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    Nos EUA, professora cuida de bebê enquanto mãe se recuperava da Covid-19

    Núria Saldanha Correspondente em Washington

    O pequeno Neysel chegou de surpresa na casa de Luciana em Stanford, no estado de Connecticut, a 70 quilômetros da cidade de Nova York. Mas logo ganhou um espaço especial no armário e no coração da família. Nasceu prematuro, um mês antes do previsto e, desde então, só teve contato virtual com a mãe biológica.

    Infectada pelo novo coronavírus, Zully, uma imigrante da Guatemala que busca asilo nos Estados Unidos, esteve entre a vida e a morte, precisou ser entubada e ainda se recupera das sequelas da Covid-19. 

    Antes de Neysel, as duas tinham se encontrado poucas vezes em reuniões escolares. A brasileira é professora bilíngue do filho mais velho de Zully, que tem sete anos. Hospitalizada às pressas por complicações da Covid-19, Zully foi avisada pelos médicos que precisaria fazer uma cesárea de emergência. E resolveu pedir socorro para Luciana.

    A ideia inicial era que Luciana ajudasse o marido de Zully a se comunicar com os médicos, porque ele não fala inglês. Mas Marvin também foi exposto ao coronavírus, por isso, não era seguro para o bebê ficar com o pai e o irmão. Foi aí que brasileira se ofereceu para ficar com ele por alguns dias.

    Luciana conta que foi buscar o bebê no hospital com muito medo. Ela tem asma, por isso integra o grupo de risco da Covid-19. O mesmo vale para os sogros dela, que são idosos e, por causa da pandemia ainda não conseguiram voltar ao Brasil. Ainda assim, o espírito de solidariedade falou mais alto.

    “Eu fiquei honrada por ela ter essa grande confiança em mim, de ver em mim um apoio que ela poderia contar”, disse a brasileira.

    Para ajudar a família de Neysel que tem poucos recursos e não tem plano de saúde, Luciana contou com a ajuda de muitas pessoas que entregaram produtos ou fizeram doações virtuais. Gestos que ajudaram a salvar a vida do pequeno Neysel.

    “Acho que se tem alguma coisa que a gente tem que aprender dessa pandemia, dessa tragédia que está acontecendo no mundo, é que a gente tem que parar de ser tão egoísta. A gente tem que parar de olhar só para o umbigo, a gente tem que ser mais humano, a gente tem que ajudar o outro. Então mesmo que você possa doar um pouquinho de carinho, um pouquinho de comida, um pouquinho, um pouquinho de dinheiro, não interessa. Faça o bem sem olhar a quem.”

    O encontro

    Nessa sexta-feira, 15 de maio, poucos dias depois da entrevista com Luciana, Neysel pôde experimentar o colo da mãe biológica pela primeira vez. Um encontro marcado por muita emoção. Lully ainda tem um longo caminho de recuperação pela frente, mas já tem forças suficientes para cuidar do bebê.