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    Netanyahu se compara a Roosevelt e nega ter usado fome como estratégia de guerra

    Em entrevista à CNN, premiê acusa TPI de falsa simetria em pedidos de prisão contra líderes de Israel e do Hamas

    Jake Tapper, âncora da CNN, entrevista premiê israelense Benjamin Netanyahu
    Jake Tapper, âncora da CNN, entrevista premiê israelense Benjamin Netanyahu CNN via CNN Newsource

    Tara Johnda CNN*

    O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, negou as acusações de que estava matando palestinos de fome em Gaza como método de guerra em uma entrevista com Jake Tapper, âncora da CNN nessa terça-feira (22), dizendo que o pedido de mandado de prisão contra ele, atualmente sob análise no Tribunal Penal Internacional (TPI), é baseado em “ um monte de mentiras”.

    O procurador do TPI, Karim Khan, anunciou na segunda-feira (20) que havia solicitado mandados de prisão para três líderes do Hamas e dois políticos israelenses – Netanyahu e o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant – sob alegações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante os ataques de 7 de outubro em Israel e a subsequente guerra em Gaza.

    Khan disse que as acusações contra Netanyahu e Gallant incluem “causar extermínio, causar fome como método de guerra, incluindo a negação de suprimentos de ajuda humanitária, visando deliberadamente civis em conflito”.

    Falando a Tapper, Netanyahu chamou Khan de “procurador desonesto que apresentou falsas acusações e criou uma falsa simetria que é ao mesmo tempo perigosa e mentirosa” e insistiu que Israel tem permitido a entrada de alimentos e ajuda médica em Gaza, onde grupos de ajuda dizem que os palestinos bloqueados no enclave estão atualmente sob risco de fome. Israel permitiu a entrada de 20.000 caminhões de ajuda em Gaza, disse Netanyahu – uma fracção do que teria entrado no mesmo período em tempos normais.

    O cerco contínuo de Israel a Gaza, na sequência dos ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, atingiu o seu sétimo mês e deixou mais de 34.000 mortos. Sérios questionamentos sobre a estratégia de longo prazo dos militares israelenses são levantadas tanto dentro como fora de Israel, depois de os militares isaraelenses terem enviado tropas de volta para áreas do norte de Gaza, uma área que tinha anteriormente declarado livre do Hamas.

    Na semana passada, o chefe da defesa de Israel, Gallant, apelou a Netanyahu para descartar publicamente a possibilidade de governar a Faixa de Gaza e para expor os seus planos pós-guerra para o domínio civil na região, alertando que se opõe ao domínio israelense no enclave palestiniano.

    Quando Tapper perguntou a Netanyahu se descartaria a ocupação israelense de Gaza, o político disse que o “reassentamento” do território palestino estava fora de questão.

    “Isso nunca esteve nos planos, e eu disse isso abertamente [e] alguns dos meus eleitores não estão satisfeitos com isso, mas essa é a minha posição”.

    Na entrevista, o primeiro-ministro também reafirmou o seu compromisso em erradicar o Hamas, que governa Gaza, antes de considerar a desmilitarização da Faixa.

    Com mais de 100 reféns ainda detidos em Gaza, tem crescido a pressão para um acordo que permita a libertação dos reféns em troca de um cessar-fogo. Mas quando questionado sobre sondagens públicas que mostram que a maioria dos israelenses acredita que a libertação de reféns é uma prioridade mais elevada do que a ação militar, Netanyahu disse que não seria possível ter uma sem a outra.

    “A ação militar que tomamos contra o Hamas é de fato a forma de obter estes reféns porque sem pressão militar, basicamente, sem, você sabe, apertá-los, o Hamas não vai desistir de nada”, disse ele a Tapper.

    Netanyahu é profundamente impopular em Israel, onde também enfrenta um julgamento por corrupção em curso. Os críticos acusaram o primeiro-ministro de estar em dívida com membros da sua coligação de extrema-direita e de prolongar a guerra para se manter no poder.

    Em declarações a Tapper, Netanyahu rejeitou as acusações de que evita falar com a mídia israelense em favor da imprensa internacional, dizendo que deu até 20 coletivas com a imprensa israelense. “Isso simplesmente não é verdade”, disse ele. “Eu falo com eles e falo com vocês e agradeço a oportunidade de dizer a verdade e dissipar as mentiras em ambos os meios”.

    ‘Sem equivalência’

    O pedido do TPI de mandados de prisão por conta da guerra em Gaza marcou a primeira vez que o Tribunal Penal Internacional visou o principal líder de um aliado próximo dos Estados Unidos.
    Israel e os EUA não são membros do TPI, mas o tribunal afirmou que tem jurisdição sobre Gaza, Jerusalém Oriental e Cisjordânia, depois de os líderes palestinos terem concordado formalmente vincular-se aos princípios fundadores do tribunal, em 2015.

    Um painel de juízes do TPI irá agora considerar o pedido de Khan para os mandados de prisão. Um mandado do TPI obrigaria mais de 100 países membros do tribunal a prender Netanyahu se ele viajasse para seus territórios.

    A França esteve entre os países que apoiaram a decisão do TPI juntamente com grupos internacionais de direitos humanos. A organização de direitos humanos Anistia Internacional saudou o pedido do mandado de detenção como um “passo crucial em direção à justiça”.

    Mas os aliados de Israel condenaram veementemente a medida de Khan, com o presidente dos EUA, Joe Biden, chamando-a de “ultrajante”. “Não há equivalência – nenhuma – entre Israel e o Hamas”, disse Biden. Vários legisladores dos EUA ameaçaram impor sanções contra o TPI, e o secretário de estado, Antony Blinken, disse estar aberto a ações legislativas contra o tribunal.

    A administração Biden disse no início deste mês que é “razoável avaliar” que as armas dos EUA foram utilizadas pelas forças israelenses em Gaza de formas que são “inconsistentes” com o direito humanitário internacional – mas não chegou a dizer oficialmente que Israel violou a lei.

    Falando a Tapper, Netanyahu comparou-se ao Presidente Franklin Roosevelt, comparando os mandados de prisão a colocar o líder nazista Adolf Hitler ao lado do presidente americano quando Roosevelt supervisionou a mobilização dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial.

    Khan disse anteriormente a Christiane Amanpour, da CNN, que havia recebido pressão internacional por causa de sua investigação sobre Israel. Segundo Khan, um líder global disse a ele que “este tribunal foi construído para África e para bandidos como [o presidente russo Vladimir] Putin”.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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