‘Nobel da Paz para programa da ONU é simbólico e importante’, diz especialista
Professor explica a relevância do prêmio
O prêmio Nobel da Paz 2020 foi concedido nesta sexta-feira (9) vai para o Programa Mundial de Alimentação (WFP, em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU), “pelos esforços no combate à fome, pela contribuição na melhoria das condições para a paz em áreas afetadas por conflitos e por agir como uma força motriz nos esforços para prevenir o uso da fome como arma de guerra e conflito”.
À CNN Felipe Loureiro, coordenador do curso de Relações Internacionais da USP, afirmou que o destaque para o programa da ONU é “simbólico e muito importante”. O especialista também avaliou o cenário mundial diante outro agravante: a pandemia de Covid-19 e e a fome.
“Este prêmio é muito simbólico e importante porque o programa de alimentos da ONU foi criado em 1961 e que hoje, apesar de todos os esforços, ele basicamente recebe ajuda de voluntários. Atua em quase 90 países do mundo e o principal foco de atuação são em áreas de conflito, essa relação entre fome e guerra”, afirmou.
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A fome nunca esteve tão presente como agora. Os números da desnutrição acompanharam o crescimento populacional, ao longo das décadas. E a falta de comida para os mais pobres piorou à medida que o novo coronavírus alcançou praticamente todos os países.
Um relatório divulgado pelo programa mundial de alimentos da ONU indica que o número de famintos, no mundo, praticamente dobrou por causa da pandemia de Covid-19. Se nada for feito, 265 milhões de pessoas não terão o que comer até o final do ano.
“Hoje basicamente, a situação do programa da ONU é muito crítica, principalmente em dois países: no Iêmen, que vive uma situação dramática por causa de uma guerra civil, Síria e países africanos como Congo, Nigéria e Sudão do Sul.Este é importante para que esta organização receba mais recursos e possa ajudar mais populações em área de conflito. “, explica Loureiro.
Questionado sobre a gravidade da fome diante da pandemia, o especialista enfatizou a forte relação entre os dois extremos. 135 milhões de pessoas do mundo estão em situação de insegurança alimentar. Os dados provisórios para 2020 são muito mais críticos, fala-se em torno de 260 milhões de pessoas que estariam em situação de insegurança alimentar”, disse.
E finaliza: “A pandemia acabou levando muitas pessoas ao desemprego, dificultando o acesso a alimentação. Portanto, ela acabou agravando ainda mais a situação de inseguranla alimentar no mundo”.
(Edição de texto: Luiz Raatz)