar no Parlamento. Dois partidos que representam comunidades ultra-ortodoxas devem ganhar assentos. Há também um partido que se denomina como à direita do Likud, e outro à esquerda do Azul e Branco, que deve conseguir representação.

    E também há uma coalizão de partidos que representam as comunidades árabes de Israel. Denominada Lista Conjunta, o grupo está confiante que terminará em terceiro lugar. 

    Ele poderia apoiar um governo liderado por Benny Gantz. Isso aconteceu apenas uma vez, quando partidos árabes oferecerem ao Parlamento apoio ao governo de Yitzhak Rabin, em 1992, do Partido Trabalhista, sem se unir à coalizão de fato.

    Entretanto, a divulgação do plano de Trump para o Oriente Médio pode ter distanciado a Lista Conjunta do Partido Azul e Branco, tornando mais difícil uma cooperação entre eles.

    Quando os resultados serão divulgados?

    Pela lei, os primeiros resultados lançados no dia das eleições são divulgados por volta das 22h locais (17h em Brasília). Esses números darão os primeiros indicativos de onde os partidos se encontram. Mas esses dados saem com um alerta: algumas vezes, eles preveem o futuro; outras, ficam completamente longe do oficial.

    Os resultados finais podem levar alguns dias para serem divulgados, enquanto as urnas são checadas e os votos, apurados. Mas eles devem se tornar óbvios muito antes disso, e geralmente fica muito claro até o amanhecer do dia seguinte à votação qual forma as negociações para uma possível coalizão podem tomar.

    Oficialmente, está nas mãos do presidente de Israel decidir quem ficará com a tarefa de formar o próximo governo. Ele anuncia sua decisão depois de se consultar com os líderes dos partidos políticos que obtiveram votos suficientes para entrar no Knesset. Essas conversas podem levar alguns dias, e o presidente anuncia sua decisão cerca de uma semana após as eleições.

    A partir desse ponto, o líder do partido apontado para realizar a tarefa tem seis semanas para formar um governo. Se ele ou ela falhar, a tarefa é, então, passada ao líder de outro partido.

    Se nem Netanyahu e nem Gantz conseguirem formar uma coalizão, o país pode ser obrigado a realizar uma quarta eleição ainda este ano.

     

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