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    O que é o Banco Central da Argentina e por que Milei quer fechá-lo?

    Presidente argentino afirma que medida é necessária para implementar a dolarização da economia

    Da CNN

    Javier Milei, presidente eleito da Argentina, repetiu inúmeras vezes que a iniciativa de fechar o Banco Central “não é negociável”.

    O economista afirma que o fechamento da organização é a contrapartida de outra de suas promessas: a dolarização da economia argentina. Isso implicaria que o país abandone o peso argentino e use o dólar americano como moeda.

    O que é o Banco Central da Argentina?

    O Banco Central da República Argentina é, de acordo com sua Carta Orgânica, uma entidade autônoma do Estado nacional “cuja finalidade (é) promover, na medida de suas atribuições e no âmbito das políticas estabelecidas pelo governo nacional, a estabilidade monetária, a estabilidade financeira, o emprego e o desenvolvimento econômico com equidade social”.

    A mesma Carta Orgânica indica algumas das suas competências, como regular o funcionamento do sistema financeiro e aplicar a Lei das Entidades Financeiras; regular a quantidade de dinheiro e as taxas de juro; regular e orientar o crédito; executar a política cambial, entre outros.

    No entanto, é no capítulo V das operações do banco que aparece o ponto mais problemático para Milei. Trata-se da possibilidade de “emitir notas e moedas de acordo com a delegação de competências feita pelo Honorável Congresso da Nação”.

    A ideia de Milei é eliminar a questão monetária, considerando que ela é a única causa do aumento dos preços, um dos problemas mais prementes da economia argentina.

    “A inflação é sempre e em toda parte um fenômeno monetário”, insistiu.

    Fechamento do Banco Central e dolarização

    Milei afirma que o fechamento do Banco Central é a única forma de acabar com a inflação e gerar um choque que resulte em uma reavaliação da produção e dos salários em dólares.

    Em algumas entrevistas, ele mencionou que seu plano inclui um valor de conversão próximo ao chamado dólar “azul” (cerca de US$ 1.000), algo que muitos economistas desconfiam, porque entendem que com a quantidade de dólares na Argentina é impossível dolarizar pelo valor do dólar informal.

    Especialistas consultados pela CNN alertaram para a possibilidade de o Banco Central perder a capacidade de influenciar a política monetária ao não ter capacidade de emitir moeda e desaparecer como credor de última instância.

    Outro dos efeitos imediatos que a implementação de uma economia dolarizada teria seria a incapacidade do Banco Central de neutralizar as corridas aos bancos.

    Os analistas concordam que, ao não poder emitir dólares, se os que já possui não bastassem, seria necessário recorrer a novos empréstimos, gerando um processo de endividamento difícil de parar.

    Em suma, essa reforma que envolve a dolarização e a eliminação do Banco Central corresponderia a uma terceira etapa de gestão, em um plano que contempla uma execução de 35 anos.

    Além disso, após a aliança que Milei selou com Mauricio Macri e Patricia Bullrich, ex-adversários, o projeto voltou a ser debatido dentro do novo espaço.

    O ministro da Economia de Milei, Luis Caputo, é do círculo íntimo do ex-presidente Macri, além de ter sido Ministro das Finanças e presidido o Banco Central durante o seu Governo.

    Entretanto, analistas asseguram que sua nomeação pode ser um sinal contrário ao plano de dolarização e eliminação do Banco Central.

    *com informações de Emiliano Giménez, da CNN

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