Nova York e Londres encontram vírus da poliomielite em esgotos e intensificam vacinação
Doença pode levar à paralisia e até à morte
O Departamento de Saúde do Estado de Nova York e a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA) informaram nesta semana que amostras do vírus que causa poliomielite foram identificadas em esgotos, sugerindo provável circulação do patógeno — e que, para conter um surto da doença, vão intensificar a vacinação na população.
A doença pode levar à paralisia permanente dos braços e pernas e até a morte em alguns casos.
Em NY, o primeiro caso foi detectado no condado de Rockland, em 22 de julho. A região tem uma taxa de vacinação contra a poliomielite significativamente baixa.
Em Londres, 116 vírus isolados foram identificados em 19 amostras coletadas em esgotos da cidade entre fevereiro e julho, segundo a UKHSA.
Poliomielite em Nova York
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, deve haver vários de outros casos circulando na comunidade.
O pesquisador José Romero, diretor do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias do CDC, afirmou que a maioria das pessoas com poliomielite não apresenta sintomas e, portanto, pode espalhar o vírus sem saber.
“Há vários indivíduos na comunidade que foram infectados com poliovírus. Eles estão espalhando o vírus“, disse.
De acordo com o departamento de saúde de Nova York, “a cobertura vacinal para imunizantes recomendados caiu entre as crianças na cidade desde 2019. Cerca de 86,2% das crianças de Nova York com idades entre 6 meses e 5 anos receberam 3 doses da vacina contra a poliomielite — quase 14% permanecem não totalmente protegidas”, disseram.
Agora, as autoridades de saúde da cidade aumentaram a comunicação com os profissionais, enfatizando a administração da vacina contra a doença entre seus pacientes. As recomendações são:
- Todas as crianças devem receber quatro doses da vacina contra a poliomielite, com a primeira dose administrada de seis semanas a dois meses de idade, seguida de uma dose administrada aos quatro meses de idade, seis a 18 meses e entre quatro a seis anos;
- As pessoas que não foram vacinadas ou não têm certeza se foram imunizadas devem receber um total de três doses, se começaram a ser vacinadas após quatro anos;
- Adultos que tomaram apenas 1 ou 2 doses da vacina contra a poliomielite no passado devem receber 1 ou 2 doses adicionais — não importa quanto tempo tenha passado desde as doses anteriores;
- Adultos que estão em maior risco de exposição ao poliovírus e que já completaram uma série de rotina de vacina contra a poliomielite (IPV ou OPV) devem consultar um profissional de saúde e receber uma dose de reforço vitalícia.
Poliomielite em Londres
O último caso registrado de poliomielite no Reino Unido aconteceu em 1984. Contudo, amotras do vírus foram encontratas no esgoto de oito barros da capital.
Para evitar que haja transmissão e Londres, e a população tenha nível proteção contra a paralisia, a agência de saúde recomenda vacinação para todas as crianças entre um e nove anos.
“É importante que todas as crianças de 1 a 9 anos — mesmo que estejam em dia com suas vacinas — recebram a dose de reforço quando oferecida para fortalecer ainda mais sua proteção contra o poliovírus”, escreveram.
Segundo Vanessa Saliba, Consultora Epidemiologista da agência de Saúde do Reino Unido, até o momento, “nenhum caso de poliomielite foi relatado e para a maioria da população, que está totalmente vacinada, o risco é baixo”.
No entanto, Vanessa destaca que “as áreas de Londres onde o poliovírus está sendo transmitido têm algumas das taxas de vacinação mais baixas. É por isso que o patógeno está se espalhando nessas comunidades e coloca os moradores não-vacinados em maior risco”.
Sobre a poliomielite
A poliomielite (paralisia infantil) é uma doença contagiosa aguda causada por vírus que pode infectar crianças e adultos. A doença não tem cura e a vacinação é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas.
Cerca de um em cada quatro pessoas infectadas apresenta sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo dor de garganta, febre, cansaço, náusea, dor de cabeça e dor de estômago.
Até uma em 200 desenvolverá sintomas mais graves que incluem formigamento e dormência nas pernas, infecção do cérebro ou da medula espinhal e paralisia.