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    Netanyahu interrompeu possível acordo de reféns em julho, relata jornal israelense

    Exigências como a manutenção de tropas no Corredor da Filadélfia estariam travando entendimento

    Mick KreverBecky AndersonJeremy DiamondDana Karnida CNN

    Em julho, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, efetivamente interrompeu um rascunho de acordo para libertação de reféns e cessar-fogo ao introduzir uma série de novas demandas de última hora, de acordo com uma reportagem do jornal israelense Yedioth Ahronoth, citando um documento que o veículo teve acesso.

    A reportagem reforça as acusações feitas contra o primeiro-ministro, principalmente por famílias de reféns, de que ele estaria prolongado propositalmente a guerra e barrando acordos para seu benefício político.

    Membros de extrema direita da coalizão de Netanyahu prometeram derrubar o governo caso ele encerrasse a guerra.

    Vários meios de comunicação, incluindo a CNN, noticiaram as demandas feitas por Netanyahu no final de julho, mas esta é a primeira vez que o documento israelense foi obtido na íntegra.

    De acordo com o jornal, pelo menos três dos seis reféns encontrados mortos na Faixa de Gaza pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) no fim de semana deveriam ser soltos como parte do rascunho de acordo de maio. Eram eles: Carmel Gat, Aden Yerushalmi e Hersh Goldberg-Polin.

    O gabinete do primeiro-ministro israelense confirmou à CNN em agosto a existência do documento, mas negou que ele tenha acrescentado “novas condições à proposta de 27 de maio”.

    A declaração veio em resposta a uma reportagem de Ronen Bergman, o mesmo jornalista israelense que escreveu a reportagem do Yedioth Ahronoth, mas, desta vez, no The New York Times.

    Uma autoridade israelense afirmou nesta quarta-feira (4) que a nova reportagem era “desinformada, enganosa e dificultava a chance de obter a libertação dos reféns”.

    Mas, separadamente, uma fonte israelense familiarizada com as negociações pontuou que as exigências de Netanyahu foram a razão das mortes dos reféns no fim de semana.

    “Dois meses atrás, quando ele [Netanyahu] colocou os obstáculos, ele disse não ao acordo. Os reféns morreram porque ele insistiu”, alegou a fonte à CNN.

    Tanque israelense na fronteira com Gaza • 14/8/2024 REUTERS/Amir Cohen

    O Fórum das Famílias de reféns disse neste fim de semana que “a descoberta dos corpos é um resultado direto da frustração dos acordos por Netanyahu”,

    Em 25 de julho, um alto funcionário do governo dos Estados Unidos afirmou à CNN que os negociadores estavam “mais próximos do que nunca” de um acordo e que “cabia aos israelenses aceitá-lo.”

    “Esboço de Netanyahu”

    O Yedioth Ahronoth relatou que, em vez de aceitar a proposta, os negociadores israelenses apresentaram novas exigências, fazendo alterações nas propostas que eles haviam feito originalmente.

    As novas exigências foram apelidadas de “Esboço de Netanyahu”, informou o jornal.

    O Hamas pontuou na época que o premiê de Israel havia “retornado à estratégia de procrastinação, evasão e evitado chegar a um acordo ao estabelecer novas condições e demandas”.

    Bergman escreveu na notícia de terça-feira que, entre as novas demandas, as forças israelenses continuariam ocupando a área da fronteira entre Egito e Gaza, conhecida como Corredor de Filadélfia, e manteriam um perímetro de 1,4 km em Gaza ao longo da fronteira israelense.

    O jornal publicou mapas que seriam resposta israelense do final de julho. A proposta original de 27 de maio, de acordo com o Yedioth Ahronoth, oferecia uma eventual retirada israelense total de Gaza.

    A fonte israelense familiarizada com as negociações que conversou com a CNN destacou: “No momento em que ele [Netanyahu] insistiu em ficar em Rafah, em ficar no corredor de Filadélfia, ficou muito claro que era um obstáculo.”

    Disputa sobre corredor de Filadélfia trava acordo, diz fonte

    Uma fonte diplomática familiarizada com o assunto disse à CNN nesta quarta-feira (4) que não haveria acordo de cessar-fogo até que Israel e o Hamas resolvessem a disputa em torno da manutenção de tropas israelenses ao longo do corredor de Filadélfia.

    “As coisas estão muito tensas”, ponderou a fonte.

    David Barnea, diretor da agência de inteligência israelense Mossad, se encontrou na segunda-feira com autoridades do Catar, país que está mediando um acordo, mas não há “nenhuma reunião nesta semana e nada planejado”, ainda segundo a fonte.

    A CNN entende que, durante sua visita a Doha, Barnea insinuou que, embora a retirada de tropas do corredor de Filadélfia na primeira fase de um acordo não esteja em discussão, pode ser possível na segunda fase.

    Na reportagem, o Yedioth destacou que os negociadores israelenses insistiram, em julho, como parte de suas novas demandas, em garantias específicas de que os civis palestinos autorizados a retornar para o norte de Gaza não trouxessem armas com eles.

    A equipe de Netanyahu, também pela primeira vez, apresentou uma lista de 40 reféns que queria libertar como parte de uma primeira fase de um possível acordo, informou o jornal.

    O veículo acrescentou que a medida era controversa, porque os próprios negociadores israelenses estavam determinando quem eles consideravam “doentes” e, portanto, elegíveis para libertação, em vez de deixar a classificação vaga.

    Por fim, o jornal relatou que as novas demandas israelenses pontuavam que um grupo específico de prisioneiros palestinos que seriam trocados por mulheres soldados israelenses seriam enviados “para o exterior” após sua libertação, em vez de “para o exterior ou para Gaza”, como o acordo anterior supostamente declarava.

    Em nota à CNN em agosto, o gabinete do primeiro-ministro Comentou que esta proposta “não introduziu novos termos. Ao contrário, inclui esclarecimentos essenciais para ajudar a implementar a proposta de 27 de maio”.

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