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    O que é “El Tren de Aragua”, gangue na Venezuela alvo de megaoperação do governo Maduro com 11 mil agentes

    ONG aponta que grupo está envolvido em crimes como extração ilegal de minerais, tráfico de drogas, armas e pessoas, roubos e sequestros

    Da CNN

    A gangue “El Tren de Aragua” (O Trem de Aragua, em tradução livre) chamou atenção após uma operação policial realizada na quarta-feira (20) pelo governo da Venezuela.

    As autoridades do país garantiram que concluíram com “pleno sucesso” a operação do Centro Penitenciário de Aragua, no centro-norte da Venezuela, onde estava sediada a organização criminosa.

    Para cumprir a tarefa, enviaram 11 mil agentes civis e militares e explicaram que a prisão passará por um processo de reestruturação.

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    O que é El Tren de Aragua?

    El Tren de Aragua é classificado como a maior e mais poderosa gangue criminosa da Venezuela, segundo relatórios da organização Insight Crime e do governo dos Estados Unidos.

    A Insight Crime acrescenta que a origem desta megagangue, que, pelo menos até a operação, estava sediada na prisão de Tocorón, remonta a 2005, com o sindicato de trabalhadores que estavam envolvidos na construção de uma obra ferroviária que uniria o Estados Aragua e Carabobo. Daí o seu nome, ‘Trem de Aragua’.

    Segundo o relatório da ONG, o sindicato começou cobrando por empregos e extorquindo empreiteiros em troca de segurança. Gradualmente, ele expandiu suas atividades criminosas.

    Em 2013, com a prisão de Héctor Rustherford Guerrero Flores, vulgo “Niño Guerrero”, o Tren de Aragua começou a aliar-se a outras gangues para expandir seus domínios.

    Eles passaram a controlar o bairro de San Vicente, localizado em Maracay, capital do estado de Aragua, segundo o Insight Crime e relatórios do Observatório Venezuelano de Violência.

    Em seu projeto de expansão, El Tren de Aragua enfrenta conflitos desde 2017 com gangues como El Tren del Llano, no estado de Sucre, no leste da Venezuela, por causa do tráfico de drogas para o Caribe, segundo a Insight Crime, e até com a guerrilha Exército Colombiano de Libertação Nacional (ELN) no norte da região de Santander, por crimes como tráfico de pessoas.

    De fato, o Governo dos EUA indica que, segundo um relatório de investigação publicado este ano, El Tren de Aragua e o ELN operam redes de tráfico sexual nas fronteiras da cidade de Villa del Rosario, no norte de Santander.

    A Transparencia Venezuela, braço venezuelano da organização não governamental Transparência Internacional, informa que, desde 2021, El Tren de Aragua está em conflito com o ELN pelo controle da fronteira com a Colômbia.

    Onde o grupo criminoso atua?

    A Insight Crime destaca que El Tren de Aragua está presente na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Chile.

    Enquanto isso, a Transparencia Venezuela afirma que também está presente no Brasil e na Costa Rica.

    A ONG acrescenta que a organização criminosa está localizado nos seguintes estados da Venezuela:

    • Aragua
    • Laura
    • Yaracuy
    • Bolívar
    • Sucre
    • Miranda
    • Táchira
    • Guarico
    • Carabobo
    • Trujillo
    • Pressa
    • Zulia

    Quem o comanda, quantos membros tem e quais os seus principais crimes?

    A Transparência Venezuela explica que a organização se dedica à extração ilegal de minerais, ao tráfico de drogas, armas e sucata, e à cobrança da “causa” – a taxa que, aparentemente, cada detido deve pagar nas prisões — roubos, sequestros e tráfico de pessoas.

    Este último crime, apontam tanto a ONG como a Insight Crime, impulsionou a expansão de El Tren de Aragua, seguindo os passos de milhões de migrantes venezuelanos para outros países.

    Ela garante que a megagangue tem mais de 4 mil membros. Entre eles, Héctor Rustherford Guerrero Flores, vulgo “Niño Guerrero”, é o principal líder.

    A organização explica que há relatos da carreira criminosa de “Niño Guerrero” desde 2005, quando foi preso por um assassinato.

    Em setembro de 2012, quando estava detido na prisão de Tocorón, foi denunciada sua fuga. “Niño Guerrero” foi recapturado em 2013, em Barquisimeto, no centro-oeste da Venezuela.

    “Segundo informação da época, ele atuava na região há dois meses e portava identidade falsa”, comenta a ONG, acrescentando que, embora tenha sido inicialmente encaminhado ao Centro Penitenciário Los Llanos, retornou pouco depois ao presídio de Tocorón.

    Em 15 de dezembro de 2016, um tribunal de primeira instância do estado de Aragua condenou Guerrero a 17 anos e dois meses de prisão por ser responsável por doze crimes, incluindo homicídio doloso, fuga de prisão, ocultação de arma de guerra, tráfico de drogas e associação para cometer crimes.

    Guerrero nunca deu entrevistas nem se referiu às sentenças do sistema de justiça venezuelano.

    A Insight Crime aponta que “Niño Guerrero” estava na prisão de Tocorón; No entanto, ele teria deixado o centro penitenciário dias antes da operação governamental, segundo o Observatório Prisional Venezuelano.

    O Observatório das Prisões da Venezuela garante que a operação do Governo para tomar a prisão de Tocorón foi discutida e negociada antecipadamente com “Niño Guerrero” e outros colaboradores próximos, que, sempre segundo essa versão, teriam deixado o estabelecimento dias antes, sem informar a população carcerária.

    A CNN não conseguiu verificar esta informação de forma independente.

    Em uma coletiva de imprensa convocada na quinta-feira (21), o ministro do Interior, Justiça e Paz, Remigio Ceballos, não comentou essa versão.

    Quando questionado sobre El Tren de Aragua, respondeu que na operação foram capturados “membros de grupos criminosos que atuam no estado de Aragua e em outras partes do país”. Ele não mencionou a gangue pelo nome.

    *com informações de Osmary Hernández, da CNN

    *publicado por Tiago Tortella, da CNN

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