O que você precisa saber sobre a tensão na fronteira entre Polônia e Belarus
Milhares de imigrantes estão presos na divisa dos dois países europeus em meio a uma disputa geopolítica que se intensifica
Milhares de pessoas estão presas na fronteira entre a Polônia e Belarus, em condições terríveis, em meio a uma disputa geopolítica que se intensifica.
Os imigrantes – a maioria deles do Oriente Médio e da Ásia, que esperam viajar da Polônia para o interior da Europa – estão se reunindo no lado bielorrusso da passagem de fronteira de Kuznica.
As autoridades fecharam a travessia na terça-feira (9) e imagens aéreas mostram grandes multidões se reunindo na região.
Isso é o que você precisa saber sobre essa crise na Europa:
Imigrantes enfrentam condições terríveis
As instituições de caridade dizem que as pessoas presas na área da fronteira estão lutando contra o tempo congelante e não têm comida e atenção médica, com relatos de espancamentos e condições extenuantes.
Um solicitante de asilo sírio, que recentemente chegou à Polônia após sua terceira tentativa de cruzar a fronteira de Belarus, disse à CNN que na fronteira guardas pegaram ele e três outras pessoas de seu grupo.
Ele foi espancado e sofreu ferimentos faciais, teve o nariz quebrado e costelas machucadas.
As autoridades polonesas disseram que sete imigrantes foram encontrados mortos no lado polonês da fronteira, com relatos de mais mortes em Belarus.
Grupos humanitários também acusam os nacionalistas governantes da Polônia de violar o direito internacional de asilo ao forçar as pessoas de volta para Belarus em vez de aceitar seus pedidos de proteção. A Polônia diz que suas ações são legais.
Desde o início de novembro, houve 4.300 tentativas registradas de travessia de fronteira, de acordo com as autoridades polonesas.
O Polícia de Fronteira do país informou que registrou cerca de 1.000 tentativas de travessia nos últimos dois dias, incluindo alguns esforços em “grande escala” com grupos de mais de 100 pessoas tentando romper a cerca.
As autoridades polonesas detiveram um pequeno número de pessoas e enviaram imediatamente outras de volta para Belarus.
Um representante da guarda de fronteira polonesa disse à CNN no início desta semana que alguns dos imigrantes foram enviados em direção às barreiras pelos serviços bielorrussos.
O acesso à área é estritamente restrito. Jornalistas e trabalhadores humanitários foram impedidos de viajar para a região devido à criação de uma zona de exclusão.
Formação de grande crise política
O líder bielorrusso Alexander Lukashenko já havia sido acusado de fabricar uma crise de imigrantes na fronteira pelos primeiros-ministros das vizinhas Polônia, Letônia e Lituânia, levando a Polônia a adotar um projeto de lei em outubro para a construção de um muro ao longo de sua fronteira com Belarus.
O governo de Lukashenko negou repetidamente essas alegações, culpando o Ocidente pela travessia e pelo tratamento dispensado aos imigrantes.
A Rússia, o maior (e mais importante) parceiro político e econômico de Belarus, defendeu a maneira como Minsk está lidando com a questão e negou qualquer envolvimento na crise.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na quinta-feira (11) que Moscou “não tem nada a ver com o que está acontecendo na fronteira de Belarus com a Polônia”.
Antes, na segunda-feira (8), Peskov disse que Belarus estava tomando todas as medidas necessárias para agir legalmente.
A Rússia destacou seu apoio ao regime de Lukashenko ao realizar exercícios militares conjuntos no espaço aéreo da Bielorrússia na quarta-feira (10).
Os dois bombardeiros supersônicos de longo alcance russos Tupolev Tu-22M3 praticaram “problemas de interação com pontos de controle terrestres” com as forças armadas de ambos os países, disse o Ministério da Defesa russo na quarta.
Enquanto isso, a Ucrânia disse que realizará exercícios militares em uma área perto de suas fronteiras com a Polônia e Belarus para conter uma potencial crise de imigração. Cerca de 8.500 militares e policiais que devem participar dos exercícios, juntamente com aeronaves militares, incluindo 15 helicópteros.
Belarus enfrenta novas sanções
Os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram novas sanções contra Belarus nesta semana.
Na quarta-feira, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse que os EUA estão preparando “sanções de acompanhamento” destinadas a responsabilizar os líderes bielorrussos por “ataques em andamento à democracia, direitos humanos e normas internacionais”.
O porta-voz não especificou quando as novas sanções entrarão em vigor. “Estamos profundamente preocupados com as ações desumanas do regime de Lukashenko e condenamos veementemente sua cruel exploração e coerção de pessoas vulneráveis”, disse o representante.
Esta é a segunda rodada de sanções anunciadas pelos EUA nos últimos meses. Em agosto, a Casa Branca anunciou uma ordem executiva abrangente visando aqueles no regime bielorrusso envolvidos na repressão dos direitos humanos e da democracia.
O decreto foi publicado no aniversário de um ano da eleição de Belarus, que gerou protestos generalizados em todo o país e que os EUA – e grande parte da comunidade internacional – declararam fraudulenta.
Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse ao parlamento alemão que a UE decidiu “expandir e endurecer suas sanções contra o regime de Lukashenko” em uma reunião de ministros das Relações Exteriores em Bruxelas.
“Essas pessoas e empresas ativamente envolvidas no tráfico de seres humanos receberão mais sanções, não importa onde no mundo”, disse Maas sobre as sanções propostas, acrescentando que havia “outras opções em jogo”, incluindo a expansão das sanções econômicas atuais.
(Texto traduzido; leia o original em inglês)