O que se sabe do encontro entre o secretário-geral da ONU e Putin na próxima semana
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia também vai estar presente na reunião em que Antonio Guterres pretende discutir forma de chegar "urgentemente" à paz
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, revelou nesta sexta-feira (22) que o presidente russo, Vladimir Putin, irá receber em Moscou, na próxima terça-feira (26), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres. As informações são da agência russa TASS.
A agência russa noticia que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, também estará presente na reunião.
“Na terça-feira, dia 26 de abril, o secretário-geral da ONU, António Guterres, vai chegar a Moscou para falar com o ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov. Também vai ser recebido pelo presidente Vladimir Putin”, adiantou Dmitry Peskov.
A Rússia respondeu afirmativamente ao pedido feito por Guterres, que enviou uma carta a Vladimir Putin no dia 19 de abril. Esta será a primeira vez que o secretário-geral da ONU vai falar com Vladimir Putin desde 24 de fevereiro, dia em que se iniciou a guerra na Ucrânia.
A porta-voz das Nações Unidas, Eri Kaneko, afirmou que Guterres vai a Moscou com uma agenda de paz, pretendendo saber o que poderá ser feito para terminar a guerra.
“A mensagem do secretário-geral vai ser no intuito de discutir que passos podem ser dados para silenciar as armas e ajudar as pessoas que querem sair de forma segura”, acrescentou.
Citada pela agência Reuters, Eri Kaneko adianta também que a ONU está em conversações com o governo ucraniano para uma potencial visita de António Guterres a Kiev.
“O secretário-geral disse que, neste momento de grande perigo e consequências, gostaria de discutir medidas urgentes para trazer a paz à Ucrânia e o futuro do multilateralismo com base na Carta das Nações Unidas e no direito internacional”, disse na quarta-feira o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, observando que tanto a Ucrânia quanto a Rússia são membros fundadores das Nações Unidas e “sempre foram fortes apoiadores desta Organização”.
Mais tarde, o gabinete do secretário-geral da ONU informou que a visita a Kiev vai se realizar no dia 28 de abril.
Encontro com Zelensky também está marcado
O secretário-geral da ONU, António Guterres, viajará para a Ucrânia na próxima semana, onde deverá se encontrar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na quinta-feira, de acordo com um porta-voz da organização.
Guterres também se reunirá com o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, bem como com funcionários da agência da ONU para discutir a ampliação da assistência humanitária à Ucrânia.
Críticas a Guterres
A viagem de Guterres à Rússia acontece em um momento em que o secretário-geral da ONU está sendo duramente criticado pelo que os críticos consideram como uma passividade em tomar medidas concretas para travar a guerra na Ucrânia.
Nesta semana, mais de 200 antigos dirigentes da ONU dirigiram uma carta a Antonio Guterres, com um apelo para que seja mais proativo em relação a este conflito.
Os signatários alertaram que, a menos que Guterres atue de forma mais pessoal para assumir a liderança na tentativa de mediar a paz na Ucrânia, as Nações Unidas arriscam não apenas a irrelevância, mas a sua existência continuada.
Os ex-funcionários, incluindo muitos ex-subsecretários da ONU, pediram que o atual secretário-geral se prepare para assumir riscos pessoais para garantir a paz, dizendo que as Nações Unidas enfrentam uma ameaça existencial devido à invasão da Ucrânia por um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.
Contudo, essa visão foi contestada por Stéphane Dujarric, que afirmou na quarta-feira que o secretário-geral tem feito apelos pelo “silenciar das armas, tem estado diretamente envolvido nas tentativas de obter pausas humanitárias (…), e fez um apelo emocional direto ao presidente da Rússia”, salientando que estas ações fazem parte do envolvimento de Guterres desde que o conflito começou.
Ainda nesta semana, o secretário-geral da ONU propôs à Rússia e à Ucrânia que declarassem uma “trégua de Páscoa” de quatro dias (referindo-se à Páscoa ortodoxa).
A Ucrânia apoiou a iniciativa de declarar uma “pausa humanitária” e assim ajudar a retirar civis das áreas mais afetadas pelos combates.
Só que as milícias pró-Rússia na região de Donbass duvidam da eficácia da medida e acusaram Kiev de quebrar tréguas anteriores, durante os oito anos de conflito na região.