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    Número de mortes causadas por terremoto no Afeganistão sobe para 1.000

    Clima e terreno avariado dificultam o trabalho das equipes de resgate; quantidade de óbitos ainda pode aumentar

    Mohammad YawarJibran Ahmadda Reuters

    O número de mortos em um terremoto de magnitude 6,1 no Afeganistão nesta quarta-feira (22) chegou a 1.000, disseram autoridades de gerenciamento de desastres, com mais de 600 feridos. Estes números devem aumentar à medida que as informações chegam de aldeias remotas nas montanhas.

    Fotos da mídia local mostram casas reduzidas a escombros e corpos envoltos em cobertores no chão. Não se sabe o número de pessoas presas sob escombros e em áreas periféricas, e as operações de resgate são feitas em condições difíceis, incluindo fortes chuvas, deslizamentos de terra e muitas aldeias aninhadas em áreas inacessíveis nas encostas, afirmaram profissionais de saúde e de ajuda humanitária.

    “Muitas pessoas ainda estão enterradas sob o solo. As equipes de resgate do Emirado Islâmico chegaram e, com a ajuda da população local, estão tentando retirar os mortos e feridos”, um agente de saúde de um hospital na província de Paktika disse, pedindo anonimato, pois não estava autorizado a falar com a mídia.

    Montar uma operação de resgate será um grande teste para as autoridades islâmicas do Talibã, que assumiram o controle do país em agosto passado após duas décadas de guerra e foram cortadas de grande parte da assistência internacional por causa das sanções. O ministério da defesa liderado pelo Talibã está liderando os esforços de resgate.

    Loretta Hieber Girardet, do escritório de redução de risco de desastres das Nações Unidas (ONU), informou que os esforços para fornecer socorro e salvar as pessoas presas sob os escombros enfrentariam enormes desafios devido ao terreno e ao clima.

    “As estradas são ruins mesmo nos melhores momentos, então a implementação de uma operação humanitária será imediatamente desafiada pela falta de acesso fácil à área”, pontuou ela, acrescentando que a chuva combinada com o tremor criou um risco adicional de deslizamentos de terra para os trabalhadores humanitários. O escritório humanitário da ONU está enviando equipes de saúde e fornecendo suprimentos médicos.

    Um funcionário do Ministério do Interior, Salahuddin Ayubi, disse que o número de mortos provavelmente aumentará “já que algumas das aldeias estão em áreas remotas nas montanhas e levará algum tempo para coletar detalhes”.

    Terremoto mais mortal em 20 anos

    O terremoto desta quarta-feira foi o mais mortal no Afeganistão desde 2002. Ele aconteceu a cerca de 44 quilômetros da cidade de Khost, no sudeste, perto da fronteira com o Paquistão, segundo dados do Serviço Geológico dos EUA (USGS).

    O tremor foi sentido por cerca de 119 milhões de pessoas no Paquistão, Afeganistão e Índia, de acordo com o Centro Sismológico Europeu-Mediterrâneo (EMSC), mas não houve relatos imediatos de danos ou vítimas no Paquistão.

    O EMSC colocou a magnitude do terremoto em 6,1, embora o USGC tenha dito que foi de 5,9.

    Especialistas em desastres e trabalhadores humanitários disseram que as áreas montanhosas empobrecidas atingidas pelo terremoto são especialmente vulneráveis, com deslizamentos de terra e casas mal construídas aumentando a destruição generalizada.

    “Estávamos todos dormindo em casa… e o quarto caiu sobre nós”, relatou Gul Faraz enquanto recebia tratamento com sua esposa e filhos em um hospital em Paktika. Alguns membros da família foram mortos, adicionou.

    “Todas as casas em nossa área foram destruídas, não uma, mas toda a região foi destruída”, destacou.

    A maioria das mortes confirmadas ocorreu na província oriental de Paktika, onde 255 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas, disse Ayubi. Na província de Khost, 25 morreram e 90 foram levados ao hospital.

    Além do desafio para as autoridades afegãs, há inundações recentes em muitas regiões, que bloquearam trechos de rodovias.

    O Afeganistão também está enfrentando uma grave crise econômica. Em resposta à tomada do Talibã no ano passado, muitos países impuseram sanções ao setor bancário do Afeganistão e cortaram bilhões de dólares em ajuda ao desenvolvimento.

    A ajuda humanitária continuou, no entanto, de agências internacionais como as Nações Unidas. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores observou que o Talibã gostaria de receber ajuda internacional.

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, orientou a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional e outros parceiros do governo federal a avaliar as opções de resposta, comunicou a Casa Branca.

    Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse que a ONU está totalmente mobilizada, avaliando as necessidades e fornecendo apoio inicial.

    “Contamos com a comunidade internacional para ajudar a apoiar as centenas de famílias atingidas por este último desastre. Agora é a hora da solidariedade”, avaliou.

    Grandes partes do sul da Ásia são sismicamente ativas devido à tectônica — conhecida como placa indiana –, que empurra para o norte a placa eurasiana.

    Em 2015, um terremoto atingiu o remoto nordeste afegão, matando várias centenas de pessoas no país e nas proximidades do norte do Paquistão.

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